Embora ainda haja debates religiosos e morais a respeito desse assunto, você sabia que há comprovações científicas suficientes sobre os benefícios da maconha e dos canabinoides?
Os canabinoides são substâncias presentes nas plantas do gênero Cannabis. Entre as plantas desse gênero, a mais famosa é a Cannabis sativa, conhecida popularmente como “maconha”.
As substâncias dessas plantas atuam diretamente no sistema endocanabinoide do corpo humano. Esse sistema é responsável por regular várias funções fisiológicas como a apetite, a dor, o humor e a memória.
Até o momento, os benefícios da maconha para a saúde que já foram estudados e descritos pela ciência incluem o alívio da dor crônica, redução dos sintomas relacionados a alguns distúrbios psicológicos e ao câncer.
Além disso, os canabinoides têm propriedades neuroprotetoras, capazes de tratar e melhorar os sintomas de doenças e transtornos como o autismo, a ansiedade e a depressão.
Há casos de estudos que apontam benefícios da Cannabis para o tratamento de doenças e condições como epilepsia, Alzheimer, mal de Parkinson, entre outras.
Na maioria das vezes, os produtos à base de maconha, produzidos e consumidos para fins medicinais agem como uma terapia complementar aos tratamentos convencionais e não substituintes.
Neste artigo, vamos conhecer os principais canabinoides da Cannabis e os seus benefícios para a saúde.
O que é a Cannabis Sativa, popularmente conhecida como maconha?
Cannabis sativa é uma planta da família das Canabiáceas, cultivada em várias regiões do mundo. Existem registros do uso dessa planta na China, que remontam a 2800 a.C. Desde essa época, a planta era utilizada de diversas formas, inclusive na medicina oriental.
Da Cannabis Sativa, popularmente conhecida como maconha, podem ser produzidas mais de 400 substâncias químicas.
O principal componente químico da Cannabis Sativa é o THC (tetra-hidrocanabinol), um canabinoide psicoativo que causa euforia e alterações no humor.
Porém, para além do THC, há outros canabinoides como o CBD, CBG e CBN. Esses compostos também são utilizados na forma medicinal.
Entre os efeitos de curto prazo da sativa, estão o estímulo mental, aumento de energia e redução da ansiedade. Contudo, além desses efeitos, ela pode impactar a saúde quando usada regularmente.
Qual a diferença entre o uso recreativo e o uso medicinal da maconha?
Entre as principais diferenças entre o uso recreativo e medicinal da maconha, podemos destacar os seguintes pontos:
Uso medicinal: A Cannabis medicinal refere-se ao uso de Cannabis ou canabinoides como terapia médica para tratar inúmeras doenças ou aliviar sintomas.
Além disso, o tipo de extração, qualidade dos compostos, testes laboratoriais, isolamento de compostos, segurança dos níveis psicoativos, são apenas uma das diferenças entre o uso medicinal e recreativo.
Há três grupos de substâncias principais na Cannabis, sendo eles: fitocanabinoides, que possuem os THC e CBD; terpenos, responsável pelos óleos essenciais da planta; e os flavonoides, que dão cor.
Todas essas substâncias possuem diversos efeitos terapêuticos, anti-inflamatórios, antifúngicos e antioxidantes.
Por último, existem diferentes formas de administrar a Cannabis medicinal ao paciente, que pode utilizar o fármaco na forma de solução de óleo, spray nasal ou comprimido, sendo que todas essas formas e doses devem ser prescritas por um médico responsável.
Uso recreativo: a maconha é consumida por fumo com o objetivo de proporcionar euforia, alteração dos sentidos e relaxamento.
No entanto, devido ao alto índice de psicoativo (THC) que pode variar de 20% a 40%, esse tipo de uso da substância pode levar à dependência química e às vezes pode ter consequências graves.
Isso é válido sobretudo quando o indivíduo tem menos de 25 anos, pois muitas estruturas cerebrais e corporais ainda estão em processo de formação.
Um estudo mostrou que em indivíduos suscetíveis a transtornos psicóticos e em usuários pesados de maconha já existem sólidas evidências de um maior risco de indução de psicose com o uso dessa droga, via alteração no sistema de liberação de dopamina estresse-induzida. Quanto maiores as concentrações de THC, maior o risco associado.
Além disso, o consumo indiscriminado e recreativo de maconha está associado com um aumento no risco de problemas cardiovasculares e distúrbios associados ao sono.
A planta por si só não é um remédio, porém, os componentes dela extraídos, se aplicados nas doses corretas após a formulação, podem ser utilizados para o tratamento de diversas doenças.
O que são os canabinoides e como são usados para fins medicinais?
Os canabinoides são substâncias presentes na Cannabis Sativa, popularmente conhecida como maconha, que atuam no sistema endocanabinoide do nosso organismo.
O sistema endocanabinoide é responsável por regular várias funções fisiológicas, como o apetite, a dor, o humor e a memória. Os canabinoides ficaram conhecidos na década de 1960, por meio do Dr. Raphael Mechoulam, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Isreal.
Os canabinoides servem para ajudar a regular e equilibrar várias funções biológicas que ficam a cargo do sistema endocanabinoide, por isso, podem ter efeito medicinal.
A interação entre os canabinoides e o sistema endocanabinoide se dá através dos receptores canabinoides. A planta conta com mais de 100 canabinoides, os mais usados pela medicina são:
- Canabidiol (CBD);
- THCV (Tetrahidrocanabivarina);
- CBDV Canabidivarina;
- CBG Cannabigerol;
- CBC Canabicromeno;
- CBN Canabinol;
- THCA Ácido tetrahidrocanabinol;
O que é o canabidiol (CBD)?
O canabidiol (CBD) é, atualmente, o canabinoide mais bem aceito para uso medicinal em todo o mundo. Não possui efeitos psicoativos e representa quase 40% dos extratos da planta.
Ao entrar no organismo humano, o CBD se conecta a neurotransmissores, como os de adenosina e serotonina. Essa interação resulta em efeitos positivos relacionados à ansiedade, inflamação, cognição, controle motor, percepção da dor, náusea e apetite.
Destaca-se principalmente pelas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antioxidantes, ansiolíticas, antidepressivas, neuroprotetoras, anticonvulsivas e anti náuseas.
Ele também age como estimulante ósseo e neuroprotetor. Além disso, tem atuação como modulador da atuação do THC. Isso evita que efeitos indesejados do THC, como a dependência, possam atingir pessoas que recebem o tratamento medicinal com Cannabis.
O CBD é um componente considerado seguro para uso medicinal, trazendo benefícios em diversas áreas, como Oncologia, Psiquiatria, Neurologia, Reumatologia – e outras especialidades médicas.
O que é o tetrahidrocanabinol (THC)?
O THC é conhecido pelos efeitos psicoativos e é um dos compostos mais abundantes na Cannabis. É importante frisar que o THC só tem esses efeitos psicoativos e causadores de dependência se estiverem em altas concentrações.
O THC, assim como o CBD, também tem aplicações medicinais e a forma de reduzir os efeitos colaterais é por meio do equilíbrio de concentrações entre ambos compostos.
Devido ao grande interesse nos efeitos causados pelos compostos extraídos da Cannabis, vários estudos têm sido realizados com o objetivo de identificar possíveis relações entre estrutura química e atividade biológica apresentada por estes compostos.
Alguns de seus efeitos já foram comprovados em estudos clínicos e, atualmente, fármacos com sua presença são aplicados como analgésicos (principalmente no caso da dor crônica e neuropática), no controle de espasmos causados pela esclerose múltipla e como antiemético (no tratamento de enjoo causado por quimioterapia).
Outros possíveis benefícios ainda são alvos de pesquisas. Sugere-se que o THC funcione como um neuroprotetor, podendo ser eficiente contra epilepsia e outras doenças degenerativas, como o Alzheimer e Parkinson.
Além disso, como anti-inflamatório, poderia ser útil no tratamento de doenças como artrite reumatoide e como um antitumoral, impedindo o crescimento de células cancerígenas.
Quais são os benefícios da maconha medicinal?
A princípio, os compostos CBD e THC são indicados pelos médicos para tratar doenças, que antes não tinham tratamentos ou eram ineficazes.
Assim, o uso medicinal da planta em forma de óleos, pílulas, sprays e adesivos tem melhorado a vida de pacientes com esclerose múltipla e crianças com convulsão.
– Efeitos terapêuticos dos canabinoides
Os efeitos terapêuticos dos canabinoides podem ser identificados nas seguintes áreas:
Tratamento da dor
Os canabinoides podem reduzir a dor alterando os caminhos de percepção da dor no cérebro. Isto pode ser útil para tratar condições que causam dor crônica, como por exemplo:
- artrite;
- fibromialgia;
- endometriose;
- enxaqueca;
- também pode minimizar os efeitos colaterais do tratamento do câncer, como a perda do apetite.
Em alguns casos, a maconha medicinal é citada como uma ferramenta importante para ajudar a substituir o uso a longo prazo de antiinflamatórios não esteróides, que podem ter efeitos colaterais negativos.
Redução da inflamação
Estudos apontam que o CBD ajuda a reduzir a inflamação. Como resultado, isto pode beneficiar condições inflamatórias, como por exemplo:
A diminuição da inflamação no corpo também pode melhorar a saúde em geral.
Distúrbios neurológicos e mentais
Devido a seus efeitos sobre o sistema límbico, os médicos às vezes prescrevem o canabidiol para tratar as seguintes condições neurológicas e de saúde mental:
- Ansiedade;
- Epilepsia;
- Esclerose múltipla;
- Doença de Parkinson;
- Transtorno de estresse pós-traumático;
- Síndrome de Tourette.
Gestão do sono
Os efeitos relaxantes do canabidiol podem ajudar a melhorar os distúrbios do sono, como a insônia.
Quais doenças podem ser tratadas com maconha medicinal?
Nos últimos anos, vários estudos têm mostrado as utilidades médicas das substâncias presentes na Cannabis, principalmente o canabidiol (CBD), que ao contrário do tetrahidrocanabinol (THC) não provoca euforia e tem menos efeitos colaterais.
Quando o canabidiol é utilizado, geralmente é capaz de regular a homeostase e atuar em sinais e sintomas como apetite, dor, pressão intraocular, inflamação, controle muscular, qualidade do sono, metabolismo, resposta ao estresse, humor e memória.
Diversas doenças podem ser tratadas com canabidiol. É preciso lembrar que ainda faltam pesquisas que apontem dados exatos. Mas, há uma extensa lista de doenças que podem ser tratadas utilizando o CBD como substância ativa.
Veja algumas delas:
- Ansiedade
- Artrite reumatoide
- Artrose
- Autismo
- Câncer
- Dependência química
- Depressão
- Dermatites, acne e psoríase
- Diabetes
- Doença de Alzheimer
- Doença de Parkinson
- Doenças gastrointestinais
- Dor neuropática
- Dores de cabeça
- Endometriose
- Enxaqueca
- Epilepsia
- Esclerose múltipla
- Fibromialgia
- Glaucoma
- Insônia
- HIV
- Lesões musculares
- Obesidade
- Osteoporose
- Paralisia cerebral
- Síndrome de Tourette
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
- Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)
- Doenças veterinárias.
Estudos científicos acerca dos benefícios da maconha no tratamento dessas doenças
Um estudo conduzido pela JCI Insight em 2017 constatou que o CBD baixou a pressão arterial dos participantes humanos. Ele reduziu sua pressão arterial em repouso, bem como sua pressão arterial após testes de estresse, incluindo aritmética mental, exercício isométrico e o teste de pressão a frio.
O CBD tem provado ajudar a reduzir a inflamação e a dor neuropática que ela pode causar, de acordo com um estudo do Rockefeller Institute of Medical Research.
Um estudo de 2018 descobriu que o CDB pode ser útil para ajudar as pessoas que sofrem de dependência de drogas e álcool.
Um estudo pré-clínico com ratos de laboratório determinou que o CDB reduziu os anseios induzidos pelo estresse, a ansiedade e a falta de controle que muitas vezes causam recaídas nas pessoas.
Um dos usos mais comuns para a qual as pessoas têm usado o CDB é no tratamento da ansiedade, e um estudo pré-clínico descobriu que o CDB poderia ser eficaz no tratamento de transtorno generalizado de ansiedade, crises de pânico, transtorno de ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo, e transtorno de estresse pós-traumático.
Um estudo recente descobriu que a CDB e outros canabinoides não-psicoativos podem ser efetivamente usados para prevenir e tratar distúrbios gastrointestinais como a síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, doença de Crohn, colite ulcerativa e muito mais.
Décadas de pesquisa foram dedicadas ao uso do CDB para tratar epilepsia e outras doenças que causam convulsões, e um desses estudos mostrou que ela pode ter efeitos positivos na redução dos sintomas e da frequência das convulsões.
Quais os possíveis efeitos colaterais do uso da maconha medicinal?
Até hoje poucas contraindicações foram detectadas cientificamente junto ao uso de canabinoides.
No entanto, a maior parte dos efeitos colaterais acontece por causa da sobreposição do canabidiol com outros medicamentos já utilizados pelo paciente. A isso, dá-se o nome de interação medicamentosa.
Leia mais sobre as interações medicamentosas envolvendo o CBD.
Os efeitos dependem da frequência do uso, da dose e da tolerância desenvolvida pelo usuário.
Quando o paciente tem problemas cardíacos, pode-se encontrar como efeitos colaterais o aumento da frequência cardíaca, taquicardia e da pressão arterial.
Tarefas de aprendizado também podem ser afetadas, assim como a capacidade de concentração. Doses altas de THC causam uma alteração na motilidade, com tendência a hipotonia e hipomotilidade, com um efeito relaxante e indutor do sono.
O uso da maconha para fins medicinais é legal no Brasil?
Em 2015, a Anvisa aprovou a regulamentação de produtos à base de Cannabis. Após a decisão, os produtos feitos com Cannabis medicinal para uso medicinal podem ser vendidos no Brasil, desde que haja prescrição por profissional legalmente habilitado.
– O que temos de regulamentação / autorização sobre o tema?
Desde 2015, uma série de regulamentações já foram aprovadas e atualizadas pela Anvisa com relação ao uso medicinal da Cannabis.
Atualmente estão em vigor duas delas:
A RDC 327 de 2019 trouxe alguns avanços na popularização dos tratamentos à base de Cannabis no Brasil. Ela, entre outras coisas, permitiu que medicamentos canábicos pudessem ser vendidos em farmácias.
Além dela, a RDC 660 define os critérios e os procedimentos para a importação de Produto derivado de Cannabis, por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado, para tratamento de saúde.
De acordo com essa nova legislação, é necessário que pessoas físicas interessadas em importar ativos canábicos solicitem uma autorização junto à Anvisa.
Entre os documentos necessários para entrar com o pedido de importação está a prescrição do ativo/medicamento. Essa prescrição pode ser feita por médico e mais recentemente por dentistas.
Vale frisar que a prescrição deve estar relacionada à área de atuação do profissional.
Os documentos para obter a autorização para a importação incluem:
- Prescrição médica ou odontológica com carimbo com o número de CFM ou CRO do profissional;
- RG e CPF do paciente;
- Comprovante de residência;
- Documento que comprove o vínculo com o paciente caso este não seja o próprio solicitante (certidão de nascimento ou casamento, procuração assinada em cartório, etc.)
O cadastro pode ser feito online diretamente na plataforma da ANVISA.
Como conseguir remédios à base de maconha medicinal no Brasil?
A maioria das pessoas que estão em busca de tratamento à base de Cannabis Medicinal não sabem muito bem como fazê-lo.
Embora já existam estudos comprovando a sua importância no tratamento de diversas doenças, ainda há uma resistência para a aplicação deste método no Brasil.
Por isso, nós do Portal Cannabis & Saúde preparamos uma plataforma completa de conexão entre pacientes e profissionais aptos a prescrever tratamentos com base em canabinoides.
Nesse sentido, você pode buscar por médicos de acordo com a sua região, especialidade requerida ou até com o plano de saúde que você utiliza.
Dessa forma, é possível verificar qual a condição que se adequa mais para o seu atendimento. Além disso, você pode optar por médicos que ofereçam as consultas presenciais ou por telemedicina.
Conclusão
Os canabinoides possuem propriedades terapêuticas que podem auxiliar no tratamento de diversas doenças, permitindo uma melhoria na qualidade de vida do paciente e uma redução na incapacidade adquirida.
Além disso, eles exercem ações neuroprotetoras, antioxidantes e anti-inflamatórias. Por isso, esses benefícios têm culminado no desenvolvimento de ensaios farmacológicos para identificar potenciais agentes terapêuticos dos canabinoides no tratamento de mais doenças.
Se você está em busca de um tratamento desse tipo, agende uma consulta com um médico com experiência no tratamento canabinoide.
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