No momento que obteve seu registro na OAB, Marcelo Battistella já sabia que não seria advogado. Largou tudo e foi empreender. Começou com a bolha da internet, ajudando empresas a se reestruturarem. Mesmo assim, permanecia um certo vazio. Um dia, um amigo lhe falou de uma grande mudança que estava para ocorrer no setor da educação. O amigo virou sócio e um novo empreendimento começava.
Hoje, Battistella comanda, como CEO, a Ânima Educação, que tem 145 mil alunos por todas as principais capitais do Brasil. “Queremos que nossos alunos possam fazer uma escolha diferente da que eu fiz quando tinha 16 anos, e demorei até os meus trinta e poucos para descobrir o que eu buscava”, diz o empresário, que tem como projeto de vida melhorar a educação do país e direcionar a vocação dos alunos. Não quer que encontrem seu caminho tardiamente, como aconteceu com ele. “Tem gente que passa pela sua existência sem fazer isso. Ou vai ser feliz quando ficar velho”.
No Medical Cannabis Summit, Battistella pretende falar sobre a importância da educação e da saúde, e a Ânima Educação já tem 4 cursos específicos sobre medicina cannábica no forno, para serem lançados já em setembro deste ano.
Conheça um pouco sobre o empresário
Cannabis & Saúde: Fale da sua carreira.
Marcelo Battistella Bueno: Eu comecei muito cedo, trabalhava e estudava à noite. Me formei em direito na São Francisco. Eu tive talvez o sucesso que buscava na época, mas sentia um vazio no peito, e decidi largar tudo. Fui empreender, entrei na internet. Com a bolha da internet, nos tornamos uma empresa de reestruturação. Como consultoria, para tentar consertar aquelas empresas de internet que tinham sido mal sucedidas. Eu não recomendo para ninguém fazer reestruturação como consultor.
C&S: Foi a partir desse momento que você resolveu empreender. O que provocou o impulso?
MBB: O meu sócio hoje, Daniel Castanho, nasceu dentro de uma escola. A família dele tem escolas há muitos anos. Conversando, ele falou de uma grande transformação que estava acontecendo no setor da educação. Eu disse para ele que, com a equipe que nós tínhamos, poderíamos assumir qualquer empreendimento, desde que tivéssemos o direito contratual de fazer o que tinha que ser feito. E aí decidimos estudar o setor de educação, percebemos que teria uma grande transformação, e no dia 6 de maio de 2013, montamos a Ânima. Depois de alguns anos eu fui perceber que o que buscávamos era uma proposta de vida. E hoje nós temos uma companhia que tem esse propósito: o de transformar o país pela educação. Uma companhia que muito nos orgulha, sou um dos fundadores, e hoje estou presidente.
C&S: Pode-se dizer que a sua vida é trabalhar com educação?
MBB: Sim, não me vejo trabalhando em outro lugar, sou grato ao meu sócio Daniel por ter me colocado na área da educação. Hoje, nós temos várias iniciativas na Ânima. Dentre elas, uma disciplina em que nossos 145 mil estudantes discutem vocação, projeto de vida, propósito, para que possam fazer uma escolha diferente da que eu fiz quando tinha 16 anos, e demorei até os meus trinta e poucos para descobrir o que eu buscava. Tem gente que passa por essa existência sem fazer isso. Ou vai ser feliz quando ficar velho.
C&S: O que a Ânima oferece?
MBB: Temos como missão e propósito transformar o país pela educação. É isso que nos move. Temos uma carta de princípios feita pelos fundadores, com 8 princípios. Porque a companhia é maior do que nós.
A Ânima tem uma cultura forte e com pessoas realmente unidas por um propósito.
Dr. Ozires Silva, presidente do Conselho Estratégico da Ânima Educação e Chanceler da Universidade São Judas, é o maior brasileiro vivo. O jovem que sonhou que o Brasil podia fabricar aviões e fundou a Embraer. O sonho de fazer a Embraer era maior que ter a Embraer. Ele é o maior empreendedor sem ter a empresa, e está dedicando o último terço da vida dele à educação. Que fez ele ser o que ele é e a Embraer ser o que ela é.
Hoje, somos 145 mil estudantes, 9 marcas, 4 verticais, presença nos principais estados brasileiros, e o desafio de oferecer educação de qualidade com escala.
C&S: Qual é sua visão de futuro?
MBB: Quero que ela continue quando eu não estiver mais aqui. Que ela dure 200, 300 anos. Quero que ela seja uma locomotiva para um país melhor. Acho que já passou o tempo do Brasil não levar a educação a sério, de a gente ter a carreira docente não ser levada como deveria ser levada, temos condição de mudar o país, deixá-lo melhor para nossos filhos e netos.
C&S: Por que estão no Summit e o que a Ânima tem a ver com Cannabis?
MBB: Temos uma vertical de saúde, chamada Inspirali, que tem a missão de olhar para a medicina e a área da saúde de forma integrativa. E o uso medicinal da Cannabis é uma grande inovação, que está ganhando força. Por isso temos cursos nessa área planejados ainda para este ano. Quando você começa a ver a saúde dessa forma, vê o ser humano assim também. E começa com essas alternativas, com uma visão diferente, mais moderna.
É uma atuação inédita no Brasil no setor da educação. Nosso desafio é criar o melhor modelo de formação médica e não médica.
C&S: Pode adiantar como serão os cursos?
MBB: Lançaremos em setembro 2 cursos (nano degrees), em parceria com a OnixCann. É uma estratégia de de co-branding, somando a marca da Inspirali com a marca da OnixCann. Isso vai gerar grande sinergia, fortalecer as marcas, e apresentar ao mercado um programa altamente qualificado, com os melhores profissionais na Cannabis medicinal. Nosso objetivo é atender uma necessidade crescente de profissionais especializados no tema.
Inicialmente, serão 2 cursos livres de 30 horas. Um introdutório, que vai abordar usos de todas as patologias, de 30 horas. E um aprofundado para cada patologia e aplicação, também de 30 horas.
Tem outro, de 30 horas, já em setembro, para profissionais da indústria farmacêutica.
E também em setembro, uma pós graduação de 420 horas. Será híbrida, com aulas presenciais e aulas com uso de tecnologia.
C&S: Esses cursos são específicos para Cannabis?
MBB: Sim. Mas vamos fazer outras coisas. A pegada da Inspirale é de formação de médicos em medicina integrativa. A Cannabis é uma dessas questões.
E os cursos estarão disponíveis em todas as nossas instituições de ensino pelo Brasil, e para comunidade médica e não médica, para todos que se interessarem em medicina integrativa.
C&S: Vai ter lançamento especial no summit?
MBB: Os dois primeiros já estarão lançados, já com inscrições abertas. Os dois últimos em setembro.
C&S: Qual a importância do Medical Cannabis Summit?
MBB: Primeiro é mostrar seriedade, desmistificar lendas, levar a discussão para a área médica, uma medicina diferente, integrativa. Discutir o tema de forma estruturada, sem mitos e coisas que não são verdadeiras.
C&S: Qual o recado que gostaria de passar aos mais de 10 mil inscritos no Medical Cannabis Summit?
MBB: Primeiro: A Covid-19 é uma grande lição para a humanidade. Eu não acredito em novo normal. O mundo já está diferente, será cada vez mais. Será muito mais humano, solidário, sustentável. As pessoas deveriam olhar o lado cheio do copo, e pensar dessa forma. E, quando você olha a área da saúde, duas áreas que despontam com a Covid-19: educação e saúde. As pessoas passaram 120 dias em casa, no convívio da família, com seus filhos tendo aulas com uso de tecnologia. E você começa a perceber a importância de uma nova relação, de relacionamentos que estavam perdidos, que são resgatados, e da importância efetiva da educação para uma sociedade melhor. E da saúde também. A saúde deveria ser mais preventiva, pensando em algo mais integral do ser humano.
C&S: Como foi seu interesse pela medicina canabinoide?
MBB: Eu tenho uma cunhada que é paciente de esclerose múltipla, num processo de degeneração e a Cannabis está ajudando muito. Ela estabilizou o processo degenerativo. Isso foi me interessando. Em paralelo, eu tenho um grande amigo que está se especializando, que é o Marcelo Galvão, com quem eu venho falando muito. Por fim, eu também tenho médicos conhecidos que também vêm comentando. Então, esse assunto vem crescendo. A Cannabis se juntou ao meu interesse pessoal que nem é especificamente no uso do canabidiol, mas sim, numa medicina integrativa, que usa conhecimentos milenares. Esses conhecimentos estavam ficando no passado, se perdendo, mas voltaram a ser resgatados. A medicina oriental, auyrveda. Eu tenho muito interesse por essa visão mais integral.