A multimorbidade, caracterizada pela coexistência de duas ou mais condições crônicas em um mesmo indivíduo, como diabetes, hipertensão e obesidade, representa um desafio crescente para a saúde pública.
O manejo dessas condições exige abordagens integradas e inovadoras, especialmente diante do envelhecimento populacional e do aumento de doenças neurodegenerativas.
Dois estudos recentes destacam a importância da prevenção e do tratamento de condições crônicas no combate à demência. O primeiro, conduzido pelo grupo Cosmic, revela que o tratamento adequado da hipertensão pode reduzir em até 42% o risco de desenvolver demência. Já o segundo, publicado na revista The Lancet Global Health, aponta que 54% dos casos de demência na América Latina estão associados a fatores como obesidade, inatividade física e hipertensão. Esses dados reforçam a necessidade de uma abordagem integrada no tratamento de condições crônicas.
Para entender melhor esse cenário, conversamos com o neurologista e especialista em Cannabis medicinal, Dr. Marcos José de Mello Prandine, para entender se os canabinoides podem representar uma alternativa. Além de complementar tratamentos convencionais e oferecer benefícios que vão desde o controle da inflamação até a neuroproteção.
A relação entre hipertensão, obesidade e demência
A hipertensão e a obesidade estão intimamente ligadas aos processos inflamatórios e oxidativos, e o controle dessas condições é crucial para a manutenção da saúde neuronal a médio e longo prazo. “A hipertensão e a obesidade são fatores de risco fundamentais para o desenvolvimento de demências, especialmente as de origem vascular”, explica Dr. Prandine.
O médico destaca ainda o grande potencial da Cannabis medicinal na redução do processo inflamatório e da pressão arterial. “Ela pode melhorar a função dos vasos sanguíneos e diminuir o estresse oxidativo nas artérias, contribuindo de forma significativa para a prevenção de demências.”
Impacto da hipertensão e obesidade na saúde cerebral
A hipertensão não controlada pode causar danos aos vasos sanguíneos cerebrais, comprometendo o fluxo sanguíneo e gerando lesões neuronais. A obesidade, por sua vez, é considerada uma doença inflamatória crônica que desencadeia processos oxidativos e inflamatórios, acelerando a degeneração celular e favorecendo o acúmulo de proteínas como a beta-amiloide, associadas ao Alzheimer.
De acordo com o neurologista, estudos demonstram que “a obesidade e a hipertensão não tratadas aumentam significativamente o risco de demência. Cerca de 62% das pessoas com essas condições não controladas desenvolvem demência vascular, uma lesão cerebral 80% mais intensa em comparação com aquelas que realizam o tratamento adequado”, diz.
O papel da Cannabis medicinal no manejo da multimorbidade
A Cannabis medicinal, com seus compostos ativos como o CBD (Canabidiol) e o THC (Tetraidrocanabinol), tem se mostrado uma aliada no tratamento de múltiplas condições crônicas.
“O CBD e o THC atuam de forma complementar, retardando ou equilibrando os processos degenerativos associados às doenças crônicas”, explica Dr. Prandine. “Eles ajudam a modular o Sistema Endocanabinoide, que regula funções como sono, apetite, humor e resposta imunológica, contribuindo para uma melhoria global na qualidade de vida”, reforça o médico.
Além disso, a Cannabis medicinal pode reduzir a necessidade de polifarmácia, minimizando os efeitos colaterais e as interações medicamentosas que frequentemente complicam o tratamento de pacientes com multimorbidade.
“A terapia Canabinoide é versátil e pode atuar em múltiplos sistemas, como o nervoso central, o cardiovascular e o imunológico, promovendo um equilíbrio orgânico”, complementa o neurologista.
A importância do conhecimento do prescritor
Ainda de acordo com Prandine, apesar dos benefícios, o uso da Cannabis medicinal exige cuidado e expertise. “O THC, em altas doses, pode elevar a pressão arterial, enquanto o CBD tende a reduzi-la. Portanto, é fundamental que o prescritor conheça as propriedades de cada composto e suas interações com outros medicamentos”, alerta.
Nesse sentido, o tratamento deve ser individualizado, considerando as particularidades de cada paciente e o estágio de suas doenças. “A dosagem, o tempo de absorção e as interações medicamentosas precisam ser cuidadosamente avaliadas para garantir a eficácia e a segurança do tratamento.”
Importante!
A Cannabis medicinal pode agir como uma importante aliada no manejo da multimorbidade e na prevenção de demências. Sua capacidade de atuar em múltiplos sistemas, reduzindo a inflamação, melhorando a função vascular e protegendo os neurônios, oferece uma abordagem integrada e promissora.
No entanto, seu uso deve ser acompanhado por profissionais capacitados, garantindo que os benefícios sejam maximizados e os riscos, minimizados.
No Brasil, o uso da Cannabis Medicinal é permitido desde que com prescrição e acompanhamento de um profissional da área. Acesse nossa plataforma e marque uma consulta!