Conversamos com o historiador e pesquisador Gustavo Maia, que fundou o Cannabis Monitor. A iniciativa monitora notícias sobre Cannabis que estão circulando na esfera pública brasileira. E também apresenta uma uma sinergia de conhecimentos sobre a planta. Como por exemplo o podcast “Maconhômetro”.
Além disso, recentemente Gustavo concluiu seu mestrado e em breve deve lançar o livro “Maconha no Brasil através da imprensa”, fruto da sua obra de conclusão de curso na UFRJ.
Cannabis Monitor: de uma pesquisa de faculdade para um projeto que busca saber a narrativa da Cannabis no Brasil
Gustavo explica que o projeto nasceu através de uma pesquisa para faculdade de História, ainda na graduação na UFRJ. “Comecei a pesquisar e encontrei um orientador na universidade que apoiou essa minha vontade de pesquisar sobre maconha na imprensa, principalmente. E aí juntei duas características minhas: de entusiasta desse tema, tinha interesse em entender mais sobre maconha e sobre drogas em geral e eu era meio viciado em consumir notícias. Só que como é um trabalho na área de história, eu fui procurar fontes do passado para poder me debruçar sobre como os jornais do passado falavam sobre maconha. E resolvi catalogar as notícias do presente também. Como os jornais falavam no passado e como os jornais estão falando hoje? O que mudou no discurso em relação a maconha? Então comecei a catalogar as notícias do presente e tudo o que estava saindo sobre esse tema e resolvi criar um perfil no Instagram e publicar ali essas notícias que eu tava agregando”.
A receptividade foi tão positiva que o Gustavo seguiu com o projeto e desenvolveu para seu mestrado também um estudo na área.
As inúmeras narrativas que circulam sobre a Cannabis
Embora o cenário da Cannabis no Brasil neste momento passe por um processo de mudança de paradigma, ainda é preciso avançar: “Cannabis é um tema complexo. É um universo enorme, com muitas complexidades e é um tema transversal. Ao mesmo tempo que fico otimista, pois cada vez mais se fala sobre isso. Eu também vejo que tem cada vez mais debates sobre isso que são ainda negligenciados ou que circulam pouco. Então fico tentando através do Cannabis Monitor dar visibilidade a estas narrativas, a estas figuras, estes autores. E mostrar que não tem um debate único no meio da Cannabis. Pois tem narrativas diferentes circulando”, afirmou o historiador com exclusividade para o Cannabis & Saúde.
Veja na íntegra a troca de ideias com Maia:
Expectativa para 2023
“Ao mesmo tempo que eu sou otimista, eu sou pessimista também. Não acho que as coisas vão andar com rapidez por se tratar de Brasil. Mas eu tenho uma expectativa de que a gente vai ter um ambiente mais favorável para debater. Acho que também é possível que a gente incida nesse debate agora para a gente melhorar o PL 399. E não a gente só vencer ele para derrotar o outro lado que estava muito empenhado politicamente. E tinha a bandeirante anti-maconha como o seu capital político”, finalizou Gustavo sobre 2023.
Porque o trabalho do Cannabis Monitor é imprescindível?
Sabe-se que a maneira que um assunto é apresentado na imprensa pode construir a percepção das pessoas sobre o tema. No caso da Cannabis não é diferente. Com as crescentes notícias que associam e relatam os benefícios da planta para a saúde de diversas pessoas com patologias diferentes, quebra-se lenta, e gradualmente, os paradigmas sobre ela.
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