Faltando menos de um mês para o início das Olimpíadas de Paris 2024 e pouco mais de dois meses para as Paralimpíadas, existe a possibilidade de esses serem os Jogos onde a Cannabis poderá ter feito mais diferença para os resultados.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, realizados em 2021 por conta da pandemia de Covid-19, representaram a primeira Olimpíada após um composto da Cannabis, o canabidiol (CBD), deixar de ser doping. Será que nos Jogos desse ano de 2024 teremos medalhistas que falam publicamente sobre o uso da planta?
Para entender melhor como a Cannabis pode ajudar atletas que vão disputar uma Olimpíada, conversamos com o Dr. Jimmy Fardin. Ele é especializado na Medicina Esportiva, atende todo tipo de atleta e frequentemente recomenda produtos derivados da planta para seus pacientes.
CBD ajudando a parte física dos atletas
O órgão responsável por proibir produtos derivados da Cannabis, com exceção do CBD, nas Olimpíadas é a WADA (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês). Essa organização tem o objetivo de proteger a justiça e a ética no esporte, promovendo uma competição equilibrada, além de atuar na proteção da saúde dos atletas.
Através da Lista de Substâncias Proibidas e de outras iniciativas, a Agência busca garantir que todos os competidores estejam nas mesmas condições. Essa lista é atualizada anualmente com uma relação de substâncias e métodos, que comprovadamente aprimoram o desempenho de forma artificial ou representam um risco à saúde dos atletas.
A WADA retirou o CBD da Lista de Substâncias Proibidas em 2020, possibilitando, portanto, o seu uso por atletas nos jogos de 2020. O Dr. Jimmy Fardin nos explicou como esse canabinoide tão explorado pela Medicina pode ser útil para atletas de elite na parte física.
“Todo atleta sabe que, tanto em treinamento quanto em competição, ele gera muita microlesão e muita reação inflamatória do corpo. Só que isso, às vezes, é exagerado. Muitas vezes o corpo precisa de um período para se recuperar, o que inviabiliza a melhor performance que o atleta pode ter. O CBD ajuda exatamente nisso.”
Nesse sentido, o CBD pode atuar nas mesmas condições que atuam outros medicamentos convencionais, já utilizados pelos atletas, como anti-inflamatórios e analgésicos.
CBD e a saúde mental dos competidores
Por outro lado, a parte mental dos atletas também pode se beneficiar do uso terapêutico do canabidiol. O sistema endocanabinoide tem uma forte influência sobre o sistema nervoso central e a ativação desse sistema pelos canabinoides da Cannabis também pode contribuir para a saúde mental dos atletas que vão disputar uma Olimpíada.
Dr. Jimmy detalhou como o uso do canabidiol favorece a saúde mental de pessoas que estão sob pressão constante por desempenho e resultados.
“Também tem a atuação do CBD nos processos inflamatórios neuronais. O excesso de neurotransmissores de serotonina podem muitas vezes gerar excesso de ansiedade e a insônia também pode ser regulada com CBD.
Então, além dos benefícios físicos, também tem benefícios mentais e psíquicos que vão ajudar esse atleta. Isso perante um quadro em que a pessoa treina há quatro anos para chegar lá e performar nas Olimpíadas. Então, é bem importante estar bem com o mental — o que, muitas vezes, é o diferencial que faz um atleta ser campeão ou não. O aspecto mental é muito importante e o CBD pode ajudar nisso, sim.”
Nesse contexto, cabe aqui lembrar da ginasta norte-americana Simone Biles. Ela abandonou a disputa em Tóquio, para privilegiar o cuidado com a saúde mental dela, em uma atitude corajosa e pioneira. Ela já garantiu a vaga para competir em Paris 2024 e vai em busca do ouro.
O CBD isolado
No entanto, o médico do esporte faz um alerta sobre o uso de CBD por atletas que passam por testes antidoping. Como a permissão da WADA é somente para um dos canabinoide, os produtos mais indicados seriam os à base de canabidiol isolado, por não conter nenhum vestígio de delta-9 THC ou qualquer outro componente da planta. Assim, mesmo que o atleta use um produto com quantidades mínimas de THC, como é o caso dos produtos full ou broad spectrum, o atleta pode ser punido.
Por esse motivo, Dr. Jimmy Fardin ressalta a importância da orientação por um profissional da saúde, assim como a de buscar produtos com qualidade certificada pelo COA (certificado de análise).
“Ainda tem muito atleta que tem receio de utilizar a Cannabis medicinal, porque, infelizmente, muitas marcas não têm os critérios de qualidade, de boas práticas. Por isso, às vezes, acaba contaminado [o produto de CBD isolado] com outros canabinoides, o que pode ser um risco para o atleta, de ter algum outro canabinoide que não seja permitido e que dê positivo no teste. Por isso, é importante ter um CBD isolado certinho, de uma marca confiável, para o atleta só colher os benefícios e não ter nenhuma surpresa quando fizer algum teste antidoping.”
A vez dos canabinoides menores
O CBD e o THC são apenas dois entre as centenas de compostos produzidos naturalmente pela Cannabis, que também produz terpenos, flavonoides e outros canabinoides. Nesse sentido, aqui no Cannabis & Saúde você encontra informações sobre o uso terapêutico desses outros derivados da planta, a maioria deles sem nenhum efeito psicoativo semelhante ao do THC. Bons exemplos disso incluem o canabigerol (CBG), canabinol (CBN) e a tetrahidrocanabivarina (THCV).
Para o Dr. Jimmy, a WADA precisa reconsiderar a proibição desses derivados da Cannabis e incluir de vez a planta nas Olimpíadas e outras competições esportivas.
“O THC pode atuar de uma forma que, às vezes, pode alterar o atleta, pode dar alguma alteração de reflexo. A gente tem como entender que em algumas modalidades pode ser prejudicial, mas nos outros canabinoides a gente não vê isso. A gente tem pouca psicoatividade. Então, acho que outros canabinoides poderiam ser incluídos nessa lista de liberação da WADA.”
Para ficar na torcida pelo ouro verde
Uma forma de dar visibilidade para o uso da Cannabis no esporte é com algum atleta que usa a planta subindo ao lugar mais alto do pódio nessas Olimpíadas. Portanto, veja abaixo atletas brasileiros que podem nos trazer esse ouro verde nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Pedro Barros – skate
Na última edição das Olimpíadas, a de Tóquio 2020, um atleta que usa Cannabis com fins terapêuticos conquistou uma medalha para o Brasil. O skatista catarinense Pedro Barros ganhou a prata no Skate Park masculino.
Ele chega aos Jogos de Paris como um forte candidato a conquistar uma outra medalha para o nosso país, pois vem de um terceiro lugar nos X Games Ventura 2024, realizados na Califórnia, EUA, no mês de junho. Pedro trocou medicação convencional para a saúde mental pela Cannabis e passou a defender o uso terapêutico da planta desde então.
Talisson Glock – natação classe S6
Além disso, nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, o também catarinense Talisson Glock conquistou cinco medalhas na classe S6 da natação, categoria para pessoas amputadas. Ele trouxe o ouro no revezamento 4x100m livre; prata nos 100m costas e nos 200m medley e bronze nos 50m livre e nos 100m livre.
O nadador chega aos Jogos de Paris com boas expectativas, após conquistar o primeiro lugar nos 200m medley, no World Series de Berlim, disputado em junho. Talisson também utiliza o CBD com fins terapêuticos, com o acompanhamento de um especialista em Medicina Esportiva.
Comece um tratamento com a Cannabis você também
Mesmo que você não esteja buscando um índice olímpico, a Cannabis pode te ajudar. Atletas amadores ou de fim de semana podem colher os mesmos benefícios para a saúde física e mental que os de alto rendimento. No entanto, é fundamental ter o acompanhamento de um profissional da saúde experiente na prescrição de canabinoides.
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