Em algumas empresas ou cargos, de tempos em tempos, funcionários precisam ceder amostras da urina para comprovar que não usam drogas. E basta uma dose de 0,9% de THC para cair no exame antidoping. É o que mostra um estudo americano: pacientes de Cannabis medicinal podem registrar resultados positivos, mesmo quando usam apenas óleos com baixa concentração de THC.
Segundo Tory Spindle, pesquisador no Johns Hopkins Bayview Medical Center e autor do estudo, raramente o uso de Cannabis para fins medicinais se dá com apenas uma aplicação, como aconteceu no estudo. E aí está o problema. Segundo os pesquisadores, o THC e seus derivados podem se acumular no corpo com o uso constante. Ou seja, o risco de cair nesses exames é alto.
Dados de outras pesquisas ainda alertam para os erros contidos nos rótulos desses produtos. Segundo estudo da Universidade da Pensilvânia, 21% dos produtos de CBD/cânhamo vendidos na internet contém THC, apesar de não constar no rótulo. Ainda que muitas pessoas nos EUA usem produtos de CBD, a maioria não tem ideia de que pode haver THC na formulação, de acordo com os pesquisadores. Muito menos que podem testar positivo em testes de drogas.
Como foi feito o estudo
Três homens e três mulheres, com média de 31 anos, toparam participar do teste. Todos realizaram exame antidrogas no primeiro dia, antes de iniciarem o estudo. Todos tomaram café da manhã e engoliram uma cápsula com CBD puro ou com baixo teor de THC – metade deles era placebo. Uma hora depois, usaram o vaporizador para uma nova dose – CBD puro, CBD dominante ou placebo. Durante as oito horas que passaram no centro médico, fizeram vários testes de urina.
Nos dois dias seguintes, nenhum deles pode sair de uma residência cedida pelos pesquisadores. Lá, também cederam novas amostras de urina. Foram dispensados 58 horas depois. Passados dois dias, voltaram ao centro médico para novas coletas.
Concentração de canabinoides
Eles usaram uma proporção frequentemente encontrada em produtos legalizados de Cannabis nos EUA: com 10,5% de CBD e 0,39% de THC, ou 27 para 1. Os pesquisadores vaporizaram um pouco menos de um grama de Cannabis, contendo a dose de 100 miligramas de CBD e 3,7 miligramas de THC.
O estudo também avaliou as mesmas pessoas tomando CBD isolado em cápsula, vaporizado e a mesma variação com placebo. As diferentes formulações e variações de entrega aconteceram em sessões espaçadas em uma semana, sempre na proporção de 100 miligramas de CBD.
Teste de drogas
O teste de drogas mediu a concentração de ao menos 50 nanogramas por mililitro de THCCOOH (carboxi THC), produzido pelo organismo após o consumo de THC. O carboxi THC permanece nas células de gordura por muito mais tempo que o THC. Além de não ter efeito psicoativo, a presença da substância sem o THC indica que o consumo aconteceu há algum tempo. A presença de ambos, THC e THCCOOH, apontam uso recente de Cannabis.
Para usuários frequentes, o teste carboxi THC pode detectar a substância depois de até 12 semanas de uso. Para usuários medianos, 30 dias são necessários para a não detecção. Uma pessoa que usou apenas uma vez, passa no teste depois de uma semana.
Resultados
Dois dos seis participantes que vaporizaram a Cannabis com alto CBD e baixo THC testaram positivo. Ou seja, tinham mais que 50 ng/mm na urina. Os positivos foram confirmados no teste de 15 ng/mm.
Quem inalou ou tomou cápsulas de CBD puro ou placebo não registrou resultados positivos.
Ou seja, o CBD isolado não aparece em teste de drogas, mas não é necessário muito THC para que o teste dê positivo para algumas pessoas. Parece haver uma variação pessoal no peso, gordura corporal, metabolismo da droga e o mecanismo respiratório, como profundidade de inalação. Essas variáveis podem contribuir para a absorção maior ou menor dos canabinoides no corpo.
Os pesquisadores ainda pretendem repetir o estudo usando mais produtos com THC e também verificar o impacto de um consumo constante de Cannabis em testes de drogas.
Código Mundial Antidopagem
Conheça em detalhes a lista de 2021 das substâncias e dos procedimentos internacionalmente proibidos, publicada pelo COB em conformidade com os dados da WADA.
A Lista Proibida é um Padrão Internacional obrigatório que é parte do Programa Mundial Antidopagem, atualizada anualmente após um extenso processo de consulta mediado pela AMA.
Esta Lista é válida a partir de 01 de janeiro de 2021, para conhecer mais, clique em: https://www.cob.org.br/pt/documentos/download/559d2e6f27321/