Hoje o Brasil há, pelo menos, 672 mil pessoas que utilizam produtos à base de Cannabis em seus tratamentos de saúde, segundo dados da Kaya Mind. E este uso tem se tornado cada vez mais comum, especialmente entre pacientes que buscam terapias alternativas para diversas condições de saúde como dor crônica, ansiedade, depressão, epilepsia, TEA e Alzheimer. No entanto, a dúvida sobre a concentração de fitocanabinoides, as moléculas ativas da Cannabis, ainda persiste entre muitos usuários.
À medida que o mercado se expande, o que é positivo, surgem preocupações sobre as concentrações mínimas necessárias para garantir um tratamento eficaz, assertivo e seguro.
Segundo o médico neurologista Dr. Marcos José de Mello Prandine, questionamentos sobre as baixas concentrações e suas consequências surgiram após países com uma regulamentação mais avançada começarem a comercializar o CBD em doses baixas, como, por exemplo, em produtos alimentícios.
“Nos últimos anos, após diversos países começarem a comercializar o CBD em doses mais baixas, surgiu uma série de questionamentos sobre a real eficácia dessas dosagens. Especificamente, muitos se perguntam se a ingestão de CBD em quantidades inferiores a 300 mg por dia realmente proporciona benefícios terapêuticos significativos. A dúvida leva a refletir sobre a relação entre dose e eficácia. A verdade é que, embora doses mais baixas possam ser suficientes para algumas pessoas, para outras, esses níveis podem não ser adequados para alcançar o alívio desejado”, pontua o profissional.
Necessidade de uma concentração maior de CBD pode variar conforme a condição a ser tratada
Portanto, com o crescente interesse no uso medicinal do CBD, é essencial que os pacientes estejam bem informados sobre a concentração deste composto em produtos à base de óleo. O CBD, um dos muitos canabinoides encontrados na planta da Cannabis, tem sido amplamente pesquisado por suas propriedades terapêuticas, que incluem alívio de dor, redução da ansiedade e melhora do sono.
Segundo o Dr. Prandine, primeiramente, é necessário atentar-se ao fato de que quando se usa a terapia canabinoide, se busca fazer um equilíbrio de uma possível alteração que exista no organismo. “A homeostase é muito individual. Mas é claro que alguns parâmetros podem servir como base”, sinaliza. Neste contexto, o médico observa que a eficácia do CBD pode variar significativamente dependendo da sua concentração no produto.
O que dizem os estudos científicos sobre a importância da concentração correta de CBD?
Diversos estudos têm explorado o impacto da dosagem de Canabidiol, o CBD, em diferentes patologias, trazendo à tona informações imprescindíveis sobre as baixas concentrações. O Dr. Prandine explica que as pesquisas foram divididas em faixas de dosagem:
- abaixo de 60 mg,
- entre 61 e 100 mg,
- de 100 a 200 mg
- acima de 300 mg.
Os resultados preliminares indicaram que doses inferiores a 300 mg não apresentaram efeitos significativos em condições como ansiedade, Parkinson e insônia.
“O que os estudos mostraram é que, em níveis abaixo de 300 mg, o efeito da medicação é praticamente idêntico ao do placebo”, afirma o médico. Esta constatação revela a importância de uma avaliação cuidadosa na escolha do tratamento, enfatizando que muitas vezes os pacientes não experienciam melhorias robustas quando utilizam doses mais baixas de CBD.
No entanto, a situação muda significativamente a partir da dose diária de 300 mg. “A partir deste patamar, começamos a observar alterações positivas, especialmente na indução do sono, na redução da ansiedade e na desintoxicação de outras substâncias que o corpo possa estar processando”, sinaliza Dr. Prandine.
Essas conclusões tem como fonte o estudo intitulado “The safety and efficacy of low oral doses of cannabidiol: An evaluation of the evidence – PubMed”, o qual reforça a noção de que a eficácia do CBD está intimamente ligada à sua dosagem. A pesquisa sugere que, para que os pacientes realmente possam se beneficiar do tratamento, é fundamental considerar doses que preencham os critérios de concentração de CBD acima de 300 mg.
Segundo o Dr. Prandine, concentrações de fitocanabinoides em produtos de Cannabis são fundamentais para eficácia de um tratamento
“Cada paciente é único, e suas necessidades podem variar bastante. Enquanto alguns podem obter alívio com concentrações um pouco mais baixas, outros podem precisar de doses significativamente maiores para alcançar resultados positivos conforme a condição”, explica o médico.
Igualmente, o profissional também destaca que os pacientes muitas vezes não têm clareza sobre o que significa, na prática, as diferentes concentrações dos produtos disponíveis no mercado. “É imprescindível conhecer não apenas a concentração de fitocanabinoides, mas também a proporção de CBD e THC e a qualidade do produto escolhido no tratamento”, complementa.
Sendo assim, a escolha de um óleo de CBD deve ser feita com precaução e conhecimento. Os pacientes devem sempre se informar sobre a concentração de CBD nos produtos que estão utilizando. E também contar com profissionais de saúde para alinhamento sobre dosagens apropriadas. Compreender a concentração pode garantir que o uso do CBD seja seguro e eficaz, “potencializando seus benefícios terapêuticos e melhorando a qualidade de vida”.
“Quando pensamos em Cannabis medicinal você exige toda a confirmação através de atestados e de declarações da empresa que produz o produto. Só assim você tem certeza absoluta que com a gota de determinado produto tem aquela proporção descrita”, conclui.
Por fim, à medida que o uso de produtos à base de Cannabis se populariza, é imperativo que pacientes e profissionais de saúde estejam informados sobre a importância da concentração de fitocanabinoides. O conhecimento adequado pode fazer toda a diferença na eficácia do tratamento, além de garantir uma experiência mais segura e satisfatória.
𝗜𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲: O acesso legal à Cannabis medicinal no Brasil é permito mediante indicação e prescrição de um profissional de saúde habilitado. Caso você tenha interesse em iniciar um tratamento com canabinoides, consulte um profissional com experiência nessa abordagem terapêutica.
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