A incipiente história da AMBCANN (Associação Médica Brasileira de Endocanabinologia) serve de exemplo de como a proibição tende a ser um tiro que escapa pela culatra.
Foram apenas dez dias, entre a publicação no Diário Oficial da União uma resolução do Conselho Federal de Medicina que restringia a prescrição de medicamentos à base de Cannabis por médicos brasileiros, em julho de 2022, e sua suspensão.
Dez dias que provocaram intensa reação de entidades de classe e da sociedade civil e renderam frutos além da derrubada da resolução. “Isso tirou a liberdade de prescrição do médico e a gente viu que tinha muito médico comemorando essa resolução”, comenta a psiquiatra Ana Hounie, presidente da AMBCANN.
“Resolvemos fundar uma associação só de médicos porque a gente sentiu que havia essa demanda”, continuou Hounie.
“Foi criada com a ideia de representar os médicos na luta pela garantia do direito de prescrição de canabinoides e levar para a população e classe médica informações de qualidade com fundamento científico.”
Antes da Associação Médica Brasileira de Endocanabinologia, existe a Associação Pan-Americana de Medicina Canabinoide, da qual a psiquiatra também é membro. No entanto, engloba profissionais de outras áreas, como dentistas e veterinários.
O propósito da Associação Médica Brasileira de Endocanabinologia
Uma entidade limitada aos médicos seria, então, mais eficiente na defesa do direito da categoria diante dos próprios conselhos de classe. “Precisamos nos contrapor à forma que o CFM se posiciona em relação à Cannabis. Os CRMs (Conselho Regional de Medicina) estão em uma caça às bruxas e isso precisa mudar. Está claro que a população se beneficia.”
“A quantidade de pacientes refratários é enorme. Para qualquer doença que você pensar, no mínimo, 10% não responde aos tratamentos tradicionais. A existência de alternativas é fundamental e os médicos precisam aprender a manejar o produto.”
“A gente tem que batalhar para que as faculdades comecem a ensinar o sistema endocanabinoide para que os médicos entendam que os canabinoides são uma classe terapêutica como qualquer outra.”
“Como os antidepressivos, antibióticos, antipsicóticos, os canabinoides são uma classe de medicamentos, embora a ANVISA tenha criado essa categoria separada.”
“Chama-se de ‘produtos derivados de Cannabis’, mas se usa como medicamento. Tem indicação, contra indicação, efeito colateral, interação medicamentosa… se tem isso tudo, é medicamento.”
Primeiros passos
Apesar de ainda estar no início, com o processo de formalização recém concluído, a Associação Médica Brasileira de Endocanabinologia já conta com cerca de 170 associados.
São diversos grupos de discussões e câmaras técnicas divididas por áreas. Toda última terça-feira do mês, os associados têm acesso a uma aula exclusiva e inédita a respeito da Cannabis e sistema endocanabinoide.
Entre os meses de setembro e outubro, a Associação Médica Brasileira de Endocanabinologia promove o primeiro “Curso Ambcann de endocanabinologia aplicada à prática clínica”, com 30 horas de aulas e diversos especialistas. São oferecidos descontos para estudantes e associados.
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São mais de 250 profissionais da saúde, com diversas especialidades, e experiência na prescrição de Cannabis medicinal.