A Organização Mundial da Saúde (OMS) define cuidados paliativos como uma “assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais” (WHO, 2002). E a Cannabis pode ser um pilar fundamental neste tipo de assistênci, que tem como objetivo central melhorar a qualidade de vida.
O que são os cuidados paliativos?
Cuidados paliativos são uma abordagem de cuidados de saúde destinada a melhorar a qualidade de vida de pessoas que enfrentam doenças graves, crônicas ou terminais. O objetivo principal dos cuidados paliativos é aliviar o sofrimento e proporcionar conforto físico, emocional, social e espiritual, independentemente da idade, diagnóstico ou estágio da doença.
Cannabis nos cuidados paliativos
Recentemente, a Agência Israelense de Cannabis Medicinal, através de critérios detalhados, especificou uma lista de indicações da Cannabis de uso médico.
Esta lista inclui a Cannabis como uma grande parceira de pacientes em cuidados paliativos. Além disso, inclui condições como:
- Náuseas e vômitos no tratamento quimioterápico
- Dor oncológica
- Dor crônica
- Doença de Crohn
- Colite ulcerativa
- Caquexia aidética
- Esclerose múltipla
- Doença de Parkinson
- Síndrome de Tourette
- Epilepsia tanto no adulto como na infância
- Transtorno do Estresse pós-traumático,
- Autismo
Estudo identifica o potencial da Cannabis para cuidados paliativos
Em estudo feito na Nova Zelândia, pesquisadores identificaram que a Cannabis melhora a qualidade de vida e o bem-estar de pacientes em cuidados paliativos. Na revisão sistemática, foram avaliados 52 trabalhos, envolvendo quase 5 mil pacientes com patologias diversas, incluindo câncer, AIDS, espasticidade e doenças neurodegenerativas.
Como já falamos, cuidados paliativos são medidas que podemos tomar para melhorar a qualidade de vida e para controlar sintomas de pessoas com doenças incuráveis. Um bom exemplo disso são os pacientes com câncer, que utilizam Cannabis para conviver com os efeitos adversos dos tratamentos, como náuseas, vômitos e dores. E foram os pacientes com câncer os que mais relataram melhoras no estudo publicado no periódico Journal of Pain and Sympton Management, periódico interdisciplinar revisado por pares.
Cannabis na luta contra o câncer
Dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) trazem informações importantes sobre a estimativa de novos casos da doença no Brasil, entre os anos de 2023 e 2025. De acordo com o INCA, são previstos 704 mil novos casos de câncer por ano no país, sendo 70% deles nas regiões Sul e Sudeste. Nesse sentido, a Medicina canabinoide pode ser uma aliada na hora da luta para vencer o câncer.
Por isso, Dr. Alexandre Assuane destaca a importância do sistema endocanabinode:
“O sistema endocanabinoide é altamente complexo, com dezenas de receptores que fazem esta metabolização. E o grande alvo é realmente a homeostase, que é o equilíbrio do organismo. Mas a gente sabe que o sistema endocanabinoide está envolvido em diversas ações, tanto na patologia quanto na fisiologia. Para você ter um corpo saudável é preciso estar com o sistema endocanabinoide em dia. É o que as pesquisas estão nos mostrando, como atingir a homeostase”.
Canabidiol é um neuroprotetor e pode ajudar quem está realizando tratamento contra o câncer
“Podemos ter problemas relacionados aos tratamentos do câncer, como a neuropatia. É um dos efeitos colaterais de certos tratamentos, os nervos vão se degradando. Então, a Cannabis medicinal, o CBD em especial, é um neuroprotetor e vai atuar diminuindo os radicais livres e os compostos que danificam os nervos. É uma prevenção que pode acontecer, de uma forma protetora. E é por isso que usamos canabinoides para dores neuropáticas também. É um alívio que o uso compassivo dos canabinoides pode proporcionar”, explicou Dr. Assuane sobre o potencial do CBD, durante live do portal Cannabis & Saúde.
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É possível usar a Cannabis no lugar de opióides para as dores?
Outro ponto relevante e pontuado pelo Dr. Assuane durante a live “Potencial dos canabinoides no tratamento de Dores Crônicas e Câncer” é que a utilização de produtos à base de Cannabis podem ser adjuvantes na diminuição do uso de opioides, desde que aconteça sempre mediante a avaliação de cada paciente, progressivamente:
“É possível iniciar o tratamento para dor e com o tempo e a melhora, podemos diminuir as doses de opioides. Mas é um acompanhamento. Não é apenas tomar Cannabis e parar os opioides. Se trata de uma avaliação com o paciente, é algo muito próximo. Com a Cannabis é a cada semana o acompanhamento com o paciente – e semanalmente vamos reavaliando. Pode acontecer a diminuição dos opioides, e até de dipirona, por exemplo, com o uso dos canabinoides”.
Quais os benefícios do tratamento auxiliar à base de Cannabis?
A Cannabis pode trazer vários benefícios para pacientes que enfrentam doenças paliativas.
A meta-análise de estudos Prospects for the Use of Cannabinoids in Oncology and Palliative Care Practice: A Review of the Evidence avaliou o potencial paliativo da Cannabis nestes casos. Para esta revisão, foram incluídos ensaios clínicos randomizados duplo-cegos ou abertos, com uma duração de mais de 2 semanas, contando com pelo menos 10 pacientes por estudo.
Os estudos incluíram participantes de diferentes idades, diagnosticados com alguma doença médica avançada ou em estágio final (por exemplo, câncer, demência, AIDS, doença cardíaca, doença pulmonar e doença hepática).
De acordo com os resultados desta revisão, os seguintes benefícios podem ser obtidos com o uso da Cannabis em tratamentos paliativos.
1. Alívio da dor
A Cannabis pode ajudar a aliviar dores crônicas, que são frequentes em condições como câncer, AIDS e outras doenças paliativas. De acordo com uma meta-análise de oito ensaios relatados na revisão, os canabinoides trouxeram uma maior redução da dor crônica, em comparação com o placebo (37% vs. 31%), em grupos de pessoas com dores crônicas.
2. Melhora de sintomas de náuseas e vômitos
A Cannabis também tem propriedades antieméticas e pode ajudar a diminuir as náuseas e vômitos causados por tratamentos como quimioterapia. Pacientes que não estão em tratamento, mas que sofrem com estes sintomas, também podem se beneficiar da Cannabis.
3. Estímulo do apetite
A Cannabis ajuda a regular o apetite, o que pode ser benéfico para pacientes com doenças paliativas, que sofrem com falta de apetite e perda de peso associada ao tratamento ou sintomas de doenças paliativas.
Na mesma revisão de estudos citada anteriormente, a Cannabis teve um efeito significativamente maior no apetite em pacientes com AIDS, que receberam canabinoides ao invés de placebo.
Em um dos estudos avaliados, o dronabinol, um medicamento feito com canabinoides sintéticos que imitam o THC, foi capaz de aumentar o apetite dos pacientes em 38%, em comparação com um grupo placebo, que teve um aumento de apenas 8%.
4. Efeito ansiolítico e antidepressivo
Os canabinoides também podem ter um efeito psicoativo positivo em pacientes que sofrem de ansiedade, depressão e estresse, relacionados à doenças paliativas.
A revisão de estudos também relata que muitos estudos constataram atividade ansiolítica, sedativa e soporífera dos canabinoides em determinados grupos. O que pode ser valioso, já que muitos pacientes com câncer avançado tendem a ter distúrbios psicológicos, como depressão ou ansiedade.
5. Melhora na qualidade do sono
A Cannabis pode ajudar a melhorar a qualidade do sono em pacientes com doenças terminais. De acordo com a revisão, o CBD pode ser eficaz para o transtorno de comportamento do sono e sonolência diurna excessiva.
Por outro lado, o nabilona, outro medicamento feito com canabinoide sintético que imita o THC, pode reduzir pesadelos associados ao estresse e pode melhorar o sono entre pacientes com dor crônica.
Portanto, a Cannabis pode ser uma opção promissora e complementar aos cuidados paliativos, permitindo que os pacientes enfrentem a doença com mais conforto e qualidade de vida.
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