Cientistas da Universidade de Stanford observaram o uso de tópico de CBD em três pacientes com a doença: todos relataram cicatrização mais rápida das feridas, menos bolhas e redução da dor
Trata-se de uma doença grave e rara, que causa não só sofrimento para o paciente pelas lesões provocadas, como a estigmatização. A epidermólise bolhosa (EB), porém, não contagiosa. A doença causa uma sensibilidade muito grande na pele e mucosas, com formação de bolhas nas células epidérmicas, especialmente em áreas de maior atrito, como resposta desde um acidente doméstico até mudanças climáticas.
Segundo a Associação de Parentes, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa Congênita, as pessoas com EB podem nascer com as bolhas, tê-las após o nascimento ou ainda nascerem com ausência total de pele em algumas regiões do corpo. Isto os torna muito suscetíveis a sérias infecções. Podem nascer também com complicações nos olhos ou perda de visão.
“Muitas vezes, só de encostar na pele salta as feridas. Então o paciente não consegue comer, nem evacuar por que sai ferida. Vai se dando antibiótico para evitar infecção, remédio de dor à base de morfina e muitas vezes tem que colocar sonda. E por conta da patologia, essas crianças estão sempre abaixo do peso”, explica o médico Mauro Tarandach, pediatra e nutrólogo com especialidade em medicina integrativa.
Até o momento, a EB não tem cura. A genética têm trabalhado no assunto, mas a cura ainda é vista como algo para um futuro distante. Contudo, novos tratamentos estão sendo testados, e em 2018 foi descoberto que o canabidiol (CBD) pode ser uma substância eficaz, conforme um estudo conduzido por pesquisadores das Universidades de Stanford e West Virginia, publicado na revista Pediatric Dermatology.
Uma vez que o CBD possui efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, os cientistas analisaram a aplicação do composto em três casos de uso tópico (na pele) do canabidiol em pacientes com epidermólise bolhosa, através de um estudo observacional.
“Um paciente foi desmamado completamente dos analgésicos opióides orais. Todos os três relataram uma cicatrização mais rápida da ferida, menos bolhas e redução da dor com o uso de canabidiol. Embora esses resultados demonstram promessa, são necessários mais ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, para fornecer evidências científicas de nossos benefícios observados do canabidiol no tratamento da epidermólise bolhosa”, concluíram os pesquisadores.
Um paciente do Dr. Mauro Tarandash iniciou recentemente o tratamento com o canabidiol. Além do CBD em óleo para alívio das dores, ele também irá utilizar uma pomada para controle das lesões. O médico explica que ainda é cedo para informar sobre os resultados, apenas que, por enquanto, o óleo ajuda a diminuir o uso de opióides para a dor.
“Quem me procurou foi o pai de uma paciente que leu sobre esse estudo e foi atrás de alguém que estivesse prescrevendo. Eu expliquei que nunca usei para esse tipo de patologia, ele me mandou mensagem que usou o óleo na semana passada, importou o óleo e começou, é um paciente do RS que está em SP para fazer o tratamento.
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Tipos de epidermólise bolhosa
Simples | A forma simples se caracteriza por formação de bolhas nas áreas de maior atrito como mãos, pés, joelhos, cotovelos. As bolhas cicatrizam e às vezes não deixam marcas.
Distrófica | Na EB distrófica as bolhas saem por quase todo o corpo, na boca e esôfago. As bolhas que formam tubo digestivo podem cicatrizar causando estreitamento no esôfago, que leva a dificuldades para se alimentar. Há perda das unhas, e, quase sempre, há distrofias nas mãos e pés.
Juncional | A EB juncional se caracteriza por formação de bolhas por todo o corpo, boca, esôfago, com dificuldade para engolir. O mais grave problema é a má absorção dos alimentos, que evolui para a desnutrição, dificultando a cicatrização, e, quase sempre, levando os pacientes a óbito.
Fontes