A cinomose é uma doença grave e altamente contagiosa que ataca cachorros em todo o mundo e a Cannabis surge como uma poderosa aliada no tratamento da infecção e também das sequelas. Causada por um vírus, ela pode levar à morte do animal, principalmente os que possuem a saúde já comprometida.
Em conjunto com a terapia já estabelecida, os efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e neuroprotetores da Cannabis potencializam a resposta do animal à infecção da cinomose. Atualmente, pesquisas científicas analisam essa relação e podemos ver alguns exemplos, como esse estudo de caso realizado por uma estudante da graduação em Medicina Veterinária pela UNICEPLAC (Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos), de Brasília.
A autora do estudo, a brasileira Caroline Audrey Pereira, concluiu: “Os compostos da Cannabis sativa são importantes alternativas para o tratamento da cinomose, sendo um bom anti-inflamatório e analgésico, quando comparado a outros fármacos, além do seu potencial na melhora de alterações do sistema neurológico. Sugere-se mais estudos sobre a efetividade da ação dos compostos de Cannabis sativa na medicina veterinária, a fim de esclarecer e definir protocolos para a administração de derivados terapêuticos da Cannabis sativa.”
O que é a cinomose
A infecção da cinomose é causada por um vírus chamado Paramyxovirus, do gênero Morbilivírus. Os cães contraem a doença ao terem contato com urina, fezes ou secreções contaminadas. Rapidamente, ela ataca o sistema digestivo, respiratório até chegar ao sistema nervoso e afetar algumas funções cerebrais.
A melhor forma de prevenir a cinomose é pela vacinação. As vacinas conhecidas como V8, V10 e V11 oferecem proteção contra o vírus e precisam de uma dose de reforço anualmente. Por isso, é fundamental que o esquema vacinal esteja completo no seu pet.
Tratamento para cinomose com Cannabis
Inicialmente, a doença ataca os sistemas digestivo e respiratório, causando diarreia, enjoos, anorexia, febre e secreções nos olhos e nariz. Em seguida, quando o vírus chega ao sistema nervoso, ela pode causar convulsões, paralisias, tremores e falta de coordenação. Portanto, um tratamento nos estágios iniciais da infecção aumentam muito as chances de sobrevivência.
Para a veterinária e fundadora da Red Cannabis Medicinal Veterinária Brasil, Vanessa Seabra, a utilização de Cannabis no tratamento da cinomose oferece muitos benefícios, assim como costumamos ver em pacientes humanos que utilizam a planta.
“A fisiopatologia da cinomose em cães é muito semelhante com a esclerose múltipla em humanos, ou seja, o vírus provoca a destruição das bainhas de mielina e atrapalha a conexão entre os neurônios, levando-os a morte. A Cannabis consegue diminuir a inflamação, tem ação antioxidante, diminui a destruição da bainha de mielina (neuroproteção) e melhora a reposta imune do organismo frente aos desafios impostos pelo vírus e possíveis bactérias oportunistas. Sempre em conjunto com a terapia já estabelecida, a cannabis age como um potencializador do sistema endocanabinoide na resposta a infecção.”
Cannabis + tratamentos convencionais
A Cannabis sozinha não é capaz de promover a reabilitação dos animais infectados pela cinomose. Portanto, é necessário utilizar um repertório de opções terapêuticas que trarão qualidade de vida ao cachorro. Lembrando que não existe um tratamento específico para a cinomose, os cuidados são com os sintomas para evitar que a doença progrida. O cão infectado tem grandes possibilidades de seguir uma vida normal, se tratado adequadamente. Dra. Vanessa Seabra destaca como é importante analisar cada caso.
“Cannabis realmente ajuda bastante, mas sempre em conjunto com as demais terapias. É importante frisar que a cannabis não é panaceia, não é milagre. Deve-se analisar o paciente, o quadro que ele apresenta, e, em conjunto com as demais medicações disponíveis, adequar o quimiotipo e a concentração aos efeitos terapêuticos esperados.”
Apesar dos estudos e casos de sucesso, não é permitido que veterinários prescrevam Cannabis para seus pacientes no Brasil. O Conselho Federal de Medicina Veterinária recomenda que os profissionais aguardem a regulamentação por parte da Anvisa para evitar constrangimentos.