Segundo o Cardiômetro, índice criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para contabilizar os óbitos causados por doenças cardiovasculares no Brasil, somente em 2021 cerca de 300 mil pessoas foram vítimas fatais de doenças originadas no coração.
A alta taxa de mortalidade em decorrência de problemas cardíacos é resultado da falta de cuidados com a saúde. Médicos especialistas estimulam a adoção de hábitos mais saudáveis, de exercícios físicos e de uma rotina de cuidados preventivos, medidas terapêuticas e acompanhamento médico.
A medicina avança a cada ano e tecnologias permitem um diagnóstico preciso de diferentes cardiopatias. Devido às inovações aplicadas na área cardíaca, a taxa de sobrevida dos pacientes aumentou em relação aos anos anteriores. Entretanto, esse avanço não atingiu com a mesma proporção a qualidade de vida das pessoas que sofrem com doenças do coração.
Pessoas acometidas com insuficiência cardíaca, por exemplo, sofrem rotineiramente com a falta de fôlego para atividades diárias, como subir uma escada, comer ou tomar banho, e isso influencia diretamente na qualidade mínima de vida requerida para conviver com doenças muitas vezes incuráveis.
Os cuidados paliativos aumentam o conforto desses pacientes, tanto físicos quanto psíquicos. A Cannabis medicinal, então, surge como uma opção às pessoas que buscam um tratamento alternativo aos tratamentos tradicionais, muitas vezes invasivos ou embasados na prescrição de medicamentos com efeitos colaterais variados e extremos.
Neste artigo, discutimos mais sobre o uso do canabidiol para o tratamento de cardiopatias, segundo pesquisas e relatos médicos, além de apontarmos os benefícios desse tipo de tratamento alternativo. Confira!
Quais são as principais cardiopatias e qual a importância dos cuidados com o coração?
O coração é um órgão extremamente ativo, que bombeia o fluxo sanguíneo por todo o nosso corpo. Ele é formado por quatro câmaras — átrio direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo.
Além disso, o sistema cardiovascular conta com artérias coronárias que fornecem sangue ao músculo cardíaco e o pericárdio, tecido nervoso que conduz os sinais neurológicos complexos que regem a contração e relaxamento do órgão.
A doença cardíaca acontece quando uma dessas estruturas não funciona corretamente. Logo, ela pode ter inúmeras causas e consequências.
As doenças coronarianas mais comuns são arritmia, hipertensão, hipotensão, infarto, taquicardia, angina, tumor cardíaco, artrose, aterosclerose, arteriosclerose, insuficiência cardíaca, cardiomiopatia, estenose, fibrilação, pericardite, sopro, doença arterial periférica, endocardite e prolapso da válvula mitral.
Muitas dessas doenças estão associadas a um conjunto de fatores de risco — stress, tabagismo, sedentarismo, obesidade e colesterol elevado — que podem ser controlados por meio da adoção de um estilo de vida mais saudável. Veja mais sobre algumas desses problemas de saúde a seguir.
Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
A hipertensão arterial sistêmica ocorre quando o paciente apresenta níveis de pressão arterial acima de valores considerados padrão para a sua idade e condição física. Atualmente, a meta definida para um adulto com condições de saúde normais é de 120/80 mmHg.
A HAS traz consequências de médio e longo prazo para o paciente. Além das lesões ocasionadas no coração, também é possível que ocorram o comprometimento de órgãos como o cérebro e os rins, assim como problemas nas artérias e na retina.
Em ocorrências mais graves, o HAS pode causar danos severos a esses órgãos, causando, entre outras doenças, cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, acidente vascular cerebral (AVC), demência, aneurismas e perda de visão.
Cardiopatia isquêmica (CI)
A cardiopatia isquêmica acontece com a redução ou interrupção da circulação sanguínea em uma ou mais artérias coronarianas. O quadro pode evoluir de forma assintomática, o que pode gerar dores mais severas no tórax e ocasionar infartos ou ataques cardíacos sem que o paciente possa tomar medidas preventivas.
Em função da diminuição do fluxo sanguíneo nessa região, também pode ocorrer a lesão no músculo do coração, com possível redução da força de contração ou de bombeamento do fluxo sanguíneo que, consequentemente, ocasiona uma parada cardíaca e a morte do paciente.
Insuficiência Cardíaca (IC)
A insuficiência cardíaca é caracterizada pela diminuição do fluxo sanguíneo que parte do ventrículo esquerdo para o restante do nosso corpo.
Como consequência dessa deficiência, o volume de sangue que chega aos demais órgãos do corpo é insuficiente para atender todas as demandas de funcionamento dos nossos sistemas, tanto em relação ao oxigênio quanto aos nutrientes que contribuem para o funcionamento adequado do nosso organismo.
Por conta disso, atividades simples e rotineiras que seriam realizadas facilmente se tornam difíceis e cansativas, diminuindo a condição física e de força do paciente, assim como a sua qualidade de vida.
Em geral, a IC pode ser resultado de uma hipertensão arterial maltratada ou de uma cardiopatia isquêmica com danos severos ao músculo do coração.
Como a doença é progressiva, é necessário que o paciente conheça as suas limitações e trate os efeitos da cardiopatia, tanto para melhorar a sua qualidade de vida quanto para reduzir os riscos de arritmias e de morte súbita.
Fibrilação atrial (FA)
A fibrilação atrial pode parecer uma arritmia cardíaca, mas na verdade é a alteração do ritmo normal do coração em função do envelhecimento do órgão. A doença pode causar palpitações recorrentes, quadros de mal-estar e tonturas em casos mais leves, mas ocasionar um AVC em situações mais graves. Além de medicamentos anticoagulantes as pessoas com fibrilação atrial devem manter hábitos de vida mais saudáveis e a saúde mental equilibrada.
Quais estudos atestam os benefícios do canabidiol para várias doenças?
Segundo a Agência Senado, dores musculares e nas articulações, ansiedade, tensão nervosa, insônia, espasmos, tremores, convulsões, enjoos e falta de apetite estão entre as ocorrências frequentes que podem ser tratadas ou amenizadas pela Cannabis medicinal.
Por esse motivo, o CBD constou como substância aprovada para uso pelos atletas na Olimpíada de Tóquio, primeira vez em que o canabidiol foi liberado em um evento olímpico.
Além disso, a liga de futebol americano NFL concedeu um apoio de US $1 milhão aos estudos científicos que agreguem informações sobre os possíveis benefícios da substância no tratamento de lesões neurológicas e inflamações em jogadores submetidos a impactos constantes.
Um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology compartilhou que mais de 2 milhões de pessoas com problemas cardíacos usam Cannabis.
Doenças cardiovasculares como A-Fib, ou fibrilação atrial, podem ser fortemente combatidas com o uso da Cannabis, que reduz significativamente a insuficiência cardíaca do paciente.
Um novo estudo publicado no Journal of Psychopharmacology descobriu que o CBD influencia um melhor fluxo sanguíneo no cérebro, ajudando a elevar a saúde de pacientes acometidos por doenças do sistema nervoso.
Como funciona o tratamento com o Cannabis Medicinal em doenças do coração?
Conforme falamos, muitas cardiopatias são incuráveis, enquanto outras demandam cirurgias e tratamentos invasivos para agregar mais qualidade de vida aos pacientes.
Doenças do coração causam sintomas diversos, desde fadiga e dores mais simples, até desmaios, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral (AVC), arritmia e insuficiência cardíaca nos casos mais graves.
Médicos e associações em geral buscam constantemente opções terapêuticas como a aplicação da Cannabis, para o tratamento desses efeitos e sintomas originários de cardiopatias.
Além disso, o princípio ativo da Cannabis é usado para tratar causas subjacentes de doenças cardíacas, como ansiedade, diabetes, estresse, inflamações e síndromes metabólicas, retardar a progressão de algumas doenças cardíacas e reduzir o risco de desenvolver estágios mais graves dessas más condições do coração.
Segundo a médica Maria Teresa Jacob, membro da International Association for Cannabinoid Medicines (IACM), o uso da substância “melhora a motilidade do coração e a contratura do miocárdio, já que promove uma vasodilatação periférica”.
Por seus benefícios para o sistema cardiovascular — um estudo publicado pela revista Neuropsychopharmacology atribuiu ao uso da Cannabis medicinal à redução do risco de AVC e à melhora do fluxo e oxigenação sanguíneos.
Além disso, o CBD é responsável pela estabilização dos níveis de açúcar sanguíneo, pela promoção da perda de peso, pela redução da pressão arterial e pela proteção das artérias contra o estresse oxidativo — o que faz com que a substância seja amplamente indicada para o tratamento de cardiopatias nos dias atuais.
A substância ainda é usada no tratamento de outras doenças e sintomas como epilepsia refratária, esclerose múltipla, tipos raros de câncer, Parkinson, Alzheimer, dores neuropáticas, espasmos e convulsões. Pessoas dentro do espectro autista também podem usar o CBD para obter maior qualidade de vida.
Em função de todas essas aplicações e benefícios, pesquisadores do Instituto do Coração (InCor) e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com a empresa canadense de Cannabis medicinal VerdeMed estão desenvolvendo um estudo sobre os efeitos da Cannabis para a saúde do coração.
O objetivo é atestar que o canabidiol é uma terapia alternativa que aumenta a qualidade de vida dos cardiopatas por melhorar as condições clínicas e psíquicas dos doentes. Iniciada em agosto, a pesquisa contou com 105 pacientes do InCor acometidos por insuficiência cardíaca.
Metade desses pacientes receberá, durante dois anos, canabidiol 100 mg/ml da Verdemed, enquanto a outra metade receberá placebo. Todos serão acompanhados durante o período por uma equipe legada de pesquisadores e resultados de exames serão comparados ao final do projeto.
Segundo o cardiologista, professor da FMUSP e diretor do Núcleo de Insuficiência Cardíaca e Dispositivos Mecânicos para Insuficiência Cardíaca do InCor, Edimar Bocchi, que lidera a pesquisa:
“O CBD pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas queremos fazer o estudo científico para medir este impacto positivo e ainda verificar se há mudanças no quadro clínico geral”.
Como o uso da Cannabis para o tratamento medicinal tem avançado no Brasil?
A ONU classificou a Cannabis como um elemento com propriedades medicinais reconhecidas. Muitos países como Canadá, México, Uruguai, alguns estados dos Estados Unidos, além de toda a Europa e Austrália, aceitam o produto para o uso medicinal.
O Brasil está na retaguarda desse movimento, com leis retrógradas e muito preconceito. Enquanto isso, famílias de pacientes, associações e empresas que pretendem atuar nesse ramo, que pode chegar a faturar bilhões anualmente, atuam para reverter essa situação — segundo a Anvisa, em 2020 foram importados cerca de 45 mil produtos à base de Cannabis, uma produção que poderia ser 100% nacional.
Segundo a Agência Senado, o Projeto de Lei (PL) 399/2015 tem uma proposta bastante ampla de regulamentação, que vai desde o cultivo de Cannabis, tanto para extração de CBD como de THC e outros canabinoides, até a fabricação e comercialização de produtos, com uma série de exigências para garantir qualidade, eficácia e segurança aos processos e aos resultados finais.
O PL também autoriza a pesquisa científica da Cannabis de um modo geral e regulamenta o plantio de cânhamo (sem THC) para uso industrial. Como o mercado de Cannabis tem um potencial de movimentação bilionário da economia, há uma crescente discussão sobre o assunto, tanto no congresso nacional quanto na sociedade.
Aos poucos, os parlamentares tomam conhecimento da questão e se posicionam quanto à pauta. Em âmbito social, uma recente pesquisa do Datasenado elaborada a partir da entrevista de 2.400 cidadãos de todas as unidades da Federação entre 14 a 27 de junho de 2019, aponta que 79% dos brasileiros são favoráveis ao uso da Cannabis medicinal e que os medicamentos produzidos com o CBD seja distribuídos gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Além disso, 75% dos entrevistados são favoráveis à fabricação de remédios à base de Cannabis pela indústria farmacêutica no Brasil, embora grande parte dessas pessoas ainda desconhecem a ampla gama de aplicações da substância no tratamento, prevenção e contenção de sintomas de diversas doenças.
Uma das principais dificuldades de pessoas com doenças que poderiam ser tratadas com o canabidiol é a busca por médicos que consigam prescrever a substância com a dosagem adequada para a especificidade da sua cardiopatia.
Além disso, há uma enorme burocracia para efetivar pedidos de importação do produto à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), assim como dificuldades para incorrer ações judiciais cujas decisões concedam um salvo-conduto para o plantio e extração de óleos medicinais da Cannabis.
Você pode agendar uma consulta com um médico especialista da nossa plataforma de agendamento para minimizar esse problemas e encontrar a solução para a sua doença do coração.