Você não acha curioso que aquela sua tia mais velha, que toma medicamentos para dormir com alto risco de causar dependência, tenha receio de usar a Cannabis medicinal por se sentir insegura com o tratamento? Apesar de muitos remédios tradicionais apresentarem riscos conhecidos, a falta de informação e o estigma em torno da Cannabis ainda podem fazer com que algumas pessoas tenham medo de adotar esse tratamento, mesmo com evidências crescentes de seus possíveis benefícios e segurança.
“A Cannabis é diferente de vários dos outros remédios, embora precise da receita azul, que está entre drogas que causam dependência. Mesmo que a dependência do CBD seja nenhuma. E o THC com o uso adequado, também não vai causar dependência. Diferente de remédios que se utilizam. É que culturalmente a gente aprendeu a estigmatizar a Cannabis. Tive um paciente que tomava óleo full spectrum para dormir. Depois me contou que o pai dele estava zoando a situação. Ele questionou seu pai que tomava um Clonazepam, um Zolpidem e duas doses de whisky para dormir, quem era o o doidão?”, conta o médico Dr. Rodrigo M. Pacheco.
Embora o panorama esteja mudando, neste Dia Mundial da Segurança do Paciente, conversamos com Dr. Rodrigo para entender o nível de segurança no uso de produtos à base de Cannabis.
“Sou prescritor há quase oito anos e eu falo com muita tranquilidade que a Cannabis foi a substância que usei no meu consultório que mais me ajudou a desprescrever outras medicações melhorando a qualidade de vida do paciente. E principalmente, diminuindo a sedação, que várias drogas causam”.
O uso do THC é seguro?
A segurança no uso de THC, um dos compostos da Cannabis, é grande dúvida entre pacientes e para o médico envolve uma série de considerações importantes, especialmente devido aos seus efeitos sobre o sistema nervoso central.
Segundo o Dr. Rodrigo, há uma grande estimativa de segurança em relação aos produtos à base de Cannabis no geral para diferentes tratamentos. Porém, o profissional destaca que é sim necessário uma atenção sobre o componente THC.
“O uso do THC pode ser bom para algumas pessoas e pode ser também muito desagradável e levar a transtornos como crises de ansiedade e engatilhar outros problemas. Com o THC devemos nos preocupar sim”.
A importância de ter conhecimento sobre a procedência do seu produto
Além das concentrações dos fitocanabinoides como o CBD e o THC, é imprescindível ficar atento em relação à procedência dos óleos. Conforme uma pesquisa realizada recentemente pelo portal Cannabis & Saúde, 89% dos entrevistados utilizam óleos à base de Cannabis como principal tipo de produto em seus tratamentos.
Neste sentido, a procedência do seu produto pode ser um fator fundamental para garantir a assertividade no tratamento.
“É importante entender que a gente tem diversos tipos de óleo no mercado. E nem todos podemos considerar que são seguros. Temos um problema no caso da Cannabis que é uma falta de padronização de óleos, por exemplo. Há cuidados no cultivo que a gente deve ter quando se está falando do uso medicinal. Ela é uma planta supersegura dentro da questão que, por exemplo, não existe um limite tóxico, ela não é uma planta que tenha toxicidade. Não há casos de morte no uso de Cannabis”.
Como a padronização do óleo pode ser fundamental para o alcance do resultado contínuo no tratamento?
Em relação à padronização dos óleos, o médico observa que ela é essencial para assegurar que o paciente receba um tratamento eficaz, seguro e contínuo. Pois ela pode proporcionar estabilidade nos resultados, reduzir riscos de efeitos adversos e facilitar o acompanhamento médico, garantindo que os compostos sejam administrados na quantidade certa para cada condição tratada.
“Para que pacientes continuem tendo o mesmo efeito de forma constante é necessário ter algum nível de padronização dos medicamentos. É uma coisa difícil, mas hoje com técnicas de cultivo e de laboratório, a gente consegue sim ter padronização”, pontua o profissional.
A padronização também está ligada ao cumprimento de regras e de qualidade. Produtos que seguem padrões rigorosos são mais confiáveis, tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde. A falta de padronização, por outro lado, pode resultar em produtos que não atendem às exigências de segurança e eficácia estabelecidas pelas autoridades de saúde.
“Os cuidados do cultivo devem ser adequados para o uso medicinal da planta. E um dos principais perigos que a gente tem são os contaminantes no solo, como uso de agrotóxicos ou atividades industriais como por exemplo, hidrocarbonetos. E isso sem falar em metais pesados. O cultivo da Cannabis deve ser orgânico para evitar a contaminação”, finaliza Dr. Rodrigo.
Por fim, sabe-se que no Brasil uso medicinal da Cannabis tem se tornado cada vez mais comum, especialmente no tratamento de condições como dor crônica, epilepsia e transtornos de ansiedade. No entanto, como vimos, garantir a segurança desse tratamento depende de uma série de fatores, como a composição dos produtos, a dosagem, o histórico de saúde do paciente e o acompanhamento médico adequado.
𝗜𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲: O acesso legal à Cannabis medicinal no Brasil é permito mediante indicação e prescrição de um profissional de saúde habilitado. Caso você tenha interesse em iniciar um tratamento com canabinoides, consulte um profissional com experiência nessa abordagem terapêutica.
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