Dra. Ana Paula Terra, membro da Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis (SBEC), explica que, embora pacientes que usem CBD recebam reforço na imunidade, o uso adulto de maconha deve ser evitado neste período, principalmente o compartilhamento de cigarros e utensílios.
Além de uma alteração na rotina das cidades ao redor do mundo, a Covid-19 também traz à tona mudanças e dúvidas em relação a hábitos pessoais, como o consumo de maconha. Fumar maconha pode deixar o usuário mais exposto ao coronavírus?
A convite do portal Cannabis & Saúde, a médica uruguaia Ana Paula Terra conecta em diferentes pontos a Covid-19, o uso do CBD como eficiente forma de prevenção e sugere evitar o consumo compartilhado de maconha neste momento em que é imprescindível manter um cuidado maior com as vias respiratórias.
O hábito de fumar maconha torna o usuário mais exposto ao coronavírus?
O que é importante nesta situação é que fumantes de maconha são pacientes de risco, pelo fator respiratório. Todos os pacientes fumantes, seja de tabaco, cigarros eletrônicos ou maconha são fatores de risco. Pois este fator leva ao fato de que estas pessoas são pacientes com enfermidades obstrutivas crônicas, ter uma bronquite ou patologias associadas às vias respiratórias.
Ou seja, o método de transmissão do novo coronavírus acontece principalmente através de espirros ou o contato, através de gotas de mucosas oral ou nasal. E também por contatos. O vírus se transmite de mão em mão. Então temos que evitar o contato próximo e as aglomerações.
Como está acontecendo esta dinâmica no Uruguai?
No Uruguai temos, por exemplo, lugares para o consumo, então há muita gente aglomerada. Agora estes lugares estão suspensos devido ao coronavírus.
Antes de mais nada, temos que evitar a aglomeração para diminuir os riscos e evitar que este vírus sofra mutações. Portanto o que se recomenda para pessoas que consomem maconha já que o coronavírus é contagioso por contato, e também pelo espirro, é não consumir maconha com outras pessoas.
Ou seja, se o consumo acontecer que seja só de uma pessoa. Nós aqui no Uruguai somos um país que temos a liberação do consumo legalizado da maconha, então temos como nos proteger e fazer o consumo individualizado. Estou falando apenas do uso recreativo. Pois esta seria uma forma de uso recreativo. Não são pacientes que estão protegidos, são pacientes que fazem de forma recreativa.
O que os fumantes de maconha podem fazer para evitar o risco do coronavírus?
Não existe uma receita mágica. Mas sim se pode dizer que é importante fumar sozinho, evitar o contato de saliva, ponteiras de cigarros, evitar passar de boca em boca os cigarros e os fluídos das pessoas. Se falamos em vaporizadores, é importante evitar o uso de pipas. E assim evitar também o contato da mucosa bucal. Importante dizer que qualquer objeto que se tenha em casa para fabricar o cigarro de maconha, também é um fator de risco, caso tenha contato com outras pessoas. O conselho é não compartilhar nada, o contágio acontece a partir de microgotas.
O que recomendo para todas as pessoas e consumidores de maconha: é lavar as mãos e superfícies onde outras pessoas tiveram contato, não levar as mãos ao rosto. Se há risco na região onde vivem e de nenhuma maneira se deve dividir o cigarro da maconha. Nem pipas, de nenhuma maneira.
E quanto aos usuários de Cannabis medicinal e a pandemia da Covid-19?
Antes de tudo, é fundamental esclarecer sobre os óleos de Cannabis: aqui no Uruguai, no Brasil e no mundo há muitas variedades de óleos.
Para uso medicinal, por exemplo, normalmente trabalhamos com o CBD. Não é que ele ataque o vírus. Não é que cure também o coronavírus. Ele não afeta diretamente o ingresso do vírus no organismo. O CBD, sim, melhora e aumenta muito a imunidade da pessoa que o utiliza.
Lembrando que o CBD é a parte que não contém efeitos psicotrópicos. O THC, que é o que contém psicotrópicos, utilizamos para determinadas patologias, como o câncer, na qual a célula precisa de um pouco de THC para realizar apoptose. Então nossos pacientes que utilizam CBD, as gotas de canabidiol, estão expostos ao coronavírus.
A questão é que a imunidade deles será muito mais alta, e o tempo de recuperação do organismo pode ser menor. Para falar um pouco sobre os tipos de óleos de Cannabis que se deve utilizar, ou qual recomendaríamos, sempre quando a fonte, o local onde o óleo do paciente é comprado seja de confiança e tenha os critérios necessários, quais médicos que prescreveram os óleos, informando as porcentagens de CBD e THC, ou apenas CBD.
No Uruguai, temos a venda em farmácias, mas existem outras fontes, que também vendem, com boa qualidade e que são recomendados. Inclusive, que apresentam melhores atividades clínicas. Ou seja, não é porque veio da Holanda, Estados Unidos ou Europa que temos um medicamento que seja melhor para a clínica. Pacientes podem se identificar com óleos que não necessariamente foram importados para o Uruguai.
Logo, para não dar nomes aos óleos de Cannabis e suas marcas. Mas falar sim do porque não expor e recomendar estes tipos de óleos de Cannabis? Então, quando o médico que prescreve coloca em suas receitas médicas o CBD, seja ao 30%, 15% ou 5% ou 2%, este paciente vai procurar o produto na farmácia ou com um assessor.
Eu participo do grupo SBEC, a da Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis, que é um informativo e um grupo sobre estudos da Cannabis medicinal. Fui a algumas reuniões sobre pacientes e mais que nada é uma orientação. Prescrevo muito Cannabis medicinal e tenho ótimos resultados. Principalmente pacientes com Parkinson, Alzheimer, artrite, artrose, síndrome do pânico e crianças com epilepsia.
É devido a resposta positiva do organismo dos pacientes que o uso do CBD está crescendo?
Sim. É justamente por isso que se vê que o uso do CBD tem aumentado muito. No Uruguai e no mundo. Devido ao fato de que os pacientes notaram um aumento na imunidade, entre outras coisas. Assim como também notaram melhorias em patologias e foi observado também uma resposta do organismo totalmente diferente.