Venho falando já há alguns bons 10 anos sobre os benefícios do tratamento com Cannabis. E mais recentemente, de 3 anos para cá, fui pioneiro no discurso da cannabis dentro do esporte. Esse movimento cresceu muito rápido, e hoje somos uma das maiores (se não a maior) comunidades do mundo para esse nicho com o Atleta Cannabis. Isso é fundamental para que mais pessoas vejam os benefícios dessa planta milenar, porém acho essencial ressaltar um ponto que muitas vezes precisa de uma ênfase maior: Cannabis não faz milagre, nada faz.
Enxergo a cannabis como uma porta de entrada para uma vida mais saudável. Ao se iniciar o tratamento, os cannabinoides irão atuar junto as receptores do nosso Sistema Endocanabinoide modulando uma série de processos internos e trazendo um equilíbrio
generalizado para o corpo, é o famoso efeito Entourage, ou efeito comitiva. Esse, ao meu ver, é o primeiro passo rumo a uma mudança de estilo de vida e busca por hábitos mais saudáveis.
De nada adianta fazer o tratamento com Cannabis e manter hábitos como o tabagismo, o consumo de álcool, e dietas alimentares com ultraprocessados, bebidas artificiais, corantes. O tratamento com cannabis deve ser usado como gatilho inicial para se desconstruir uma série de condicionamentos e atitudes que fomos levados a ter e agir e que no longo prazo não são benéficas para o nosso corpo.
Ao diminuir a ansiedade, por exemplo, fica mais fácil de seguir um plano alimentar detalhado por um nutricionista. Com o tratamento com cannabis, o exercício físico vai ficar mais fácil já que a recuperação muscular é mais acelerada. O ciclo do sono será de mais qualidade também, o que melhora processos internos do nosso organismo. Eventuais inflamações decorrentes da pratica de atividade física também serão controladas mais facilmente, e até questões hormonais, de imunidade, e psicológicas devem melhorar.
Esse é o empurrão inicial que a cannabis pode dar para que uma pessoa se permita mudar de estilo de vida. E é por isso que sempre ressalto que não existe cura milagrosa, e que de forma alguma a cannabis está para competir com anti-inflamatórios e outros fármacos consagrados em seus tratamentos e com extensos estudos clínicos. E sim como ferramenta a disposição dos médicos para trazer mais alternativas para os profissionais de saúde e os desafios do corpo humano.