Um levantamento conduzido pela Current Pharmaceutical Biotechnology revelou um aumento expressivo no número de estudos científicos envolvendo Canabidiol nos últimos 12 anos, com um crescimento de 650%.
A perspectiva é de expansão contínua, já que, até agosto de 2023, 49 novos ensaios clínicos com medicamentos canabinoides (compostos derivados da Cannabis) foram iniciados, segundo dados do relatório.
A pesquisa também revelou que quatro professores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto estão entre os dez pesquisadores mais produtivos no campo de ensaios sobre Canabidiol.
A USP se destaca com mais que o dobro de publicações da segunda colocada, o King’s College London, no Reino Unido, seguida pela Universidade de Jerusalém e pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas, nos Estados Unidos.
Pesquisadores da USP foram pioneiros em demonstrar os efeitos ansiolíticos e antipsicóticos do Canabidiol, inicialmente em estudos científicos com animais e, posteriormente, em humanos, desde 2012.
O grupo tem investigado extensivamente os efeitos farmacológicos do CBD, com evidências substanciais de suas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e neuroprotetoras.
Quer entender mais sobre como funcionam os estudos científicos sobre o Canabidiol? Descubra tudo aqui:
- O que dizem os estudos científicos sobre Canabidiol?
- Canabidiol estudos científicos: quais doenças ele pode tratar?
- Como os estudos científicos testam o Canabidiol?
- Quanto tempo duram os estudos científicos sobre Canabidiol?
- Canabidiol estudos científicos: quais são os resultados mais recentes?
- Quais são as limitações dos estudos científicos sobre Canabidiol?
- Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
O que dizem os estudos científicos sobre Canabidiol?
A primeira pesquisa científica sobre o Canabidiol foi publicada em 1940, marcando o início das investigações sobre o composto. O número de publicações atingiu seu auge em 2019, com 248 artigos científicos.
Nos anos 1960, o bioquímico israelense Raphael Mechoulam desvendou as estruturas químicas de diversos compostos da Cannabis.
Já na década de 1970, os cientistas Elisaldo Carlini e Isaac Karniol, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), descobriram as propriedades antiepilépticas do CBD.
Isaac Karniol, orientador de doutorado do professor José Alexandre Crippa, inspirou os trabalhos que este último conduziu e desenvolveu há mais de 40 anos na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).
Avançando para 1988 e 1992, a Dra. Allyn Howlett identificou receptores no cérebro humano que reagem aos canabinoides.
A partir dessa descoberta, a equipe do cientista Raphael Mechoulam mapeou esses receptores, denominando-os de Sistema Endocanabinoide (SEC).
Este marco transformou os estudos científicos sobre o Canabidiol, abrindo caminho para uma melhor compreensão das seguintes propriedades do CBD:
- Analgésica;
- Anti-inflamatória;
- Ansiolítica;
- Anticonvulsivante;
- Neuroprotetora;
- Antipsicóticas;
- Antiemética;
- Imunomoduladora;
- Antioxidante;
- Antitumoral;
- Antidepressiva;
- Reguladora do sono.
Diante de tais descobertas, em maio de 2020, o laboratório Prati-Donaduzzi, lançou nas farmácias brasileiras o primeiro extrato de CBD produzido no país.
Este avanço foi possível graças a uma parceria entre a indústria farmacêutica e o grupo de pesquisa da FMRP, liderado pelo professor Zuardi.
A parceria entre a FMRP e o laboratório Prati-Donaduzzi também resultou na criação do primeiro Centro de Pesquisas em Canabinoides do Brasil.
Canabidiol estudos científicos: quais doenças ele pode tratar?
Estudos científicos destacam as múltiplas propriedades terapêuticas do Canabidiol, respaldando-o como agente ansiolítico, anti-inflamatório, antiemético, antipsicótico e neuroprotetor.
Essas propriedades indicam seu potencial no tratamento de condições como esquizofrenia, demência, diabetes e náusea.
Em doses menores, o CBD promove efeitos antioxidantes, sendo até mais eficaz que vitaminas C e E na proteção neural.
Uma revisão por Bergamaschi et al. confirma o perfil de segurança do CBD, mostrando que ele não afeta funções fisiológicas como pressão arterial, frequência cardíaca ou temperatura corporal.
Mesmo em doses elevadas de até 1500 mg/dia, o CBD é bem tolerado e sem efeitos adversos significativos.
Estudos científicos também confirmam seus efeitos ansiolíticos, mediados pela neurogênese no hipocampo e interação com receptores de serotonina (5HT1A).
O Canabidiol é capaz de reduzir comportamentos relacionados ao vício, com efeitos duradouros e sem impactar negativamente o comportamento locomotor.
No contexto de neuroproteção, o CBD mostrou benefícios no metabolismo energético e funcionamento mitocondrial, fatores críticos em distúrbios psiquiátricos e neurodegenerativos.
Essas descobertas reforçam o potencial do CBD como um agente tratamento potencial adjuvante para muitas condições, por exemplo:
- Artrite reumatoide;
- Artrose;
- Autismo;
- Dependência química;
- Dermatites, acne e psoríase;
- Diabetes;
- Doença de Parkinson;
- Doenças gastrointestinais;
- Dor neuropática;
- Dores de cabeça;
- Endometriose;
- Enxaqueca;
- Esclerose múltipla;
- Fibromialgia;
- Glaucoma;
- Insônia;
- HIV;
- Lesões musculares;
- Osteoporose;
- Paralisia cerebral;
- Síndrome de Tourette;
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC);
- Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT);
- Doenças veterinárias.
Como os estudos científicos testam o Canabidiol?
Ouvimos muito que o Canabidiol tem benefícios terapêuticos, mas a verdade é que cada afirmação desse tipo passa por um processo extremamente detalhado de estudos científicos para que possa ser respaldada.
A ciência não trabalha com achismos, e qualquer descoberta só se torna confiável depois de muitos testes.
Tudo começa no laboratório, em um ambiente controlado, onde os pesquisadores analisam o básico: o que o Canabidiol faz quando entra em contato com células ou tecidos específicos.
Só depois de várias etapas eles partem para algo mais complexo, como testar em modelos vivos, geralmente animais. Nessa fase, o foco é observar os efeitos em sistemas biológicos mais parecidos com os nossos.
Agora, quando o estudo chega em humanos, a segurança vira a prioridade número um. Quem participa das primeiras fases de estudos clínicos são voluntários saudáveis ou, às vezes, pessoas com condições muito específicas.
Cada detalhe é registrado: como o corpo reage, se há desconfortos ou alterações inesperadas… tudo para garantir que não estamos lidando com algo que possa fazer mal a longo prazo.
As fases seguintes expandem o público, incluindo mais pessoas e, principalmente, quem realmente sofre da condição as quais o Canabidiol tem propriedades potenciais.
É aqui que o foco muda para entender o real impacto terapêutico. Ele ajuda? Em quanto tempo? Quais são os limites? A ideia é mapear todas essas informações para saber se o tratamento vale a pena.
O mais interessante é que tudo isso não é feito de forma isolada. Existem grupos que recebem placebos (basicamente, algo sem efeito) e outros que recebem a substância real.
Assim, os cientistas conseguem comparar os resultados e eliminar qualquer dúvida sobre o impacto do Canabidiol.
No final, tudo é revisado por outros especialistas para garantir que não houve erros ou vieses. Só depois disso os resultados dos estudos científicos do Canabidiol são publicados.
Quanto tempo duram os estudos científicos sobre Canabidiol?
A verdade é que não existe uma resposta exata para isso, mas se tem uma coisa que a ciência não gosta, é pressa.
Quando falamos de estudos científicos sobre o Canabidiol, estamos falando de anos. Isso porque cada etapa exige precisão, sem espaço para atalhos.
As fases iniciais, aquelas feitas no laboratório e em modelos animais, já tomam bastante tempo. Os cientistas testam diferentes concentrações, tentando entender como o Canabidiol interage com células e tecidos.
Tudo isso pode levar meses, às vezes até anos, dependendo do que está sendo investigado. E é só depois de muito trabalho que se passa para os estudos com humanos.
Quando chegamos aos ensaios clínicos, o cronograma é voltado para testar a segurança em pessoas, levando em torno de um ano. Isso porque não é só aplicar a substância e esperar o resultado.
É preciso acompanhar cada voluntário de perto, fazer exames, monitorar reações e garantir que tudo está indo bem.
Depois vem a fase em que o foco é testar o efeito terapêutico em quem realmente precisa. Aqui, os pesquisadores precisam de tempo suficiente para entender como o tratamento funciona ao longo do tempo.
Não adianta nada observar apenas algumas semanas; é preciso ver como o corpo responde após meses de uso.
E, claro, mesmo após a conclusão de um estudo, o trabalho continua. Muitos pesquisadores seguem acompanhando os participantes ou iniciam novas pesquisas para responder perguntas que surgiram ao longo do caminho.
No total, o desenvolvimento completo de um tratamento à base de Canabidiol pode levar de cinco a dez anos de estudos científicos. Esse tempo é necessário para garantir que o produto seja seguro e eficiente.
Canabidiol estudos científicos: quais são os resultados mais recentes?
A plataforma ClinicalTrials.gov, uma das maiores referências em estudos científicos no mundo, registrou 182 novos ensaios com Canabidiol em 2023. O impressionante é que 25 desses estudos tiveram resultados promissores.
Um exemplo é a investigação sobre o uso de Canabidiol para tratar a Síndrome de Sturge-Weber (SWS), uma doença congênita rara.
Um estudo de 2024 evidenciou melhorias na qualidade de vida de pacientes com convulsões refratárias, além de avanços em cognição e regulação emocional após o uso de CBD.
Essa pesquisa também indicou que o Canabidiol tem efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios, oferecendo esperanças concretas sobre tratamentos mais eficientes para esta condição.
Ainda em 2024, um estudo analisou mais de 500 artigos com base nas diretrizes PRISMA, priorizando investigações sobre o uso de CBD como monoterapia.
A revisão resultou em evidências tanto clínicas quanto pré-clínicas sobre os efeitos analgésicos e anti-inflamatórios do CBD.
Esses ensaios demonstraram que o CBD exerce efeitos na redução da dor crônica e na osteoartrite. Os mecanismos envolvidos incluem a ativação de receptores como TRPV1 e 5HT1A.
Além disso, ensaios pré-clínicos in vivo e in vitro corroboraram esses achados, destacando a eficácia do CBD na modulação da resposta inflamatória em tecidos lesionados.
Outra revisão sistemática de 2024, analisou os impactos do Canabidiol em pacientes diagnosticados com autismo. Foram incluídos quatro estudos conduzidos em diferentes países, abrangendo 353 participantes.
Os resultados mostraram melhorias consistentes em aspectos comportamentais, comunicação e responsividade social. Entretanto, os efeitos cognitivos foram menos evidentes e variaram entre os estudos.
A eficácia do Canabidiol na dor neuropática foi também testada, em um estudo de 2023.
Aqui, o CBD demonstrou um efeito antinociceptivo, especialmente quando administrado perifericamente. Os receptores 5-HT1A e TRPV1 foram identificados como mecanismos responsáveis pelos resultados positivos.
Quais são as limitações dos estudos científicos sobre Canabidiol?
Por mais que os estudos sobre o Canabidiol tenham avançado bastante, ainda existem algumas pedras no caminho. A ciência tem seus limites, e com o Canabidiol não é diferente.
Isso não quer dizer que o composto não seja promissor, mas sim que ainda há muito a descobrir.
Primeiro, a maioria dos estudos científicos seguem os mesmos padrões. Os pesquisadores usam diferentes formas de Canabidiol – óleos, cápsulas, sprays – e as doses variam muito de um estudo para outro.
Isso dificulta comparar os resultados, porque o que funciona em um cenário pode não ser replicado em outro.
Além disso, o Canabidiol não age igual em todo mundo. Cada pessoa tem um organismo, com metabolismos, condições de saúde e até estilos de vida diferentes.
Esses fatores influenciam como o corpo responde ao tratamento, mas muitos estudos não incluem amostras diversificadas o suficiente para refletir essas variações.
Sem contar as dificuldades legais. Em muitos países, o Canabidiol ainda é visto com desconfiança, o que cria barreiras para pesquisadores que precisam de licenças ou de acesso ao composto.
Nesta mesma linha, o financiamento acaba sendo impactado. Embora o interesse pelo Canabidiol esteja crescendo, ainda falta dinheiro para pesquisas mais amplas.
Muitas vezes, os cientistas precisam escolher entre explorar um tema importante ou outro ainda mais urgente, simplesmente por falta de recursos.
Mesmo com esses desafios, os avanços são notáveis. As limitações só mostram que ainda estamos no começo dessa jornada e que o potencial do Canabidiol está longe de ser totalmente explorado pelos estudos científicos.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Pensar em começar um tratamento com Cannabis medicinal pode ser algo novo e, muitas vezes, um pouco confuso. Afinal, há muitos detalhes envolvidos, e o processo é diferente de outros tipos de medicamentos.
Mas a verdade é que, com as informações corretas e o suporte de profissionais, o caminho pode ser mais simples do que parece.
O importante é dar o primeiro passo com a consciência de que esse tratamento não é apenas uma tendência, mas uma possibilidade de melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas.
Vamos explorar juntos como isso funciona:
1. Consulte um médico
Tudo começa com uma consulta. É impossível iniciar um tratamento com Cannabis medicinal sem a avaliação de um médico especializado.
Esse passo é importante para entender se esse tratamento realmente faz sentido para o seu caso. Então, você não pode negligenciá-lo.
No portal Cannabis & Saúde, você encontra uma lista completa de médicos com experiência nesse tipo de terapia. Clique aqui para escolher um médico prescritor e marcar sua avaliação.
Quando chegar o momento da consulta, seja honesto sobre os sintomas que enfrenta, os tratamentos que já tentou e o que espera do uso da Cannabis medicinal.
Esse diálogo é a chave para que o médico consiga avaliar a sua situação e decidir se esse tipo de abordagem pode ser benéfica para você.
2. Obtenha uma prescrição
Se o médico achar que o tratamento com Cannabis medicinal é adequado, ele fará uma prescrição específica para você.
E aqui entra um ponto importante: essa prescrição é feita sob medida, de acordo com suas necessidades, levando em conta fatores como sua condição de saúde, tolerância e objetivos do tratamento.
A receita não é apenas um pedaço de papel; ela detalha o produto, a dosagem e como usá-lo. Portanto, você deve, obrigatoriamente, seguir todas as instruções da prescrição que você tenha os melhores resultados.
Além disso, a prescrição é necessária para adquirir o produto, seja em farmácias no Brasil ou, em alguns casos, para importação.
3. Registro e aprovação junto à Anvisa
Se o produto indicado pelo médico não estiver disponível no Brasil, é necessário importá-lo mediante aprovação da Anvisa. Isso pode parecer complicado, mas, na prática, é mais simples do que muitos imaginam.
Com a prescrição médica em mãos, basta preencher o formulário disponível no site da Anvisa e aguardar o retorno.
Por outro lado, se o produto estiver disponível em farmácias locais, o processo é mais direto. Nesse caso, basta levar a receita emitida pelo médico para adquirir o produto, sem precisar lidar com etapas adicionais.
4. Encontre um dispensário autorizado
Seja em uma farmácia ou via importação, o ideal é sempre buscar um lugar confiável para realizar a compra.
É bom também perguntar sobre as instruções de uso e armazenamento, garantindo que os compostos ativos do seu medicamento permaneçam intactos.
5. Acompanhamento médico
O tratamento com Cannabis medicinal não termina com a compra do produto. Na verdade, esse é apenas o começo. O acompanhamento médico é indispensável para ajustar o tratamento conforme o corpo responde.
Isso significa que, ao longo do tempo, o médico pode modificar a dosagem ou até trocar o tipo de produto, dependendo dos resultados e da sua experiência.
Marcar consultas regulares é um compromisso que você deve levar a sério. Além de garantir que tudo está indo bem, essas revisões são uma oportunidade de esclarecer dúvidas e ajustar o tratamento, caso necessário.
O mais importante em todo esse processo é lembrar que o tratamento com Cannabis medicinal não é algo que pode ser feito por conta própria.
Trata-se de um caminho que envolve etapas, mas cada uma delas foi pensada para garantir a sua segurança e o melhor resultado possível.
Tudo o que você precisa fazer agora é dar o primeiro passo. Ao longo do caminho, você verá que todo esse cuidado faz sentido para o seu bem-estar.
Conclusão
Os estudos científicos sobre o Canabidiol continuam a expandir os horizontes da medicina, oferecendo novas possibilidades terapêuticas.
Apesar dos avanços, ainda há muito a ser explorado para garantir tratamentos cada vez mais personalizados.
Se você deseja acompanhar de perto as últimas descobertas e avanços relacionados ao Canabidiol, visite regularmente o portal Cannabis & Saúde.
Nosso compromisso é trazer informações atualizadas, baseadas em evidências, para que você tenha acesso às novidades mais relevantes do mundo científico.
Fique por dentro e amplie seu conhecimento sobre como a ciência está transformando a saúde com o uso consciente da Cannabis medicinal.