Na tarde de ontem, 26, policiais militares e civis, e guardas municipais entraram na fazenda da Apepi (Associação de Apoio à Pesquisa e a Pacientes de Cannabis Medicinal), no Rio de Janeiro, por conta de uma denúncia, para investigar os cultivos de Cannabis. Cinco viaturas pararam em frente à entrada, policiais pularam o portão e o arrombaram.
“A gente apurou que teve alguma denúncia de algum dos nossos fornecedores de serviço e a partir disso fizeram uma mega operação na região e aqui também”, conta Marcos Langenbach, coordenador geral da Apepi.
Assustados, os funcionários pediram o mandado, sem sucesso. Quando começaram a filmar, os policiais apreenderam os celulares. “Ficamos apreensivos, sem comunicação com as pessoas que estavam lá. Não sabíamos o que estava acontecendo”, diz Langenbach.
Quando entraram na sede e viram os banners, os ânimos se acalmaram. “Começaram a ver todo mundo uniformizado. As pessoas explicaram, mostraram o laboratório, entenderam que nosso trabalho é sério”, completa.
Falha de comunicação na polícia
Enquanto isso, no centro, Langenbach e Margarete Brito, coordenadora executiva da Apepi, acionavam os advogados e a própria Polícia Militar.
“Ontem foi um dia muito confuso, a gente tinha combinado de receber uma visita do serviço de inteligência da PM no dia seguinte [hoje]. Ligamos para o comandante e ele ficou ‘como assim estão entrando aí? Não estou sabendo disso’”, relata.
Vias judiciais
Os advogados da Apepi entraram em contato com a assessora da juíza responsável. O maior receio era que os policiais apreendessem as plantas. “Nossos advogados disseram: olha, 1,4 mil pacientes dependem desse óleo, se pegarem as plantas todos eles ficam sem remédio”.
Por fim, a juíza pediu um documento com o histórico da associação e revogou o mandado.
O vidro com CBG, levado pelos policiais, foi devolvido. E Manoel do Carmo, administrador da sede, e Diogo Fonseca, engenheiro agrônomo, que haviam sido levados para a delegacia também foram liberados.
A operação na fazenda durou cerca de duas horas.
Dia seguinte
Como combinado previamente, a PM visitou a Apepi na tarde de hoje. Dessa vez, não houve qualquer problema. “Eles foram lá para a polícia entender, ver que é uma coisa séria. O major saiu de lá dizendo ‘vimos a seriedade do projeto, podem contar conosco’”, comemora o coordenador.