No Dia Mundial de Combate ao Câncer, promovido pela OMS, a urgência do diagnóstico precoce ganha destaque. No entanto, é igualmente essencial abordar a qualidade de vida dos pacientes durante o tratamento, especialmente quando a cura não é mais uma perspectiva.
Nesse sentido, os cuidados paliativos emergem como uma abordagem crucial, que promove alívio do sofrimento e proporciona dignidade aos pacientes e suas famílias.
Diante dessa realidade, portanto, os números da ANCP – Academia Nacional de Cuidados Paliativos, organização dedicada a melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças avançadas e terminais -, ressaltam a necessidade de uma discussão mais ampla, indo além da busca por soluções instantâneas.
Dia Mundial de Combate ao Câncer e o panorama dos cuidados paliativos no Brasil
Em primeiro lugar, os dados do Terceiro Atlas de Cuidados Paliativos pela ANCP, revelam que o primeiro serviço de cuidados paliativos foi implantado na década de 1980, experimentando um crescimento exponencial desde os anos 2000.
Entre 2020 e 2022, foram cadastrados 90 novos serviços, representando um aumento de 22.51%, em relação a 2019, e 32.20%, em relação a 2018.
Além disso, a evolução do Atlas se destaca com a inclusão de novos parâmetros, como atendimento ao público infantojuvenil. Ao detalhar o panorama nacional e estadual, a ANCP oferece insights valiosos sobre áreas específicas, como Oncologia e Pediatria, destacando a crescente importância dos cuidados paliativos no cenário brasileiro.
Por outro lado, a distribuição regional aponta que a Região Sudeste lidera, com 98 serviços, seguida pela Região Nordeste, com 60. A Região Sul conta com 40 serviços, a Região Norte, com sete, e o Distrito Federal, com 16.
A relevância dos serviços públicos no Sistema Único de Saúde (SUS) é notável, com 123 unidades, representando 52.5% do total. Desta forma, o aumento de 28.13% na oferta de serviços no SUS, em comparação com 2019, destaca o comprometimento em expandir o acesso a cuidados paliativos.
Cuidados paliativos: conforto, dignidade e uma maior qualidade de vida
Ao refletir sobre sua escolha pela área, a médica Bárbara Cury, especialista em cuidados paliativos, conta que sua motivação surgiu ao perceber lacunas no atendimento.
“Durante minha residência clínica, percebi que a maioria dos pacientes eram idosos ou enfrentavam doenças crônicas. Conforme a definição de cuidados paliativos, esses pacientes se enquadrariam perfeitamente, mas o hospital carecia desse suporte. Na verdade não tinha efetividade nesse cuidado. Por vir de uma família composta por profissionais que atuavam nessa área eu acabei conhecendo e me aprofundando e me apaixonando”
Ao falar sobre sua prática clínica, Bárbara Cury compartilha a perspectiva de que, ao receber o diagnóstico de uma doença ameaçadora à vida, o paciente necessita de cuidados integrados.
Além disso, destaca a importância de não negligenciar aqueles para os quais não há um tratamento curativo.
“Quando uma pessoa chega com um diagnóstico de uma doença que ameaça a vida, ela precisa de cuidado junto com um tratamento modificador de doença. E se, para ela, não existe um tratamento modificador de doença, ela não pode ser aquela pessoa que é ‘esquecida’ na enfermaria ou escutar aquela frase: ‘não temos mais nada a fazer’. Porque temos muito a fazer, como cuidar de sintomas, da dor, da falta de ar, das feridas, a gente precisa cuidar da família dessa pessoa.”
O envelhecimento populacional e a necessidade crescente dos cuidados paliativos
Com o envelhecimento populacional, o aumento da incidência de doenças neurológicas e demências apresenta desafios significativos para a área de cuidados paliativos.
“Fora o câncer, muitas doenças neurodegenerativas e síndromes demenciais entram também no cuidado paliativo”, destaca a médica
À medida que os cuidados paliativos evoluem, abrangem agora uma gama diversificada de enfermidades, indo além do câncer.
Doenças neurodegenerativas e síndromes demenciais, como Alzheimer e doença de Parkinson, juntamente com condições crônicas como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva) e insuficiências cardíacas avançadas, são incorporadas ao escopo desses cuidados.
Cannabis medicinal e cuidados paliativos
A utilização da cannabis medicinal se destaca como um componente importante nesse contexto. A médica destaca a eficácia dessa abordagem ao reduzir a rigidez e espasticidade. O que oferece mais autonomia e conforto aos pacientes.
Além disso, ela também observa impactos significativos, especialmente em síndromes demenciais, abordando questões como a perda de controle do tronco e dificuldades de higienização.
A cannabis também demonstra eficácia no manejo da apatia e do humor oscilante comum em pacientes com síndromes demenciais. Essa abordagem não apenas deixa os pacientes mais despertos, como também aumenta seu apetite. E também oferece uma notável melhoria na qualidade de vida, aliviando dores cotidianas, incluindo aquelas associadas à dor oncológica.
“O uso de compostos como CGB e THC, presentes na cannabis, proporciona respostas satisfatórias, oferecendo alívio efetivo. A integração da Cannabis medicinal nos cuidados paliativos destaca seu papel crucial na promoção do bem-estar e na gestão de sintomas para pacientes enfrentando desafios neurológicos e demências“, explica.
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Os desafios dos familiares nos cuidados paliativos
Ao falar sobre os desafios enfrentados pelos familiares, a médica reforça:
“Os familiares sofrem muito. Cuidar não é fácil. A complexidade de assistir a pessoas com múltiplas limitações, impõe um ônus emocional significativo”, aponta.
O cenário de pacientes acamados, dependentes de cuidados 24 horas por dia, coloca um fardo emocional sobre os familiares, muitas vezes levando-os ao estresse do cuidador. O sentimento de culpa por não conseguir atender plenamente às necessidades do ente querido contribui para um ambiente desafiador.
Barbara Curry destaca a importância de uma abordagem abrangente nos cuidados paliativos, analisando a totalidade do contexto. Isso inclui não apenas o cuidado ao paciente, mas também a avaliação do bem-estar do cuidador, identificando necessidades de apoio e organizando estratégias para oferecer suporte integral.
O entendimento da dinâmica familiar e a implementação de medidas para aliviar o estresse do cuidador tornam-se elementos fundamentais para garantir uma abordagem compassiva e eficaz nos cuidados paliativos.
Cannabis Medicinal e o bem-estar nos cuidados paliativos
A medicina paliativa é, fundamentalmente, uma vertente da assistência médica centrada em aprimorar a qualidade de vida de indivíduos confrontados por enfermidades graves, crônicas ou terminais. Priorizando o alívio de sintomas e do sofrimento vinculado à doença, seu enfoque difere da busca por uma cura absoluta.
O cerne da medicina paliativa reside no propósito de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, buscando fomentar o bem-estar, o conforto, a dignidade e o respeito ao longo de todo o percurso da doença.
O câncer impacta milhões de vidas anualmente, demandando abordagens que contemplem não apenas a cura. Nesse sentido, é essencial olhar para o conforto do paciente durante o tratamento. Em outras palavras, focar não só no alívio de sintomas, como também apoio emocional.
O entendimento de que a jornada nem sempre segue um caminho linear reforça a importância de estratégias de cuidado que considerem as necessidades físicas, emocionais e até espirituais dos pacientes e de suas famílias.
Facilitando o acesso aos benefícios da Cannabis para pacientes com câncer
A utilização da Cannabis para tratar diversas condições de saúde, incluindo o câncer, pode ser uma opção valiosa. No entanto, é crucial contar com a orientação de um profissional de saúde para determinar o produto e a dosagem mais adequados.
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