O portal Cannabis & Saúde realizou na quarta-feira passada (21) nossa 3ª Live Especial da campanha CBD no Esporte. O projeto acontece durante as primeiras Olimpíadas com o canabidiol liberado, desde a instituição do doping, em 1967. O convidado foi o ortopedista Dr. Ricardo Ferreira, especialista em cirurgia de coluna e manejo de dores crônicas.
Durante mais de uma hora, o médico explicou sobre o uso, não só do CBD, mas dos demais canabinoides no controle da dor, regeneração muscular e recuperação de atletas. Ferreira tem foco no esporte e foi médico voluntário durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
Ele nos explicou que sempre houve receio, no meio médico, de prescrever canabidiol para atletas, justamente por causa do exame antidoping. Mas esse medo não existe mais, pois o CBD deixou de ser proibido e já existem opções isoladas no mercado que dão segurança ao atleta profissional.
“Os canabinoides, não só o CBD, têm propriedades antiinflamatórias e antioxidantes que, em parte, são explicadas com relação a supressão de substâncias pró-inflamatórias no organismo. Mas eles também têm efeitos que a gente não consegue explicar do ponto de vista científico, farmacológico. Só que a prática já diz isso”, afirma.
“Eu não quero ser uma pessoa que leve só o lado prático ou científico, mas quem é atleta de alto desempenho já reconhece o valor da Cannabis, tanto pela questão da prevenção de lesões, como na recuperação, mas também no controle da dor”, conclui.
Ferreira explicou que hoje as principais ligas esportivas profissionais dos Estados Unidos, como a de basquete (NBA), futebol americano (NFL), Baseball (MLB) e Hockey (NHL), já não punem mais o atleta que utiliza a Cannabis.
“Essa não vigilância como substância antidoping está relacionada ao alto consumo. Quer dizer, vários atletas com histórico de longo prazo, gerações de 30 anos atrás que já usavam a Cannabis como forma de melhorar a condição física”.
Cannabis melhora a performance?
O ortopedista ponderou que existe, na comunidade médico esportiva, o questionamento sobre se a Cannabis melhora ou não a performance do atleta. Mas esse debate se dá apenas com relação ao THC. Sobre o CBD já foi superado, e não aumenta a performance.
“Mas sem dúvida, o CBD melhora a qualidade de vida e a longevidade do atleta. Mesmo que a ciência ainda não tenha conseguido explicar como, empiricamente isso já existe há anos, principalmente onde existe esse acesso mais fácil”, conclui.
Para o médico, a Cannabis pode aumentar a performance no sentido de a pessoa ficar mais relaxada pré-competição e se sair melhor na prova ou jogo: “mas até que ponto isso é doping ou não, isso vai ser discutido nas próximas décadas”.
Dor crônica x dor aguda
“Para a dor crônica, que tem um componente neuropático, já existe uma evidência científica muito ampla sobre a modulação da dor. Então, não existe nenhum tipo de dúvida, do ponto de vista científico, a respeito da importância dos canabinoides. Com relação a dor aguda é que ainda não existe uma base muito grande, até porque os medicamentos que temos na farmácia costumam ajudar. Temos antiinflamatórios, opioides”, explica o ortopedista.
Ricardo Ferreira explica, no entanto, que quando se fala de atletas, é diferente.
“O atleta tem predisposição a sentir dor, e ele já sabe que vai sentir aquela lesão antes do treino ou da prova. Por isso, a utilização dos canabinoides pode ser feita inclusive de forma preventiva. Você já toma o canabidiol antes da prática esportiva”.