Não foi fácil para o médico André Cavallini definir sua especialidade médica. Durante sua formação, pensou em ser neurologista, psiquiatra, mas acabou na otorrinolaringologia. No entanto, uma outra especialidade, para a qual ainda não há opção de residência no Brasil, sempre o interessou: o sistema endocanabinoide.
“São áreas que sempre interessaram, mas durante a faculdade você vai focando em uma delas”, conta o médico. “A Cannabis, como não tem uma especialização específica, eu nunca tinha estudado. Quando terminei a residência, comecei a buscar sobre o assunto.”
Os benefícios da Cannabis medicinal
Quanto mais conhecia sobre os benefícios da Cannabis, mais o médico se empolgava. “Via muitos vídeos de pacientes que mostravam melhora”, lembra. “Pacientes com dor crônica, que toma vários remédios, e nunca melhora. De repente toma um óleozinho, e fica bem, sem dor. Impossível não despertar o interesse.”
Só tinha um problema: “Eu queria ver se conseguia aliar a Cannabis com otorrinolaringologia, mas otorrino é uma área muito específica. Ainda são poucas as patologias que podem ser tratadas com Cannabis.”
Isso não deteve o médico. Seguiu estudando, conheceu médicos prescritores de Cannabis e passou a observar os resultados na prática. “Ver a melhora dos pacientes, a qualidade de vida que proporcionada, foi me trazendo animação para ir caminhando”, diz Cavallini.
“Pela falta de médicos, e a grande procura de pacientes, me senti na vontade de ajudar a atender essa demanda. Os médicos prescritores não equivalem a nem 1% do total”, continua.
“O fato de ser tão segura, me fez querer atender outras áreas também. Medicações alopáticas causam muito mais problemas que a Cannabis. geralmente são pacientes que já tentaram de tudo e buscam uma última instância, então vou sentar, estudar outras doenças, porque alguém tem que fazer alguma coisa. Eu fazendo isso, acabo estimulando outros médicos a entrar nessa onda de querer estudar o assunto.”
Médico prescritor de Cannabis
No primeiro semestre de 2020, se sentiu pronto para iniciar a prescrever Cannabis medicinal. “Já estou com 80 pacientes, atendendo tudo quanto é enfermidade. Até peguei uns casos de otorrino, como caso de ansiedade exagerada em sons graves.”
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Casos de paciente tratados com Cannabis
Entre os principais casos, uma criança com paralisia cerebral conseguiu controlar as crises convulsivas, melhorando sua capacidade física, com ganho de peso pela melhora do apetite. “Ele não fala, mas está começando a querer verbalizar”, comemorou Cavallini.
Também conta sobre uma paciente com 62 anos que luta contra a depressão desde os 14 anos de idade, e em três meses sob tratamento com Cannabis medicinal se livrou de todos os medicamentos psicotrópicos que dependia.
“Ela é escritora e ganhou ânimo para voltar a escrever”, conta. “Foi meu primeiro caso de depressão, e foi muito legal ver essa resposta. Ainda mais uma senhora, pois a pessoa idosa tende a mais preconceito com a Cannabis. você vê como o paciente melhora, abraça a causa e vai espalhando para outras pessoas.”
Em cerca de um ano como médico prescritor, afirma nunca ter tido uma experiência negativa administrando Cannabis. “Pode ter uma porcentagem cuja melhora da qualidade de vida é menor, mas 80% dos pacientes tiveram uma melhora significativa.”
Otorrinolaringologista e tratamentos com Cannabis
A experiência positiva faz o médico querer ir além. Não desistiu de aliar a Cannabis com a otorrinolaringologia, e, para isso, deseja contribuir com o desenvolvimento da ciência. “Tem o zumbido subjetivo, um zumbidinho que pode procurar o que for no paciente, e não encontra a causa. O plano é fazer um trabalho científico nesses pacientes com zumbido subjetivo para avaliar se há uma melhora ou não”, revela Cavallini.
O médico explica que a condição tem difícil tratamento, pois enquanto alguns melhoram com o tratamento convencional, muitos precisam aprender a conviver com o zumbido. “Se eu conseguir aplicar isso, e mostrar uma melhora com o uso da Cannabis, vai ser legal porque um dia eu posso publicar no Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, e mudar a cabeça de muito médico que é preconceituoso no assunto.”
“Tem muito médico cabeça aberta, mas tem alguns que ficam como em um cabresto”, continuou Cavallini. “Fala que vicia, que não sei o que, e eu tenho argumentos científicos para afirmar que está equivocado. É uma área que tem que ser vista por todo mundo. Abraçar a causa e ir juntos. Sem concorrência, mas caminhar em prol de um benefício mútuo.”