A dona Deusamar Ferreira, de 37 anos e moradora de Caruaru (PE), é mãe de um menino com transtorno de espectro autista com grau severo, o Christopher. O menino completou agora em outubro 9 anos de idade, mas para a mãe foi só em 2020 que o menino realmente “nasceu”. E foi a Cannabis medicinal que trouxe a criança para a vida.
Depois de iniciar o tratamento, Christopher passou a fazer atividades simples do dia a dia, mas que eram impossíveis antes do óleo à base da planta da maconha. Como ir ao banheiro sozinho, por exemplo. No último aniversário, foi a primeira vez que ele cantou os parabéns e assoprou a velinha. Tudo sozinho. Mas de todos os pequenos avanços do moleque, um deles tocou demais a dona Deusamar:
“Eu coloquei as cinco gotinhas na língua dele, e aí ele chegou pra mim, olhou nos meus olhos e disse: ‘mamãe, eu te amo’. Eu parei tudo que estava fazendo e só chorei, me emocionei demais. Foi a primeira vez que ele falou que me amava”.
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Nem sempre foi assim
Muito pelo contrário. O Christopher é uma criança com autismo severo e possuía um comportamento bastante violento. Se agredia com frequência na cabeça e no corpo, se mordia, se jogava contra parede.
“Vizinhos achavam que eu estava maltratando ele”, lembra a mãe.
Por isso, vivia sedado com risperidona e outros medicamentos pesados. Ou seja, muito pouco ou quase nada interagia com a família.
Até os 3 anos, a criança parecia ser “normal”. Chegou a falar as palavras mamãe e papai, mas dias depois tudo começou a desandar.
“Eu vi relatos de crianças autistas com o mesmo aspecto dele. Fui nos postinhos de saúde, e o que os médicos diziam é que era manha, muito mimo de mãe. De qualquer forma, meu filho continuava estranho, e aí começou a vir a agressividade. O comportamento foi piorando e eu não descobria o que era”.
Até que a Deusamar decidiu procurar um médico particular. Foi um neuropediatra que deu o diagnóstico: “meu coração sabia que meu filho era autista, mas minha mente não queria aceitar.
Logo após essa consulta, Christopher começou a fazer uso de risperidona, remédio que dona Deusamar chama de veneno por conta do efeitos sedativo e colaterais, sobretudo a alta carga hormonal.
Mas ela sempre pesquisava por tratamentos alternativos, mais naturais, até que encontrou um reportagem sobre a Cannabis no tratamento do autismo. Teve dificuldades para encontrar um médico prescritor. Até que uma pessoa indicou o pernambucano Dr. Hélio Mororó, pesquisador e defensor da medicina canabinoide.
“Deixei de fazer minha feira, juntei todo dinheiro que eu tinha para fazer essa consulta, mas ele foi maravilhoso e não me cobrou nada!”, conta dona Deusamar.
A mãe lembra que depois que o menino começou com a Cannabis, passou a apresentar mudanças significativas: “começou a olhar a gente nos olhos, a obedecer, parou o choro, porque ele chorava da hora que acordava a hora de dormir”.
“Ele está começando a vida aos 9 anos”
“Esses outros medicamentos são paliativos. A criança está agitada, aí você dá um risperidona, dopa o menino, deixa ele lesado. Isso não resolve, é não deixar a criança ter vida. Ele está começando a vida dele agora, aos 9 anos”.
A dona Deusamar diz que nunca teve preconceito em tratar o menino com um óleo extraído da mesma planta da maconha e lamenta que muitas famílias se privem de tratar seus filhos com esse remédio justamente por preconceito: “se fosse para drogar meu filho, eu continuava com a risperidona!”.
Hoje o Christopher aos poucos vai se integrando a rotina das crianças da mesma idade dele. E já está ansioso por conhecer novas crianças! Isso porque a Deusamar está grávida de novo, e vem aí mais um menino. E todo dia o primogênito pergunta: “mamãe, e o irmãozinho?”.