Lorenzo Rolim, engenheiro agrônomo, acaba de fundar a Associação Latino Americana de Cânhamo Industrial. E coloca a região em destaque no mundo da Cannabis
Duas associações estrangeiras tiveram uma ideia: elaborar um documento para a Organização das Nações Unidas na tentativa de fazê-los rever o entendimento sobre a planta. A Cannabis ainda aparece na lista de entorpecentes – e, por isso, muitos países também criam barreiras para a produção de produtos com THC e CBD. Só tinha um problema: estavam praticamente sós.
Apenas a Associação Europeia do Cânhamo Industrial e a Aliança Comercial Canadense do Cânhamo assinariam o documento. E isso não tinha lá muita representatividade no contexto mundial.
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Foi aí que começaram uma campanha para fomentar a criação de associações em outros pontos do mundo. Em um desses eventos, no fim do ano passado, no Canadá, encontraram o brasileiro Lorenzo Rolim, engenheiro agrônomo com seis anos de experiência no mercado de Cannabis.
E o incentivaram: por que você mesmo não cria uma associação na América Latina? “Nunca tive intenção de fazer uma associação”, relembra Rolim. “Mas por conta dos meus outros trabalhos na área participo de vários eventos. E no Canadá me deram a ideia de criar a associação por aqui.”
Aprendizado importado
A história de Rolim com a indústria do cânhamo começou lá atrás, em 2014, quando morou na Califórnia, nos Estados Unidos. Foi uma descoberta nova – e ele aprendeu muito com os produtores locais.
Quando retornou ao Brasil, passou a trabalhar em empresas farmacêuticas. E a frequentar eventos internacionais sobre a produção de cânhamo.
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Um de seus projetos é realizado no Paraguai. Por lá, o governo cedeu três licenças de plantio da planta. E ele trabalha em uma delas, num espaço de 300 hectares. “No Paraguai, ainda que tenham emitido poucas licenças, não há restrições. No Chile, por exemplo, abri mão de um projeto porque o governo permitia que a plantação ocupasse apenas dois hectares”, explica.
Nasce a LAIHA
Com tanta experiência e contatos, Rolim organizou a fundação da Associação Latino Americana de Cânhamo Industrial (LAIHA, na sigla em inglês). Juntaram-se a ele empresas do Paraguai, Uruguai e Colômbia. Outros países também o procuraram, após o lançamento da LAIHA, como México e Peru.
A ideia do time é estimular legislações semelhantes entre os países da região. “As normas precisam conversar entre si, principalmente no que diz respeito ao THC”, explica Rolim. “Colômbia e Uruguai, por exemplo, adotam o limite de 1%. Se o Brasil colocar 0,3%, não poderemos comprar dos outros dois países”, conclui.
E não se reduz apenas a isso. Rolim espera facilitar o diálogo entre empresas e governos sobre a produção de cânhamo. “As empresas precisam ir sozinhas falar com o governo. Aí acaba que, em vez de se ajudarem, as empresas competem e se prejudicam. Querem uma regra que funcione só para eles e mais nada”, conta.
Além disso, a LAIHA pretende também debater e auxiliar as empresas a manter a qualidade dos produtos. E fomentar as pesquisas na área.
“Queremos ter experts em diferentes assuntos relacionados ao cânhamo. E colocá-los como um suporte técnico, e oferecer o estímulo à pesquisa”, explica. “Futuramente, a gente pode até pagar para desenvolver nossas próprias pesquisas.”
Em até duas semanas, a LAIHA e as associações estrangeiras devem concluir o documento e enviá-lo para a ONU.
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