ONG irá realizar um estudo observacional com 20 profissionais de saúde. Caso haja resultado positivo, será feito um trabalho com metodologia científica. Ainda não há pesquisas que comprovem o uso de canabinoides para a Covid-19.
A associação de pacientes de Cannabis Medicinal Abrace Esperança, da Paraíba, irá doar frascos com concentração de 2% de CBD para um grupo de 20 médicos com suspeita de infecção ou o vaporizador para os profissionais já infectados, apresentando sintomas do vírus, como falta de ar. A entidade é a única no Brasil autorizada pela Justiça a plantar e produzir medicamentos à base de maconha.
Importante ressaltar que a iniciativa é experimental e empírica, já que não há nenhuma comprovação científica do uso de canabinoides contra a Covid-19. Por isso, a associação irá fazer um estudo observacional dos médicos. Um grupo vai receber o óleo, e outro, o grupo controle, um óleo placebo. O objetivo é analisar os resultados em ambos.
O canabidiol ou CBD é um componente não psicoativo encontrado na Cannabis. O óleo é o formato mais conhecido e estudado.
Os testes com canabidiol serão aplicados apenas em profissionais com contato direto com o coronavírus ou infectados. Segundo Cassiano Teixeira, diretor da ONG, a ideia começou a ser posta em prática após uma conversa com o Dr. Pedro Pierro, neurocirurgião e um dos primeiros prescritores de Cannabis medicinal no Brasil.
“Surgiu após a gente ver um vídeo de um médico do Rio Grande do Sul entubado, um dos primeiros médicos no Brasil. Antes, a gente queria atender as pessoas com coronavírus, mas o Dr. Pierro sugeriu que seria melhor fazer algo pelos médicos, já que pouco estão sendo lembrados”.
Ao Cannabis & Saúde, o neurocirurgião reforçou que a ideia surgiu de uma impressão dele e de Cassiano Teixeira, não comprovada e estudada, sobre a influência dos canabinoides na prevenção e recuperação de pacientes com Covid-19.
“Resolvemos ampliar um pouco essa impressão e se confirmada, aí sim fazer um trabalho com metodologia científica”, disse. “No momento, estamos recrutando médicos voluntários para usar o óleo da Abrace e relatar essa experiência. Nada além disso”.
Segundo Pierro, os médicos voluntários devem manter todas as orientações do Ministério da Saúde sobre a utilização de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) e não mudar a rotina. Todos serão acompanhados e responderão a questionários periódicos.
Imunidade
Ainda não há estudos sobre o efeito de derivados da maconha em pacientes de coronavírus. O que sabemos é que a planta aumenta a imunidade, o que é essencial no combate à pandemia. A planta tem também propriedades broncodilatadoras e neuroprotetoras, que podem ser úteis.
Já existem evidências da efetividade da Cannabis em casos de epilepsia, autismo, fibromialgia e dores causadas por inflamação. Isso não significa, contudo, proteção contra o coronavírus. Tampouco descarta a possibilidade de tratar algum sintoma em quem for diagnosticado com a doença.