Hoje a maior parte das especialidades médicas se vê pressionada por pouco tempo de consulta e um volume grande de pacientes, assim frusta-se com a ineficácia do cuidado haja vista a falta de diálogo entre as categorias profissionais.
Um dos diferenciais da medicina canabinóide que mais me chamou atenção foi a possibilidade de manter o paciente próximo e a máxima “Start low and go slow”, abordagem que nos faz retornar a medicina aprendida na faculdade, aquela que preza por cerca de 1 hora de consulta e atenção máxima no paciente… entretanto, mesmo com essa visão nos deparamos com o limite que determina o escopo de cada área (muitas vezes estabelecido pelos Conselhos das profissões) e é aí que devemos resgatar a ferramenta de referência e contrarreferência.
Quantas contrarreferências você, colega da área da saúde recebeu essa semana?
Nenhuma?
Será que não estamos nos esquecendo do básico?
Os pacientes não tem a obrigação de entender as moléstias que os acometem, a responsabilidade de integração do cuidado é nossa, e todos temos plena noção que um serviço de excelência só pode ser realizado coma a presença de uma equipe multidisciplinar cuidando do paciente.
A primeira equipe que todo médico lembra ao pensar em uma abordagem multidisciplinar é a da enfermagem. São eles que agem como confidentes dos pacientes quando eles mais precisam, fazem a triagem da gravidade do caso e tiram as dúvidas quanto a posologia e modo de tomar a medicação, sem a enfermagem a medicina não teria metade da sua eficácia.
A fisioterapia constantemente entra em intersecção com a medicina no que diz respeito as doenças osteomusculares. Não existe recuperação de sequela de AVC sem fisioterapia, não existe desmame de respirador sem fisioterapia e é apenas uma ilusão tentar substituí-los por anti-inflamatórios e analgésicos. Fisioterapeutas fazem cadeirantes voltar a andar e dentro dessa necessidade de contrarreferência, geralmente são os que mais cumprem o papel de nos enviar por escrito seus pareceres acerca do ponto de vista da especialidade.
Muitas vezes pensamos que a dor é puramente osteomuscular e acabamos tornando a dor psicossomática um diagnóstico sindrômico de exclusão… eis um grande engano cometido e ignorado por muitos de nós!
O Brasil é campeão mundial em ansiedade e assim sendo nos convém lembrar que a psicoterapia é condição ESSENCIAL para o tratamento de qualquer transtorno desse gênero! Luto patológico, transtorno depressivo, transtorno afetivo bipolar e tantas outras doenças daquelas que não precisamos de exames complementares para diagnosticar, também não devem ser tratadas apenas com prescrição medicamentosa.
Dentre tanta coisa que foi escrita aqui, que tenho certeza que você pensou “sim, eu sei”, quantas vezes você, colega médico colocou isso em prática ultimamente? Se “quase sempre”, parabéns! Caso contrário, saiba que você não está sozinho e sempre há tempo para mudar, pelo menos enquanto houver vida.