Pela primeira vez, festival de rua – que atrai mais de 100 mil pessoas – teve um espaço para a economia criativa da Cannabis
Nesse domingo, durante 10 horas, as ruas de Pinheiros – um bairro tradicional de São Paulo – foram tomadas por shows e uma feira livre, que atraiu um público flutuante de aproximadamente 100 mil pessoas.
Economia criativa, sustentabilidade, música e Cannabis marcaram presença na 8ª edição do Festival Pinheiros. Antes de tudo, o evento é uma das ações do Coletivo Pinheiros, entidade que agrega mais de 120 associados de bares e restaurantes da região.
Por isso, com o lema “Comunidade + ativa tem uma cidade + humana”, o coletivo trabalha em oito diferentes frentes, para trazer melhorias com sustentabilidade e segurança para o bairro de Pinheiros.
Geração de emprego e renda
De acordo com Vanêssa Rêgo, presidente da instituição, o festival é promovido pelo comércio local para a valorização do mercado do bairro. “É importante dizer que mais de 2.500 pessoas trabalharam de forma direta e indireta para fazer tudo acontecer”, explica.
Segundo a organização, cerca de 200 expositores e 15 bandas atraíram o olhar curioso do público, que é bem eclético. “Em outras palavras, é uma celebração na rua que conquista desde o público dos pets até o público idoso”, detalha Vanêssa.
Cannabis para fins terapêuticos
Neste ano, pela primeira vez, a Cannabis para fins terapêuticos ganhou um espaço no festival, com 14 tendas de associações e empresas. Entre as novidades, chocolates e cafés com terpenos (micropartículas dos óleos essenciais) e roupas feitas de cânhamo (fibra da Cannabis), por exemplo.
Foi a veterinária e moradora do bairro, Juliana Marigo, que trabalhou para inserir a Cannabis na feira de rua, lembra a organizadora do evento, que até o momento não recebeu nenhuma crítica pela inovação.
“A Juliana sempre se engajou muito com a sustentabilidade do bairro e chegou com a pauta da Cannabis, para informar as pessoas. Quanto mais conhecimento, mais respeito às diversidades. Por isso, decidimos liberar a feirinha da Cannabis. É uma questão de conhecimento e acesso à saúde”.
Evento ‘fura bolha’
Juliana Marigo, que é veterinária, especializada em golfinhos, conta que nunca organizou um evento em toda a vida. Mas viu no Festival de Pinheiros uma oportunidade de quebrar barreiras e atingir novos públicos.
“Em 2020, eu comecei a tratar a minha gata com a Cannabis, com excelentes resultados. A partir de então, me aprofundei, fiz cursos, comecei a estudar o assunto e prescrever. Participei de eventos como o Híbrido e o Medical Cannabis Fair, e pensei: por que não em Pinheiros?”, recorda.
Para a ativista, o evento furou a bolha, levando informação para um público que jamais tinha ouvido falar sobre as moléculas medicinais da planta ou alimentos com terpenos, por exemplo.
“Eu brincava que queria fazer a rua da Cannabis e agora entendo que fiz acontecer. Hoje, percebo a quantidade de pessoas que passou por ali. O feedback tem sido incrível. São pessoas que entraram na bolha pela primeira vez”, comemora Juliana.
Expositores comemoraram
A diretora de comunicação da ChocoGrower (uma empresa que produz chocolates com terpenos, que remetem ao aroma da Cannabis), Juliana Braga, conta que a feira da Cannabis foi um sucesso dentro do festival e todos os expositores tiveram uma ótima receptividade do público.
“Ouvi geral elogiando. Nas redes sociais, têm várias pessoas comentando positivamente. Precisamos participar de eventos assim – feiras tradicionais – para atingir outros públicos. Dentro do nosso nicho, todos já conhecem as propriedades medicinais da planta, precisamos ir para o out”, defende a publicitária.