Qual a diferença entre a Cannabis de uso medicinal e recreativo? O consumo da planta Cannabis desperta cada vez mais a curiosidade internacional, tanto do público leigo, como da comunidade científica. Por isso, o tema vem sendo alvo constante dos noticiários e das redes sociais. Totalmente ilegal até há poucas décadas, atualmente, a planta é útil como um medicamento coadjuvante em diversas patologias crônicas refratárias a tratamento. Sem falar que é até mesmo legal, para uso recreativo, em alguns países.
A maconha fumada, usada com finalidade recreativa, e a planta usada para fins medicinais pertencem à mesma espécie, conhecida como Cannabis Sativa, porém, são variedades diferentes da planta. A planta é a mesma nas duas situações, mas com diferenças químicas entre produtos de uso médico e os utilizados no uso recreativo. Ou seja, isto significa que são cepas diferentes, como o que ocorre com os vinhos, e a finalidade é totalmente distinta.
Cannabis de uso medicinal X uso recreativo
Mesmo com a evolução contínua dos conhecimentos acerca desta planta e também do Sistema Endocanabinoide (sistema presente no nosso organismo, responsável pelo equilíbrio orgânico), onde os fitocanabinoides exercem seus efeitos, pode ser complexo entender as diferenças entre a Cannabis de uso medicinal e recreativo.
Vamos lá:
Em primeiro lugar, quando se fala em uso médico, está implícito que um profissional médico habilitado tem que fazer um diagnóstico, observar a indicação ou não do uso do medicamento à base de Cannabis, avaliar as comorbidades existentes, conhecer as interações medicamentosas, que possam ocorrer com uso simultâneo dos medicamentos e, só então, escolher o produto adequado para a patologia a ser tratada e o perfil do paciente.
Portanto, o tipo de medicamento é secundário ao propósito. Atualmente, já identificamos mais de 500 componentes ativos na planta, sendo mais de 120 canabinoides. A Cannabis de uso médico, possui, na maioria das vezes concentrações maiores de CBD, mas pode também conter THC, porém em doses muito menores do que as presentes na maconha, apresentando efeitos medicamentosos sem as alucinações indesejáveis.
A escolha de quais canabinoides e suas proporções depende da patologia sob tratamento e das características clínicas do paciente
É imprescindível que sejam utilizados produtos de grau farmacêutico, com certificado de análise confiável, que mostre os componentes presentes, suas concentrações e a ausência de contaminação de qualquer tipo. Desta forma, teremos uma prescrição mais segura e eficaz.
A planta com uso para fins recreativos, popularmente conhecida como maconha, apresenta doses altas do fitocanabinoide THC, que é o componente psicodisléptico da Cannabis, responsável pelas alucinações e “viagens”, objetivo deste uso. As cepas utilizadas atualmente chegam a ter 80% do seu teor de THC e a combustão, durante o fumo, aumenta ainda mais esta concentração. Mesmo que se utilize plantas de boa procedência para este fim, é impossível saber quais canabinoides e teor de cada um, ou seja, nunca se sabe o que está sendo consumido.
Portanto, uma planta que pode ajudar a melhorar a qualidade de vida de inúmeras famílias não pode ser alvo de discriminação, pela falta de esclarecimento. Em contrapartida, a maconha deve ser usada com fins medicinais, assim como a Cannabis de uso médico não servirá para fins recreativos.
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Cannabis e saúde da mulher com Dra. Maria Teresa Jacob
Confira abaixo a live que realizamos com a participação da médica anestesiologia com área de atuação em Dor; Acupuntura e Pós Graduação em Endocanabinologia e Cannabis Medicinal, Dra. Maria Teresa Rolim Jalbut Jacob (CRM: 41787/SP), para falar de endometriose, fibromialgia, dores oncológicas, cólica, menopausa e também saúde mental e sexual da mulher.