Uma das missões mais urgentes e complexas da comunidade científica é encontrar tratamentos mais eficazes contra vários tipos de câncer. Nesse sentido, os canabinoides têm se destacado tanto por sua eficácia quanto pela baixa incidência de efeitos colaterais.
Assim, nos últimos anos, o interesse dos pesquisadores no potencial dos derivados da Cannabis foi se transformando. Em um primeiro momento, o foco estava em aliviar os efeitos colaterais do tratamento. Hoje em dia se analisa a possibilidade de que os canabinoides tenham efeito anticâncer em alguns casos.
Recentemente, um estudo publicado na revista Nature destacou que os canabinoides têm efeito antileucêmico, abrindo a possibilidade de aprimorar tratamentos para a leucemia, mais especificamente na leucemia mieloide aguda. De forma bem resumida, através da interação de derivados da Cannabis com o sistema endocanabinoide, os compostos da planta induziriam à morte as células cancerígenas.
O tratamento da Fabiana Justus
Nas últimas semanas, a doença ganhou visibilidade devido ao tratamento para leucemia mieloide aguda que a influenciadora Fabiana Justus está fazendo. A filha do empresário Roberto Justus tornou público o seu diagnóstico em janeiro deste ano e compartilha as etapas da recuperação na sua conta no Instagram, que tem cerca de 4 milhões de seguidores.
O tratamento que a influenciadora digital faz inclui quimioterapia e radioterapia. Mas, de acordo com o estudo científico que mencionamos, podemos ter em um futuro próximo a Cannabis como mais uma alternativa no repertório de cuidados para o tratamento da leucemia mieloide aguda.
Efeito antileucêmico dos canabinoides
Cientistas vinculados à Universidade de Sevilha, na Espanha, fizeram análises em células e em animais no laboratório utilizando um canabinoide sintético chamado WIN-55. Ele se conecta aos receptores canabinoides 1 (CB1) de forma muito semelhante ao delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), um dos principais canabinoides produzidos na planta.
Os resultados foram positivos e o WIN-55 demonstrou um poderoso efeito antileucêmico, superando até mesmo a citarabina, um medicamento injetável indicado para o tratamento da leucemia mieloide aguda, além de outras condições. Nesse sentido, os animais tratados com o canabinoide mostraram melhoras na sobrevida em comparação com o placebo e a citarabina.
Os pesquisadores espanhois observaram que o canabinoide sintético estimulou a morte das células cancerígenas em um processo chamado Parthanatos, um processo de morte celular programada. Além disso, eles também observaram que o WIN-55 não afetou as células saudáveis.
Embora o canabinoide sintético se ligue aos receptores CB1, os cientistas destacaram que o outro receptor canabinoide conhecido, o CB2, é essencial para a ação antileucêmica.
“O derivado canabinoide WIN-55 exerce um efeito antileucêmico potente e seletivo que depende da sua interação com o receptor CB2 e é mediado principalmente através do Partanatos. Notavelmente, o tratamento com WIN-55 afeta enzimas envolvidas nas vias da glicólise e fosfato, leva à translocação do fator indutor de apoptose para o núcleo e à depleção de NAD+. Esses efeitos não são observados em células saudáveis.”
A leucemia mieloide aguda
A leucemia mieloide aguda é um tipo de câncer que afeta as células precursoras de células sanguíneas na medula óssea, especialmente os glóbulos brancos. Nas pessoas com essa doença, as células precursoras não amadurecem adequadamente, se multiplicam e afetam a produção normal dos glóbulos vermelhos, brancos e também as plaquetas.
Outros estudos investigaram os efeitos dos canabinoides na leucemia. No ano de 2013, foi publicado um estudo britânico que teve resultados satisfatórios com o canabidiol (CBD) e com o canabigerol (CBG). Por outro lado, cientistas alemães se concentraram na utilização do dronabinol, um medicamento à base de uma versão sintética do THC. A ação desse canabinoide também foi a de levar à morte celular as células com câncer.
Tratamentos com Cannabis exigem acompanhamento médico
O estudo da Universidade de Sevilha avançou um pouco mais na compreensão da ação anticâncer dos canabinoides ao fazer testes in vivo e ex vivo. Porém ainda é necessário que mais pesquisas como essa aconteçam até termos um tratamento para leucemia à base dos derivados da planta com eficácia e segurança.
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