Medicamentos à base de Cannabis sativa podem ser uma alternativa para 42,8 milhões de indicações médicas no Brasil. É o que mostra um levantamento realizado pela healthtech de Cannabis medicinal Onixcann com base nos dados de 11 instituições, entre eles o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde.
Importante salientar que não são 42,8 milhões de pacientes, mas de indicações, porque o mesmo paciente pode ter duas ou mais patologias. No ano passado, durante a regulamentação da Cannabis medicinal no Brasil, a Anvisa informou que o número de pacientes beneficiados por medicamentos à base da planta seria em torno de 13 milhões.
“Levantamos as doenças que possuem alguma comprovação clínica ou trabalho científico que embasasse aquela indicação. Depois, listamos as incidências dessas doenças no Brasil, com base nos dados oficiais publicados pelas sociedades brasileiras de cada uma dessas enfermidades. Por fim, aplicamos a cada uma das doenças o índice de refratariedade. Consideramos a refratariedade a última opção para o tratamento com canabinoides, tendo em vista que eles não estão tendo nenhuma resposta positiva aos medicamentos hoje disponíveis”, destacou Luiz Álvaro Marcondes, diretor de planejamento da healthtech OnixCann e um dos organizadores da pesquisa.
“Para esses pacientes, a Cannabis pode ser uma indicação. Não quer dizer que será a solução, mas esse é o universo possível. E mesmo assim fomos ultra conservadores, porque a gente está considerando apenas o tratamento para os refratários”, concluiu.
O levantamento utilizou dados da Instituto Nacional do Câncer (Inca) e das sociedades brasileiras do Alzheimer (Abraz) Diabetes, Dor (Sbed), Genética (SBG), Nefrologia (SBN), Obesidade (Abeso), Ortopedia e Traumatologia (SBOT), além do Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP.
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A estimativa mais conservadora é de 3,6 milhões de pacientes no Brasil, diz cientista
O neurocientista Dr. Fabricio Pamplona é um farmacologista de canabinoides que acompanha de perto a pesquisa sobre Cannabis no Brasil. O cientista sustenta que se considerarmos apenas as duas condições em que já está sacramentada a comprovação científica de eficácia da Cannabis, que são epilepsia e dor, seriam em torno de 3,6 milhões de pacientes beneficiados no país.
“No mínimo, mesmo se for apenas na linha do canabidiol para epilepsia, a gente tem que falar em 600 mil pessoas só com epilepsia refratária, que é a maior evidência clínica possível”, explica.
“Mas se a gente falar de dor crônica refratária ao tratamento, esse número é de mais ou menos 3 milhões de pessoas que não tratam essa dor com nada. Então, uma estimativa super conservadora, só onde tem mais evidência, tem que ser 3,6 milhões de pessoas no Brasil”, conclui Pamplona.
Para o pesquisador, as demais patologias que estão sendo tratadas de maneira eficaz com Cannabis ainda carecem de pesquisas mais sacramentadas. O que não significa que a planta não seja um tratamento possível. para elas.