Antes de tudo, vale lembrar que o AVC, acidente vascular cerebral, ocorre quando há um bloqueio no fluxo sanguíneo para partes específicas do cérebro. Isso impede que nutrientes essenciais e oxigênio alcancem as células cerebrais, o que pode resultar em danos graves. Se o bloqueio persistir, as células cerebrais começam a morrer, o que pode causar complicações a longo prazo.
Conversamos com o Dr. João Carlos Normanha Ribeiro, prescritor de terapia canabinoide desde 2016 e pioneiro no tratamento de doenças neurodegenerativas com fitocanabinoides, para entendermos melhor como é a atuação da Cannabis medicinal na recuperação pós-AVC.
“A Cannabis pode ajudar na recuperação pós-AVC por meio da ativação dos receptores canabinoides CB1 e CB2, que estão associados a efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios. Os canabinoides podem reduzir a resposta inflamatória, diminuir a toxicidade do glutamato e atenuar a disfunção mitocondrial”, explica o especialista.
Ele também fala sobre os benefícios potenciais da Cannabis: melhora dos resultados cognitivos e motores, atenuação da neuroinflamação, proteção da integridade da barreira hematoencefálica (BBB) e redução da reatividade dos astrócitos e da ativação glial (processo pelo qual as células gliais no sistema nervoso central respondem a lesões, infecções ou doenças neurológicas).
Efeitos colaterais e contraindicações da Cannabis medicinal na recuperação pós-AVC
Dr. Normanha alerta que o uso da Cannabis pode estar associado a possíveis efeitos psicoativos, devido à ativação dos receptores CB1, como alterações de humor e percepção, o que pode limitar o uso em alguns pacientes. Por isso, é crucial avaliar cada caso individualmente.
“A segurança do uso da Cannabis pode variar entre os pacientes e isso depende de diversos fatores, como condição de saúde geral, comorbidades e medicações concomitantes. A consulta com um médico é essencial para determinar a adequação do tratamento e a segurança individual.”
Dr. Normanha recomenda ainda que a administração da Cannabis deve ser cuidadosamente definida por profissionais da área. Nesse sentido, é preciso considerar as diversas formas de uso, como óleos, cápsulas, vaporização ou sprays sublinguais. A escolha do método deve ser personalizada, levando em conta as necessidades específicas de cada paciente.
O que dizem os estudos sobre o uso de cannabis no tratamento pós-AVC?
Estudos indicam que a Cannabis e seus componentes, como CBD, CBG e beta-cariofileno, possuem propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias. Pesquisas demonstraram que esses compostos podem reduzir o tamanho do infarto, melhorar a recuperação funcional e atenuar a resposta inflamatória pós-AVC em modelos animais. “Estudos recentes destacam a eficácia dos fitocanabinoides menores e terpenos, como o beta-cariofileno, em proporcionar benefícios terapêuticos adicionais.” Entretanto, Dr João ressalta que ainda faltam ensaios clínicos controlados, até pela dificuldade em estudar a Cannabis nesses moldes.
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