Quando nasceu, Daniel foi diagnosticado com síndrome de Down. Quatro anos depois, descobriram que também tinha autismo
Antes de 28 semanas, quando Cristiane Tollini fez o pré-natal, a medida da nuca já indicava que o bebê teria Síndrome de Down. Mas a obstetra achou a diferença pequena e não avisou a mãe, que só descobriu no parto. Segundo Cristiane, o que mudaria é que ela estaria preparada e melhor informada.
Foi tomar satisfações com a obstetra, “chorei tudo o que tinha pra chorar naquele momento e nunca mais” desabafa Cristiane. Focou seus esforços em Daniel. Seguiu em frente, num longo e penoso caminho permeado de remédios e crises, até encontrar a Cannabis em 2020.
A vida antes da Cannabis
Durante os primeiros anos de Daniel, ele foi colecionando médicos que o acompanham até hoje: pediatras, neurologista e psicólogos. Com a Síndrome de Down, atrasos no desenvolvimento psíquico e motor são esperados. Mas Daniel estava demorando um pouco mais.
Aos 4 anos, ainda não falava nada. E apresentava estereotipia (ações repetitivas e interesse da criança sem que haja motivo especial). Uma junta de todos os médicos que acompanhavam Daniel se formou, trocaram laudos e acompanhamentos, e chegaram ao diagnóstico de autismo. Nessa época, ainda frequentava escola comum, mas não interagia com os coleguinhas.
Aos 5 anos, Daniel ganhou mais um médico: um psiquiatra, porque se tornou agressivo (consigo e com os outros), e começou uma longa e cara sucessão de remédios fortíssimos. Tomava 10 remédios diferentes por dia.
Apesar de todos os esforços, as agressões pioraram. Com 7 anos, ele comia as pontas dos dedos, chorava incessantemente, batia a cabeça na parede, mordia. Cristiane e os irmãos gêmeos mais velhos de Daniel viviam machucados. “Eu deixei de sair, porque todos nós estávamos sempre com marcas pelo corpo”, conta Cristiane. Com crises cada vez mais fortes, o destino era sempre o pronto-socorro, onde recebia uma ou duas injeções de Diazepan para se acalmar. Enquanto as doses de todos os remédios aumentavam, os efeitos diminuíam.
Foi nessa época que conseguiu uma vaga na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), o que permitia que Cristiane trabalhasse de forma esporádica – ela é motorista de veículos grandes, de vans a caminhões.
Ano passado, com 9 anos, a situação era insustentável. Crises constantes, visitas semanais ao pronto socorro, três injeções de Diazepan já não sedavam Daniel, que não dormia. Cristiane não tinha mais vida.
Esperança na quarentena
Buscando alguma solução na internet, Cristiane viu uma postagem de Cris Palacios, terapeuta canábica, e achou que ela estivesse descrevendo o Daniel. A filha de Cris, Valentina, também é Down e autista, mas se trata com Cannabis.
Cristiane entrou em contato, e a terapeuta (e ativista) de Cannabis retornou. Num processo simples, Cristiane fez consulta virtual com o Dr. Rodrigo Mistrinel, recebeu uma receita virtual com as doses prescritas e fez pedido na Pangaia, uma distribuidora de produtos medicinais importados à base de Cannabis. Recebeu o óleo pelo correio e começou o tratamento prescrito.
Já na primeira semana, mal reconhecia o filho. O menino que não dormia, tirava sonecas à tarde, conseguia parar para assistir televisão, estava calmo.
A mudança de vida se completou quando pôde finalmente se candidatar a um trabalho fixo. Já durante a pandemia, Cristiane pôde participar de um treinamento de dois dias sem medo de deixar o filho com um cuidador.
Ela também mudou a dieta de Daniel, sob orientação médica. O intestino de portadores de Síndrome de Down é preguiçoso, então, recebeu uma ajuda: sem glúten e lactose, e com muitos legumes, verduras e frutas, mais o canabidiol (CBD), o apetite de Daniel melhorou, ele ganhou peso e está até mais corado.
Tudo isso para ajudar no desmame dos 10 remédios que tomava. Os alopáticos foram quase todos retirados, e ficaram apenas os naturais. Daniel, que tinha a capacidade intelectual de uma criança de 1 ano, evoluiu 4 anos em apenas dois meses. Ainda não está falando, e, por conta da pandemia, ainda não pôde fazer sessões de fonoaudiologia.
Mas Cristiane está animada sobre o desenvolvimento de Daniel a partir de agora, que não teve mais nenhuma crise, e os ataques violentos deram lugar ao menino carinhoso e alegre.
“Eu acho que a Cannabis é o caminho para as restrições físicas do autismo. E a gente pode fazer o bem pelo outro, tem muita mãe precisando”, diz Cristiane sobre a importância da divulgação dos benefícios da Cannabis medicinal.
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