É causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor (substância química que ajuda na transmissão do estimulo nervoso entre neurônios), particularmente numa pequena região encefálica chamada substância negra, um dos componentes dos gânglios da base. O controle motor do indivíduo é perdido ocasionando sinais e sintomas característicos. Outros fatores, genéticos e ambientais, parecem estar implicados. História familiar é importante principalmente para os casos de início precoce, antes dos 40 anos de idade.
O quadro clínico da doença é caracterizado por sintomas motores (bradicinesia, tremor de repouso, distúrbios posturais e rigidez) e não motores (distúrbios do sono, déficits cognitivos, distúrbios psiquiátricos como psicose, depressão e ansiedade). Além disso, o tratamento farmacológico atual apresenta eficácia limitada e pode, a longo prazo, induzir discinesias (movimentos involuntários).
A Cannabis e seus canabinoides são uma opção terapêutica que pode contribuir muito para a qualidade de vida de pessoas com Doença de Parkinson. Sabe-se que o sistema endocanabinoide, por meio da regulação da transmissão sináptica, produz um mecanismo de feedback fisiológico destinado a evitar excesso de excitação ou inibição.
As interações entre os canabinoides e a dopamina nos gânglios da base são notavelmente complexas e envolvem tanto a modulação de outros neurotransmissores (ácido γ-aminobutírico, glutamato, opioides, peptídeos) quanto a ativação de diferentes subtipos de receptores (CB1 e CB2). Além disso, estudos relatam interações entre os canabinoides e outros sistemas de receptores (TRVP1, receptores de adenosina, receptores da 5-hidroxitriptamina), todos relacionados direta ou indiretamente na doença de Parkinson.
Vários estudos têm demonstrado que a modulação do sistema endocanabinoide interfere na evolução da doença de Parkinson melhorando os distúrbios motores e oferecendo neuroproteção. Antagonistas dos receptores CB1 podem melhorar a bradicinesia. Por outro lado, agonistas dos receptores CB2 reduzem a resposta inflamatória iniciada na microglia, células inflamatórias localizadas no Sistema Nervoso central. Dessa forma, o sistema endocanabinoide presente nos gânglios da base, que se apresenta alterado em vários distúrbios do movimento, incluindo a Doença de Parkinson, pode fazer a modulação da sinalização por canabinoides e melhorar os sintomas motores, além de melhora dos sintomas não motores presentes na doença.