A Associação Panamericana de Medicina Canabinoide (APMC) está conduzindo um estudo inovador sobre o uso da Cannabis medicinal para tratar mulheres com dor crônica e osteoporose, condições que afetam muitas delas, especialmente após a menopausa.
O projeto, selecionado pelo edital de emendas parlamentares de 2024 da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal, recebe R$ 284.428,00 para investigar biomarcadores ósseos e polimorfismos genéticos dos receptores CB2 e TRPV1, com o objetivo de entender como esses fatores influenciam o tratamento dessas condições.
A pesquisa é conduzida de forma colaborativa, reunindo profissionais de várias áreas, como odontologia, medicina, farmacologia e biologia. Dra. Alethéia Pablos, diretora do Núcleo de Odontologia da APMC e responsável pelo estudo, explica que a ideia surgiu a partir de sua própria pesquisa sobre o impacto da inflamação na saúde óssea.
“Estudamos os receptores canabinoides nas células ósseas e como eles podem influenciar tanto a inflamação quanto a regeneração óssea. Isso nos levou a investigar o potencial da Cannabis para prevenir ou tratar doenças como a osteoporose, que afeta uma em cada três mulheres após a menopausa”, explica.
Polimorfismos genéticos: a chave para personalizar o tratamento
O estudo vai além da simples observação dos efeitos da Cannabis na dor. Ele se propõe a avaliar os efeitos sobre o metabolismo ósseo e a qualidade de vida das participantes, considerando fatores como sono, ansiedade e cognição.
As mulheres serão monitoradas durante um ano, com exames trimestrais de biomarcadores inflamatórios, densitometria óssea e análises genéticas, especialmente para identificar possíveis polimorfismos nos receptores CB2 e TRPV1. Esses polimorfismos podem ser determinantes na resposta ao tratamento, o que torna o estudo ainda mais relevante para a medicina de precisão.
“Estamos muito interessados em entender como essas variações genéticas podem influenciar a eficácia do tratamento com Cannabis. Se conseguirmos identificar padrões, poderemos personalizar os tratamentos, tornando-os mais eficazes e com menos efeitos colaterais”, afirma Dra. Alethéia.
A pesquisa também inclui a análise de marcadores inflamatórios e de turnover ósseo para avaliar mudanças na saúde óssea ao longo do tratamento.
Mulheres em foco: o impacto da menopausa na saúde óssea e na dor crônica
As mulheres são o foco principal da pesquisa, já que elas representam 80% dos pacientes com dor crônica e 90% dos casos de osteoporose. A menopausa, com suas mudanças hormonais, é um fator que aumenta consideravelmente o risco dessas condições.
Nesse sentido, Dra. Alethéia destaca a importância de explorar a Cannabis como uma ferramenta terapêutica não apenas para aliviar a dor, mas também para melhorar a qualidade de vida de mulheres que enfrentam a combinação de dor crônica, distúrbios de sono e de ansiedade.
O estudo está sendo realizado em colaboração com instituições como a Faculdade de Medicina do ABC e a Universidade Presbiteriana Mackenzie, que oferecem um ambiente multidisciplinar para a execução do projeto.
“Nosso objetivo não é só tratar a dor, mas também entender como a Cannabis pode impactar a saúde de forma mais ampla. Além disso, esperamos contribuir para a expansão do acesso a esse tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma a pesquisadora.
A expectativa é fornecer dados concretos que ajudem a consolidar a Cannabis medicinal como uma opção válida no tratamento da osteoporose e da dor crônica, especialmente em um momento em que a medicina de precisão está ganhando destaque.
Dra. Alethéia acredita que, ao demonstrar os benefícios e a segurança do tratamento, o estudo pode abrir portas para políticas públicas que ofereçam a Cannabis medicinal a um número ainda maior de pacientes, principalmente aqueles que não respondem bem a tratamentos tradicionais.
“Ao compreender melhor os efeitos da Cannabis em mulheres na menopausa, podemos criar estratégias mais eficazes, que combinem o alívio da dor com a preservação da saúde óssea, melhorando significativamente a qualidade de vida”, conclui a Dra. Alethéia.
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