A planta Cannabis sativa L tem atraído cada vez mais interesse devido a seus benefícios medicinais em diversos cenários clínicos. Os canabinoides interagem com o sistema endocanabinoide (SEC), afetam o sistema nervoso e desempenham papéis importantes na regulação do sistema imunológico. Dessa forma, a relação entre SEC e Imunologia tem sido objeto de estudos e pesquisas.
O sistema imunológico é crucial na defesa do organismo contra patógenos e na manutenção da homeostase
O sistema imunológico é crucial na defesa do organismo contra patógenos e na manutenção da homeostase. Nesse sentido, sua relação com o SEC é mantida através de diversos receptores.
Podemos destacar os receptores CB2, entre os mais conhecidos, mas também os TRPs, 5HT1A, PPARα. A ativação de células imunes baseada no sistema endocanabinóide, como glóbulos brancos (células B, células T, monócitos, micróglia) ou astrócitos (células de suporte do SNC), por exemplo, modula a liberação de citocinas pró-inflamatórias (como TNF-α, IL-1β, IL-6) e, assim, desempenha um papel significativo na cura de estados inflamatórios.
Estudos pré-clínicos indicam que o CBD pode influenciar na diferenciação e na função das células imunológicas. Ele parece modular a atividade das células T, ajudando a manter o equilíbrio entre as células T reguladoras e as células T efetoras.
A inflamação moderada fornece um efeito protetor benéfico contra infecções e imunidade adaptativa de longo prazo contra patógenos específicos. No entanto, a inflamação crônica ou descontrolada, resultante da ativação incessante do sistema imunológico, muitas vezes causa dano tecidual persistente.
Condições crônicas, tais como várias doenças autoimunes (artrite reumatóide, lúpus, SII) ou doenças neurodegenerativas (Parkinson, Alzheimer, Esclerose Múltipla), com componentes fisiopatológicos em comum, como estresse oxidativo e neuroinflamação, beneficiam-se da ativação do SEC e sua consequente modulação.
Estudo contraditorios sobre Cannabis e sistema imune
Entretanto, é importante notar que os estudos sobre os efeitos da Cannabis no sistema imunológico muitas vezes são contraditórios. Enquanto alguns sugerem efeitos positivos na modulação da resposta imune, outros não encontraram resultados consistentes. Além disso, a interação dos canabinoides com o sistema imune pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo via de administração, dose e intervalo de uso, outros fitocanabinoides e padrão de terpenos presentes no composto. Sem deixar de citar a condição de saúde específica do indivíduo. Em alguns casos, a administração de tais medicamentos pode conter o risco de suprimir as reações imunológicas desejadas contra patógenos e células tumorais.
Dessa forma, é crucial que mais pesquisas e estudos sejam realizados, para compreender todas essas relações entre os fitocanabinoides, o SEC e o sistema imunológico, e qual a melhor maneira para a aplicação clínica, na prática, com o paciente. Como sempre, qualquer uso terapêutico de fitocanabinóides deve ser supervisionado por profissional médico experiente.
Referência:
Almogi-Hazan O, Or R. Cannabis, the Endocannabinoid System and Immunity-the Journey from the Bedside to the Bench and Back. Int J Mol Sci. 2020 Jun 23;21(12):4448. doi: 10.3390/ijms21124448. PMID: 32585801; PMCID: PMC7352399.
O Portal Cannabis & Saúde conta com colunistas especializados, que produzem um conteúdo sério e com rigor científico em relação à Cannabis. Todas as colunas e informações apresentadas nelas são responsabilidade dos próprios colunistas. Da mesma forma, a propriedade intelectual dos textos é de seus autores.
Conheça a inspiradora história da Dra. Marina
Recentemente contamos aqui a inspiradora história da Dra. Marina, que passou de paciente à médica prescritora. Isso porque, ainda no primeiro ano de faculdade, uma rara doença autoimune mudou a trajetória da Dra. Marina.
Cannabis e os sintomas da neuromielite óptica
No ano de 2020, Dra. Marina decidiu pelo tratamento canabinoide. “Comecei o uso da Cannabis para os meus sintomas, principalmente espasticidade, e foi excelente”.
“A primeira vez, tomei de noite, pois sabia que poderia dar sono, e fui dormir. Quando levantei no dia seguinte, meu caminhar já era outra coisa. Na troca de passo, eu sentia uma travada, como se fosse uma cãibra, e já notei uma diferença importante”.
Animada, decidiu estudar.
“Assisti algumas aulas sobre Cannabis, decidi fazer um curso, e me apaixonei. É um mundo que eu gosto de estudar, pois consegue abraçar o paciente como um todo. Não olha somente para uma queixa de uma doença.”
Logo, assumiu o controle sobre seu tratamento. “Usei, por uns seis meses, o canabidiol isolado, depois passei para o full spectrum, e já estava estudando a possibilidade de reduzir outras medicações”.
“Usava medicação para dormir, anticonvulsivante para diminuir a espasticidade e os sintomas da dor neuropática, mas fui tirando e ficando só com a Cannabis”.
Agende sua consulta
Se você deseja marcar uma consulta com uma profissional que conhece a fundo os dois lados da Medicina, clique aqui, para marcar uma consulta com a clínica geral Marina Vicente de Souza.
Pela plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde, você encontra mais de 250 médicos e dentistas, com diversas especialidades e experiência na prescrição e acompanhamento do tratamento canabinoide.