Conforto e sustentabilidade em um único produto inovador. Por ano, as mulheres em idade fértil descartam mais de 3 quilos de absorvente no lixo.
400 anos. Esse é o tempo que um único absorvente feminino demora para se decompor na natureza. O absorvente íntimo, é feito basicamente de polietileno, propileno, adesivo termoplásticos, papel siliconado, polímero superabsorvente e agentes controladores de odor. Em resumo, plástico. No Brasil, as mulheres em idade fértil, produzem em média 130 quilos de absorvente ao longo da vida. Por ano, são cerca de 3 quilos de material não reciclável que vão para no lixo sem qualquer tratamento adequado.
Além de toda essa questão ambiental que urge com soluções mais sustentáveis, as mulheres que menstruam sabem o quão desconfortável é ter que usar absorventes íntimos, sejam eles internos ou externos. De olho num público mais consciente e exigente, eis que nasce um produto inovador e um tanto quanto inusitado: uma calcinha menstrual com camadas absorventes feitas de cânhamo. Sim! A fibra da Cannabis também pode ser empregada em peças íntimas com conforto e proteção.
Poliana Rodrigues, idealizadora do produto, enumera as propriedades da fibra ainda pouco conhecida no país. “O cânhamo é hipoalérgico, antifúngico e antibactericida. Além de ser biodegradável, absorve melhor o fluxo e ainda mantém o local arejado por ser termodinâmico. Estamos focados em ações sustentáveis envolvendo o consumo e o próprio descarte de resíduos. A Floyou centraliza o debate na Cannabis e saúde feminina. Queremos fortalecer a nossa comunidade”, defende Poliana.
A diretora de assuntos têxteis do grupo Maeté afirma que a calcinha será lançada no mês que vem e a ideia é sentir a recepção do produto junto ao público feminino para entender a demanda e fazer os ajustes, se necessário. “Estamos com foco total no lançamento. Terá uma série de ações. Vamos fazer uma pesquisa para conhecer a tabela de medidas da comunidade. Sabemos que há diversas demandas de tamanhos. Por isso queremos essa aproximação com o público para entender os próximos caminhos da marca. A ideia é planejar com o público, fazer sorteios na comunidade, promover eventos presenciais para falar sobre saúde feminina e Cannabis”, antecipa Rodrigues.
Pontos de venda
Neste primeiro momento, o estoque da calcinha será vendido exclusivamente por meio do site da Floyou. “Precisamos sentir a recepção, colocar na rua para testar antes de lançar em outros pontos de venda. Mas queremos expandir, buscar marketplaces sustentáveis, colaboradores com o mesmo propósito ESG (meio ambiente, social e governança). Queremos começar no digital e depois abrir para outros pontos de venda e revendedoras”, explica.
A calcinha absorvente da Floyou será vendida em três modelos: fluxo leve, moderado e intenso. Todos pelo preço de R$ 119. No lançamento haverá um desconto de 10% para compras, independentemente do volume. “No modelo para fluxo intenso usamos duas camadas absorventes de cânhamo e uma microfibra protetora impermeável. a calcinha segura o fluxo e mantém o conforte”, esclarece.
Segundo Rodrigues, a tecnologia das calcinhas absorventes foi projetada com 4 camadas de tecido para conseguir conter o fluxo e não produzir bactéria e nem cheio. “Adaptei o modelo tradicional para camadas de cânhamo”. A composição do corpo do produto é de elastano e modal. Já a parte interna de absorção é produzida a partir da tecelagem de cânhamo 100%, algodão orgânico e tpu. “Não seria viável produzir uma calcinha 100% cânhamo porque ficaria muito caro. A aceitação não seria tão grande, porque as pessoas ainda não conhecem o tecido. É importante trazer a tecnologia do cânhamo primeiro para que as pessoas se familiarizem com a fibra”, defende.
Da onde surgiu a ideia?
A ideia veio de uma jornada pessoal. Poliana Rodrigues conta que nunca conseguiu se adaptar aos absorventes de plástico. “Eu sofro com cólicas fortes. Em 2019 comecei a usar as calcinhas já que o copo coletor não era indicado no meu caso. Adorei dormir sem absorvente de plástico. Meu sono mudou durante o período que sempre foi muito difícil de lidar. Foi então que eu incluí esse novo hábito na minha vida. Logo depois, veio a ideia de produzir essa invocação. Da ideia ao lançamento foi um ano e meio”, relembra.
Rodrigues diz que hoje a calcinha da Floyou ainda é 100% feita na China. “Nossa primeira preocupação foi conseguir um fornecedor que conhecesse e tivesse experiência com cânhamo”. A empreendedora conta que tudo foi feito à distância e se surpreendeu com a estrutura da indústria chinesa. “A China tem diversas problemáticas, mas em termos de cânhamo, maquinário, corte, tecelagem, ainda lidera o ranking. Quando achamos um fornecedor, buscamos aquele que tivesse todas as certificações para ser o mais sustentáveis possível. É impressionante como trabalham bem. Eu resolvia tudo pelo WhatsApp”, diz.
Segundo Rodrigues, a maior dificuldade foi o desembaraço do produto na entrada do Brasil. “Quando colocamos a Cannabis na equação essas questões ficam ainda mais desafiadoras. Queremos nacionalizar o produto. Sabemos que essa é uma questão de tempo”. Para a idealizadora da calcinha sustentável a indústria têxtil do cânhamo ainda será resgatada no Brasil. “Estou muito animada com a movimentação dessa indústria. Queremos entregar valor, produtos que sejam vistos de forma ecológica e sustentável. Não vejo a hora das pessoas fazerem stories abrindo as caixinhas com as calcinhas em casa”, sonha Poliana.
E já adiantando um spoiler. A marca já desenvolvendo numa linha esportiva, justamente pelo termodinamismo do cânhamo. “No frio: esquenta. No calor: esfria. Estamos sempre em busca de produtos que se unam aos cuidados menstruais. Queremos nos firmar como uma marca ligadas aos cuidados femininos. Queremos desenvolver óleo de CBD para cólica, supositório vaginal quando conseguir licenças. Além do cânhamo, cuidados menstruais com Cannabis”, conclui Poliana Rodrigues.