A anestesia é uma intervenção médica muito importante, graças a ela podemos passar por outros procedimentos médicos ou exames sem sentir dor. No passado, as técnicas para causar analgesia eram mais arcaicas: congelar a região, hipnotizar o paciente ou até embriagá-lo.
Atualmente, existe uma especialidade médica voltada para a anestesia: a anestesiologia. No geral, esses profissionais utilizam medicamentos para gerar a analgesia agindo por uma variedade de mecanismos fisiológicos.
Conversamos com a Dra. Luana Cunha de Oliveira, especializada em anestesiologia, para entender como a Cannabis medicinal ou não interage com os medicamentos anestésicos e quais cuidados devemos tomar para fazer uma cirurgia, por exemplo.
Informe seu médico que usa Cannabis
Como a Cannabis tem propriedades analgésicas, podemos cair no erro de achar que quem utiliza a planta com fins medicinais ou não precisaria de menos anestesia. No entanto, a Dra. Luana ressaltou que há estudos dizem o contrário:
“Os estudos realizados até o presente momento possuem resultados conflitantes, mas há indícios de que o consumo de Cannabis possa aumentar o consumo de anestésicos como o propofol, fentanil, midazolam e sevoflurano.
O uso crônico de Cannabis, medicinal ou recreativa, pode interferir, sim, na metabolização das drogas anestésicas. E, por isso, o seu uso deve ser sempre informado ao médico anestesiologista.
O uso agudo de derivados de Cannabis ricos em THC antes da cirurgia também está relacionado com alterações hemodinâmicas, como taquicardia e hipertensão no transoperatório.”
Portanto, fica a recomendação de evitar o uso de Cannabis antes de ir para a sala de cirurgia. Caso precise relaxar antes do procedimento, utilize outro tipo de intervenção para superar a ansiedade.
Pós-operatório, Cannabis e anestesia
Também é importante lembrarmos que muitas pessoas precisam continuar tomando anestésicos após uma cirurgia. Nesse sentido, a Dra. Luana lembrou que nesse período a Cannabis também pode interagir com esses medicamentos.
“Apesar da Cannabis medicinal possuir como uma de suas principais indicações o tratamento da dor crônica, os estudos não conseguiram comprovar os seus benefícios analgésicos na dor pós-operatória. Alguns estudos demonstraram que usuários crônicos necessitaram de mais medicamentos opioides (como a morfina) no pós-operatório do que os que não consumiam derivados de Cannabis.”
Orientações para os profissionais da anestesiologia
Por enquanto, no Brasil, não existe um consenso sobre como o profissional da anestesiologia deve atuar em pacientes que já utilizam Cannabis. O tema é recente e as pesquisas para guiar os especialistas estão em andamento. Dra. Luana Cunha de Oliveira lembrou que, por isso, cada paciente precisa de uma avaliação individual.
“O Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Anestesiologia não possuem ainda diretrizes sobre como orientar pacientes que utilizam Cannabis no pré e pós-operatório. Recentemente, a Sociedade Americana de Anestesia Local e Medicina da Dor, organização que regula a prática nos EUA, publicou diretrizes a fim de orientar os médicos anestesistas. Porém, suas diretrizes são controversas devido ao baixo nível de evidência dos estudos citados.
Cada caso deve ser analisado individualmente a depender de: tipo de canabinoide utilizado, dose, forma de administração, idade do paciente, condições clínicas pregressas, uso concomitante de outras substâncias, tipo de cirurgia entre outros.”
Nesse link você pode ver as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesia Local e Medicina da Dor (ASRA na sigla em inglês) que a Dra. Luana mencionou.
Se você usa Cannabis com fins medicinais ou não e vai fazer uma cirurgia, você pode tirar suas dúvidas sobre anestesia com a Dra. Luana, independente da complexidade do procedimento. Ela é uma dos mais de 200 médicos que estão na nossa plataforma de agendamentos e você pode marcar uma consulta online com ela. Marque já sem sair de casa.