No Dia Nacional de Alerta para Doenças Reumáticas, realizado em 30 de outubro, o médico Victor Verztman explica como a Cannabis pode ajudar no tratamento de 15 milhões de brasileiros
Cerca de 15 milhões de brasileiros são acometidos por algum tipo de doença reumática. São as principais causas de aplicação para o recebimento de auxílio doença e afastamento do trabalho devido a sintomas que podem deteriorar muito a qualidade de vida do paciente, podendo levar a incapacidade física.
Para chamar a atenção para a dimensão do problema que a Sociedade Brasileira de Reumatologia organiza, todo 30 de outubro, o Dia Nacional de Alerta para Doenças Reumáticas.
Mas o que são doenças reumáticas? Como é o tratamento? Como a Cannabis medicinal pode ajudar? Para responder a essas e outras perguntas, o Cannabis & Saúde conversou com o médico Victor Verztman, que há um ano e meio passou a contar com os canabinoides em seu arsenal terapêutico.
Doenças reumáticas
“A reumatologia é uma especialidade que trata as doenças do sistema músculo-esquelético. Doenças que acometem ossos, músculos, articulações e tecidos adjacentes, como tendões e ligamentos. A gente também trata diversas doenças autoimunes que vão ter manifestações nessas estruturas.”
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, são 120 doenças atendidas pela especialidade, que pode acometer pessoas de todas as idades.
“Diferentemente do que muita gente pensa, não é só doença de idoso. A gente também trata essas doenças mais prevalentes na população da terceira idade, mas também existe até reumatologia pediátrica”, explica.
“Existem algumas condições específicas da reumatologia pediátrica, como artrites juvenis. Na infância, com artrite idiopática juvenil. Também tem a febre reumática, uma doença infecciosa da faixa etária mais pediátrica. Alguns tipos de vasculite. doenças inflamatórias dos vasos. Tem lúpus infantil”, continuou.
“E as doenças autoimunes, que são mais prevalentes em mulheres em idade fértil. principalmente o lúpus, por volta dos 20, 30 anos. Artrite reumatoide, em mulheres entre a quarta e quinta década. Doenças que acometem mais homens jovens, que é a espondilite anquilosante. Uma doença inflamatória crônica que acomete as articulações da coluna e também pode acometer articulações, como joelhos e tornozelo, além da inflamação nos olhos, intestinal e na pele.”
Sintomas
Em comum na grande maioria dos casos é a dor que leva os pacientes a procurar um médico. “Com certeza, o principal motivo de consulta com um reumatologista é dor. A dor crônica faz parte do dia a dia de todo reumatologista”, conta. “Uma dor física continua, por mais de três meses, que está associada a alterações psicossociais, como alterações de humor, sono, cognição e sociais. Como pior desempenho no trabalho e conflitos sociais.”
Tratamento reumatológico
De acordo com o reumatologista, o tratamento convencional se difere pelo tipo de doença. “A doenças autoimunes inflamatórias podem atingir vários órgãos, como rins, pulmão, coração, cérebro, mas também as articulações. Criar deformidades articulares”, diz. “A nossa imunidade está desorganizada e está nos atacando. A gente usa medicações que vão controlar essa imunidade.”
Para esses casos, Verztman explica que o arsenal terapêutico costuma ser bastante eficiente, principalmente com o uso de medicamentos imunobiológicos. Uma tecnologia bastante complexa que mudou o prognóstico das doenças autoimunes.
Já em casos de dores crônicas não-inflamatórias, o panorama é bem diferente. “Nosso arsenal de medicamentos é muito limitado. Anticonvulsivantes e antidepressivos até pode, ajudar, tanto que a gente usa, só que a resposta, muitas vezes, é limitada. O paciente não responde nada ou responde inicialmente, mas depois perde a resposta. Com muitos efeitos colaterais, que muitas vezes o paciente não consegue tolerar o uso dessas medicações.”
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Uso de Cannabis para doenças reumatológicas
A Cannabis pode ajudar tanto os pacientes com doenças autoimunes como com dor crônica, mas de formas diferentes. “O que mais vai interessar para o reumatologista são as propriedades da Cannabis no sistema imunológico. Com ação anti-inflamatória e imunomoduladora, e também na questão de modulação do processamento de dor.”
“Na questão da autoimunidade, a gente sabe que a Cannabis parece ter um potencial, mas as pesquisas ainda são muito iniciais. Como a gente já tem um arsenal terapêutico bem grande para essas doenças, a Cannabis não deve ser vista como uma opção de substituição desse arsenal. No máximo uma terapia adjuvante.”
“Na dor crônica, como fibromialgia, osteoartrite, lombalgia, ela vem sendo vista por muitos especialistas como mais uma opção de tratamento medicamentoso. Ela parece vir para agregar porque a gente tem um arsenal terapêutico de remédio muito pequeno. É mais uma opção interessante, com perfil de segurança bom, e poucos efeitos colaterais, possivelmente menos intensos do que o tratamento convencional.”
Cannabis e dor crônica
No entanto, o médico afirma que ainda é cedo para considerar a Cannabis medicinal como primeira opção de tratamento, mesmo para dor crônica. “A gente sempre trabalha com a medicina baseada em evidências científicas. Ela tem suas limitações, mas é o que a gente tem que se pautar. Normalmente a gente reserva a Cannabis para o paciente com dor crônica, fibromialgia, que não teve um efeito satisfatório com os tratamentos convencionais.”
“Faltam alguns estudos maiores em relação à Cannabis em dor crônica. Pelo preço, que a gente sabe que ainda não é um tratamento tão barato, a gente costuma reservar para os pacientes que não responderam bem ao tratamento convencional.”
Conforme as pesquisas científicas avançam, ele acredita que a Cannabis ganhará progressivamente mais espaço dentro da reumatologia, mas avisa que não se trata de uma cura milagrosa. Independentemente do uso de Cannabis ou não, todos os pacientes que buscam uma melhor qualidade de vida devem se dedicar também a tratamentos não-medicamentosos, como a prática de atividade física e fisioterapia.
Mas aconselha que os médicos sigam atentos à possibilidade do uso da Cannabis, principalmente para dor crônica. “A gente vê que estamos discutindo mais sobre a Cannabis medicinal, principalmente nos últimos dois anos, porque a gente trata de dor. Se a gente tem mais uma possibilidade, uma opção, a gente tem que ver com bastante atenção, carinho, e fugir um pouco dos estigmas e preconceitos para pensar no melhor para o paciente.”