Antes de tudo, foram 2 anos de trabalho para que pudesse acontecer, de 26 a 28 de abril, o primeiro Congresso de Psicologia e Cannabis. Por fim, 2,5 mil pessoas inscritas acompanharam o evento, presencialmente ou online, para entender como a multidisciplinaridade da Cannabis também abrange o trabalho dos psicólogos e psicólogas.
O congresso foi realizado pelo Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG) e pelo coletivo PsicoCannabis, uma rede de profissionais da área que estuda a planta a partir de vários pontos de vista. Além disso, o evento contou com o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Conselho Federal de Psicologia (CFP), do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP) e da associação Ama+me.
Atualmente, uma boa parte do conteúdo do Congresso de Psicologia e Cannabis está disponível gratuitamente e os vídeos estão mais abaixo.
Psicólogos interessados no tema
Anderson Matos, conselheiro e coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia e Tratamento com Cannabis Terapêutica do CRP-MG, foi um dos organizadores do congresso e destacou o interesse dos profissionais pelo evento.
“Antes de mais nada, o congresso foi excelente. Nós conseguimos reunir pessoas de vários estados do Brasil. Nesse sentido, entre aqueles que estavam compondo a mesa, havia 10 estados, mas havia participantes de outros estados. Por outro lado, tínhamos operadores do Direito, médicos, farmacêuticos, biólogos, neurocientistas, mães, pacientes, cuidadores e um universo enorme de profissionais. Todos eles muito interessados na pauta e desejosos de receber as atualizações que foram ali oferecidas.
O que mais me agradou foi ver o interesse da categoria. Foi ver como os psicólogos estão cientes dessa necessidade de estarem qualificados, técnica e eticamente, para poder atender aos pacientes que demandam produtos de Cannabis, um universo que a gente sabe que cresce cada vez mais.”
Fonte de informações
Além disso, a psicóloga e idealizadora da rede PsicoCannabis, Letícia Laranjeira, também colaborou para a organização do evento. Ela também ficou satisfeita com o resultado do Congresso de Psicologia e Cannabis e com a participação dos presentes.
“Foi muito gratificante ouvir as pessoas dizendo que aprenderam muito no Congresso, que receberam informações que nunca tiveram acesso antes. Mas o mais bonito pra mim foi o pai de uma companheira nossa, da PsicoCannabis, ter pedido perdão por tentar interná-la anos atrás, por conta do uso de Cannabis. Depois disso, numa foto com todos os seus remédios, ele dizia que o drogado era ele. Até pode parecer singela essa transformação, mas é nessa construção diária e menor que acreditamos. Portanto, se a gente conseguir transformar os olhares dos nossos familiares, amigos e colegas de profissão, já estamos fazendo a nossa parte nessa militância canábica.
Psicólogos não prescrevem Cannabis, mas e daí?
O evento é inédito na história da Psicologia no Brasil e ofereceu uma troca entre diversas áreas do conhecimento.
Da mesma forma, as primeiras falas esclareceram a importância dos profissionais da Psicologia conhecerem o funcionamento do sistema endocanabinoide. Essa é uma profissão que atua no cuidado, na saúde mental e no acompanhamento. Assim, o diálogo com outros profissionais que prescrevem canabinoides é fundamental para cuidar do paciente, mais do que somente atacar a doença.
Frequentemente, equipes com profissionais de diversas áreas da saúde tratam o mesmo paciente (em alguns casos com produtos com Cannabis) e contam com psicólogos no acompanhamento. Além disso, os responsáveis e familiares também precisam, em alguns casos, de um suporte para o sucesso do tratamento.
Veja as mesas do Congresso
O evento tinha uma programação com mesas de debate, oficinas, minicursos e rodas de prosa. Todas as mesas de debate estão disponíveis no canal do YouTube do CRP-MG. Quem não pôde assistir na transmissão simultânea, pode ver a gravação organizada por dia e horário. Além disso, você pode ver nos vídeos abaixo e indicamos quais mesas estão em cada sequência e quem participou delas.
Dia 26
Primeiramente, a abertura do evento foi uma aula magna com o título Necropolítica da proibição da maconha no Brasil. Depois, houve uma mesa sobre Psicologia, Cannabis e Direitos Humanos. Nessa mesa representantes da UFMG, CFP e CRP-MG e SP relataram que denunciaram o Congresso, com a justificativa de “apologia às drogas”, sem sucesso. Emm resumo, o evento aconteceu sem interferências.
Abertura – Necropolítica da proibição da maconha no Brasil por Ingrid Farias, pesquisadora
Mesa 1 – “Psicologia, Cannabis e Direitos Humanos”:
- Anderson Matos – conselheiro do CRP-MG;
- Annie Louise – psicóloga;
- Letícia Laranjeira – psicóloga e idealizadora do PsicoCannabis;
- Sheila Geriz – coordenadora da Liga Canábica – PB.
Dia 27
Em seguida, o segundo dia levantou um tema que impacta diretamente os tratamentos com Cannabis: a proibição. Primeiramente, como o proibicionismo afeta a saúde mental das pessoas, quer elas usem ou não a planta, e como esse impacto é inúmeras vezes pior para pessoas pretas.
Depois, como a proibição causa entraves na ciência. Por último, os advogados da Rede Reforma explicaram as estratégias para se ter acesso ao tratamento com Cannabis no Brasil.
Parte 1
Intervenção – Pai Alex e as curas ancestrais no Rito da Jurema
Mesa 2 – “Proibicionismo e saúde mental: entraves ao cuidado com Cannabis”:
- Alexandre Esposito – psicólogo;
- Keithy Lima – psicóloga;
- Larissa Borges – psicóloga;
- Luisa Saad – historiadora.
Parte 2
Mesa 3 – “Maconha, ciência e saúde: avanços e desafios”
- Anderson Matos – psicólogo;
- Claudete Oliveira – farmacêutica na Apepi;
- Janaína Rubio – pesquisadora;
- Hygor Cabral – professor e médico.
Mesa 4 – “Estratégias de acesso ao tratamento canabinóide no Brasil”:
- Cecília Galício – advogada;
- Emilio Figueiredo – advogado;
- Marcela Sanches – advogada;
- Marília Olivreira – psicanalista.
Dia 28
Ainda no Congresso de Psicologia e Cannabis, no terceiro dia, tivemos mesas tratando do uso medicinal da Cannabis, do ponto de vista de diversas especialidades. Além disso, as mulheres da indústria canábica e as associações de pacientes também tiveram um espaço para debater suas questões.
Parte 1
Mesa 5 – “Transdisciplinaridade e Cannabis: na contramão da patologização medicalizada”:
- Ana Célia Lahud – responsável pelo Programa de implantação de Cannabis Medicinal – Clínica Beija-Flor em Búzios;
- Carine Goto – psicóloga;
- Fábio Costa – farmacêutico;
- Débora Elias – psicóloga.
Mesa 6 – “As mulheres e a Cannabis na América Latina”:
- Letícia Laranjeira – psicóloga;
- Luana Malheiro – antropóloga;
- Valeria Salech – cofundadora da associação Mamá Cultiva Argentina;
- Yael Steiner – cineasta.
Parte 2
Mesa 7 – “Medicina e terapias canabinooides”:
- Fabrício Moreira – farmacêutico;
- Gabriela Nascimento – psicóloga;
- João Menezes – médico;
- Lauro Pontes – psicólogo e professor.
Mesa 8 – “Associações, suporte aos pacientes, pesquisa e ensino”:
- Gabi Dainezi – jornalista e coordenadora do MovReCam;
- Eduardo Riceti – psicólogo;
- Renato Filev – pesquisador;
- Wilson Lessa Jr. – médico e professor.
Atualmente, aqui no Brasil, para ter acesso a tratamentos com Cannabis é necessário uma recomendação médica feita por um profissional habilitado. Portanto, se você quer começar a fazer o uso medicinal da Cannabis, é fundamental marcar uma consulta, usando a nossa plataforma de agendamentos. Lá, você encontra mais de 250 médicos capacitados para analisar o seu caso e, se necessário, recomendar o melhor medicamento.