A prevalência do Transtorno do Espectro Autista tem aumentado nos últimos anos, principalmente entre os meninos – com quatro vezes mais diagnósticos do que as meninas.
Os dados são do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência do departamento de saúde do governo americano. De acordo com o último documento do CDC, publicado em 2020, a cada 54 pessoas uma tem autismo.
Em 2012, essa estimativa era de um caso a cada 88 pessoas. Acredita-se que isso se deva ao maior número de diagnósticos precoces.
No Brasil, utilizamos como base os dados apurados pelo CDC. Portanto, estima-se que existam cerca de 4 milhões de brasileiros autistas.
Para entender melhor sobre o transtorno do espectro autista, convidamos você a ler o artigo abaixo.
O que é o autismo (Transtorno do Espectro Autista)?
Ainda que todos os pacientes com Transtorno do Espectro Autista envolve complicações no desenvolvimento neurológico e, segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), pode ser identificado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos, ainda no início da infância.
Ainda que apresentem esses mesmos sinais, eles aparecem em graus diferentes. Por isso se fala em “espectro” autista – pela forma leve, grave ou moderada que os sintomas afetam cada pessoa.
O autismo adulto
O mais comum é que o autismo seja diagnosticado ainda na infância. Esse fator favorece o tratamento e o desenvolvimento dessas crianças.
No entanto, há casos em que o autismo em adulto é descoberto tardiamente. Às vezes isso acontece quando procuram médicos para tratar seus filhos – ou sobrinhos, primos – e o especialista recorre a um histórico familiar.
Há alguns sinais que podem indicar autismo nos adultos. Por exemplo, ingenuidade extrema, dificuldade em apreender sinais sociais e de entender ironia e duplo sentido, e obsessão por rotina – pessoas com o transtorno tendem a ficar muito irritadas quando algo sai fora do planejado.
Ainda assim, vale salientar, todo diagnóstico precisa ser identificado e confirmado por um médico.
O autismo em adultos no Brasil e no mundo
Como mencionado acima, não é comum diagnosticar o autismo em adultos. O problema é que não há muitas pesquisas sobre autismo nessa fase e na terceira idade, ou mesmo sobre os impactos da velhice no transtorno do espectro autista. O foco sempre se volta às crianças e ao diagnóstico precoce.
Em matéria publicada pela revista Galileu, a neuropsicóloga Joana Portolese, do Instituto PENSI, afirmou que entre 37% e 46¨% dos adultos descobrem o transtorno ao sentirem sinais de ansiedade ou depressão, que variam de moderado a grave.
Ainda segundo Portolese, o diagnóstico tardio não significa que o paciente tem um grau mais leve de TEA. Às vezes, isso se deve somente a uma evolução lenta da ciência no entendimento da doença.
Essas pessoas podem enfrentar dificuldades no trabalho, por não evoluírem conforme o esperado ou por não se interagirem tão bem com os colegas. Em geral, como acontece com crianças, apresentam problemas de comunicação, socialização, estereotipias e sensoriais.
Quais são os sintomas do autismo em adultos?
Interação
Pessoas com autismo têm interesses bem restritos – ou gostam muito ou não simplesmente não gostam de determinados assuntos. É o chamado hiperfoco. Quando interagem com outras pessoas, eles tendem a falar apenas sobre os assuntos que lhes interessam.
Em vídeo sobre o assunto, Mayra Gaiato, especialista em autismo infantil, conta que, muitas vezes, esses adultos iniciam um monólogo, e não um diálogo, tamanha a paixão pelo tema. E, muitas vezes, fora de contexto – uma roda de colegas bate papo sobre música, por exemplo, e a pessoa muda o foco para carros autônomos.
Segundo ela, autistas também não sabem modular o tom de voz. Pode acontecer de falarem da mesma maneira quando estão em um velório ou em uma festa de aniversário, por exemplo.
Além disso, pacientes com TEA não conseguem olhar diretamente nos olhos de outras pessoas.
Socialização
Pessoas com autismo não conseguem fazer uma leitura dos sinais do outro. Em geral, portanto, não compreendem ironia, ou duplo sentido. E, por isso, apresentam uma ingenuidade extrema – acreditando em tudo o que lhe contam.
Por não entenderem o outro não sabem o que outras pessoas esperam deles – e seus companheiros amorosos tendem a reclamar da falta de romantismo. Podem soar, muitas vezes, insensíveis por não entenderem que determinado assunto precisa ser tratado com mais cuidado.
“Uma pessoa com autismo é muito sincera. Podem ser invasivas demais ou insensíveis, por serem muito diretas e literais no que entendem que pode e deve ser feito”, explicou Gaiato no vídeo.
Tampouco entendem quando estão sendo desagradáveis ou inconvenientes. Quando as pessoas dão sinais de que não querem a presença dele ou dela ali, a pessoa simplesmente não percebe. E pode ser julgada como invasiva.
Funcionamento
Pessoas com autismo gostam muito de rotinas. Quando algo foge do controle, ficam muito incomodadas e irritadas. Isso também pode ser um obstáculo no trabalho, uma vez que qualquer proposta de mudanças no planejamento causam desconforto.
Sensibilidade
O transtorno do espectro autista pode causar alterações sensoriais. Há quem tenha, por exemplo, sensibilidade extrema com brilho e luzes. Ou se incomodam muito com determinados cheiros, sons e texturas de tecidos. Isso se deve à hipersensibilidade.
Pode haver também o oposto – hipossensibilidade. Nesses casos, o autista gosta de tocar, cheirar, e busca sons altos e oscilações de luzes.
Quais são os principais desafios do diagnóstico de autismo em adultos?
O Dr. Clay Brites, do Neurosaber, explicou em uma live como costuma fazer o diagnóstico de autismo em adultos.
Em geral, de acordo com ele, é preciso lembrar que essas pessoas têm mais risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão profunda. Além disso, apresentam desajuste social a longo prazo, com problemas nos relacionamentos pessoais e profissionais.
Segundo Brites, um dos desafios é que o diagnóstico pode vir “maquiado ou embaçado por outras questões”. “Pode vir como oscilações de humor, esquizofrenia ou outras questões psiquiátricas que podem estar associadas ao autismo ou não”, conta.
Por isso, é importante retornar à infância e adolescência do adulto que possivelmente possa ter autismo ainda não diagnosticado.
“Um adulto não se tornou autista tardiamente, já tinha características na infância. Quando suspeito, pergunto ao paciente como era na infância”, explica Brites. “Mando um roteiro de perguntas à mãe ou ao cuidador que teve maior protagonismo. Pergunto como interagia, se teve atrasos específicos de interação e comunicação, se tinha estereotipias, manias, transtorno alimentar, problemas de sono, comportamentos estranhos.”
Como lidar com o autismo na fase adulta?
O primeiro – e mais importante – ponto é de fato chegar a um diagnóstico. E isso só será possível com consultas a médicos especializados em autismo.
Adultos com autismo tendem a se isolar socialmente, por conta dessa dificuldade em interagir com outras pessoas. Ao longo da vida, sente que precisa participar de alguns eventos sociais – e ainda assim comete erros de interação.
Uma das orientações, após o diagnóstico, é fazer uma espécie de checklist para o adulto, com os padrões de comportamento. Por exemplo, chegar a um aniversário e felicitar o aniversariante. Ou chegar a um velório e dizer “sinto muito” aos parentes e amigos.
“É uma lista de sobre o que fazer em determinadas situações. Porque eles apresentam dificuldades sociais, chegam num lugar e não sabem como proceder. Têm dificuldades em receber e expressas formas emocionais de pensamento”, diz Brites.
Autismo Adulto: Como o Canabidiol pode ser usado para tratar o transtorno?
Vinicius Barbosa, renomado psiquiatra e prescritor de Cannabis, considera a planta “a melhor opção para autismo”. E ele explica os motivos.
Segundo o psiquiatra, a Cannabis não atua apenas nos sintomas comuns do autismo, como agressividade, distúrbios do sono, problemas psicomotores, como também melhora sintomas centrais.
Para Barbosa, é cada vez mais claro que o processo neuroinflamatório vem de um desequilíbrio entre excitação e inibição cerebral. E a Cannabis age tanto na modulação do sistema nervoso quanto imunológico.
Estudos apontam melhora no desenvolvimento da comunicação com o uso da Cannabis. Não cura. Mas reduz os sintomas do quadro de autismo.
O que é o canabidiol?
O canabidiol, ou CBD, é um dos muitos canabinoides presentes nas plantas do gênero Cannabis, principalmente nas espécies sativa e indica.
Diferentemente do THC, também encontrado nessas plantas, ele não causa efeitos psicoativos.
Por isso, vem sendo utilizado de modo terapêutico no enfrentamento de uma série de doenças, seja no formato de cápsulas, pomadas, óleos, vaporizadores ou outros
Para que serve o Canabidiol?
Quando utilizado em conjunto com outros canabinoides (efeito entourage), o CBD se revela um poderoso agente para restabelecer o equilíbrio das funções corporais.
Isso porque o extrato de canabidiol é mais eficaz que o uso isolado de compostos da Cannabis, provocando ainda menos reações adversas.
Há eficácia comprovada do uso de canabidiol no tratamento de autismo adulto?
Como dissemos, ainda há poucos estudos sobre autismo em adultos. Mas há evidências científicas de que o canabidiol regula as atividades neuronais.
Cientistas acreditam que autistas sofrem o mesmo desequilíbrio cerebral que pessoas com epilepsia. Para funcionar bem, o cérebro conta com neurônios excitatórios e inibitórios. Na prática, um ativa e o outro acalma. Juntos eles equilibram, e fazem com que a informação flua pelo sistema nervoso.
Quando, por algum motivo, esse trabalho de auto-regulação se desfaz, os neurônios excitatórios se empolgam, gerando uma reação em cadeia que resulta em um fluxo caótico de atividade que pode se manifestar de diversas formas, como no movimento descontrolado dos músculos.
De acordo com a Teoria do Mundo Intenso, do pesquisador Henry Markram, o excesso de ativação neuronal na mente de autistas gera um ganho extremo de intensidade na percepção dos estímulos sensoriais.
Outra pesquisadora, Adit Shankardass, encontrou focos cerebrais de atividade epileptiforme em crianças autistas, as quais chamou de hidden seizures” – algo como “convulsão escondida”. Isso tornaria as crianças incapazes de conexões com o mundo exterior, mesmo na ausência de ataques ou convulsões.
E o sistema endocanabinoide trabalha justamente nessa regulação da atividade neuronal. Em pacientes com epilepsia, quando a atividade neuronal excessiva ocorre, endocanabinoides são produzidos em resposta, o que faz a atividade excessiva dos neurônios se tranquilizem, cessando o ataque.
Contamos aqui no Cannabis & Saúde a história de Junior. Aos 40 e poucos anos, o rapaz estava desnutrido e diabético, definhando diante dos olhos da mãe. Gritava, não dormia e exigia a atenção de Marina de Carvalho Rodrigues 24 horas por dia.
Com apenas três gotas de CBD por dia, boa alimentação e desmame quase total dos remédios alopáticos (hoje ele toma apenas dois para convulsão, mas a dose foi reduzida de 1.000mg para 500mg), Júnior voltou a comer, passou a dormir a noite toda, está reaprendendo a comer sozinho, obedece à mãe e espera pacientemente enquanto ela cuida da avó.
Vantagens de recorrer ao tratamento do autismo adulto com canabidiol?
Não há nenhum outro produto capaz de melhorar a qualidade de vida, habilidade social e desenvolvimento cognitivo dos pacientes com autismo.
Os medicamentos atuais atacam somente sintomas específicos e são geralmente acompanhados de efeitos colaterais graves. Nenhum, porém, melhora significativamente a falta de habilidades de interação e comunicação que caracterizam o TEA.
Um estudo brasileiro realizado em Brasília mostrou a eficácia da Cannabis em casos de autismo. Durante nove meses, 15 pacientes com autismo, crianças e adolescentes, usaram óleo à base da planta. E 14 deles relataram melhora de até 30% em pelo menos um dos sintomas. Outros sete contaram ter sentido alívio em pelo menos quatro sintomas do transtorno.
Além disso, estudos apontam alterações na expressão de receptores canabinoides periféricos em pacientes autistas, sugerindo possíveis deficiências na produção e regulação de canabinoides produzidos pelo corpo. Esta hipótese foi confirmada recentemente para a anandamida, um importante endocanabinoide, que é reduzido em pacientes com TEA.
Como conseguir prescrição médica para produtos à base de canabidiol?
Boa parte da comunidade médica ainda resiste à ideia de prescrever canabidiol, principalmente por desconhecer seus benefícios.
Além disso, há também os que não o receitam porque, de fato, as opções disponíveis no mercado brasileiro são escassas e caras.
Talvez sejam essas as razões que explicam as dificuldades que alguns pacientes têm para encontrar um médico que indique o tratamento com CBD.
O portal Cannabis & Saúde reafirma sua postura e compromisso de ajudar quem precisa de orientação e suporte na hora de encontrar um tratamento à base de CBD.
Por isso, mantemos em nosso site uma relação atualizada de profissionais reconhecidos pela sua competência e por trabalhar com Cannabis medicinal.
Acesse a nossa lista de médicos credenciados, busque pelo especialista mais próximo ou, se preferir, agende sua consulta a distância.
Autismo Adulto: Onde comprar Canabidiol?
A compra do canabidiol no Brasil pode ser feita de duas formas. Uma é pela importação. A compra de canabidiol do exterior deve ser pautada conforme os procedimentos definidos pela Anvisa desde 2015.
Mas muita coisa mudou desde então e, felizmente, boa parte da burocracia foi removida. Basta agora a receita médica para dar entrada no pedido de importação.
Quem quiser importar os produtos precisa preencher um formulário no site da Anvisa. Em um prazo aproximado de 10 dias, a agência emite a resposta e, caso o pedido seja aprovado, emite a autorização para importação.
Com a autorização da Anvisa em mãos, é possível fazer a compra no exterior. Lembre-se sempre de observar as regras da Anvisa, que só autoriza produtos administrados via oral ou nasal.
Contudo, nem todos têm disponibilidade para lidar com os trâmites de um processo de importação de medicamentos. Por isso, a dica é perguntar para o seu médico o contato no Brasil da empresa que importa o produto que ele receitou. Estas empresas normalmente realizam todo o tramite de aprovação na Anvisa, importação, desembaraço e entrega do produto na casa do paciente.
Outra opção é adquirir os produtos diretamente nas farmácias, com receita médica. Desde abril de 2020, a Prati-Donaduzzi tem a liberação da Anvisa para vender um fitofármaco em drogarias.
O outro fármaco é o Mevatyl, indicado para tratar esclerose múltipla (EM).
Vale lembrar ainda que, em abril de 2021, a Anvisa liberou mais dois produtos medicinais à base de canabidiol, com concentrações de 17 mg/ml e 34 mg/ml. As permissões são para a empresa estadunidense NuNature e são válidas por 5 anos.
Os produtos já estão disponíveis nas farmácias nas opções 1000mg e 500mg.
De qualquer forma, seja nas farmácias ou via importação, a orientação e aval de um especialista são condições obrigatórias para adquirir óleos à base de Cannabis.
Conclusão
Neste conteúdo, você conheceu mais sobre as dificuldades enfrentadas por pacientes que têm o diagnóstico de autismo adulto. Buscamos mostrar quais os sinais do transtorno e os desafios para se chegar ao diagnóstico.
Mostramos ainda as vantagens em usar o canabidiol para melhorar a qualidade de vida de pessoas com autismo – e a história de Junior aponta benefícios também entre a população adulta.
Você aprendeu ainda como conseguir uma prescrição médica e adquirir os produtos à base de Cannabis.
Aproveite, então, para compartilhar este artigo sobre autismo adulto com amigos. Essas informações podem ajudá-los a suspeitar de um diagnóstico de autismo e buscar ajuda médica. Ou ainda mostrar a eles caminhos alternativos, com o uso de Cannabis, que melhorem sua qualidade de vida.