A anandamida é a substância mais conhecida no sistema endocanabinoide, apesar de ter sido descoberta apenas em 1992.
O ácido graxo é um neurotransmissor fundamental para o bom funcionamento do sistema endocanabinoide e para a manutenção da homeostase no corpo humano.
Presente nos sistemas nervosos central e periférico, a anandamida age e regula diversas funções fisiológicas e psicológicas.
Apetite, sono, estresse, ansiedade, depressão, atividade cardíaca e memória são alguns exemplos. Sua insuficiência causa igualmente diversos problemas de saúde
Devido à sua importância no sistema endocanabinoide, dedicamos este post para explicar tudo o que você precisa saber sobre anandamida. Continue lendo para aprender sobre:
- O que é a anandamida?
- Qual o papel da anandamida?
- Os efeitos da anandamida na ingestão de alimentos
- Como aumentar os níveis de anandamida no organismo?
- Semelhanças entre a anandamida e os canabinóides da Cannabis
- Como funciona o sistema endocanabinoide?
- Quais os benefícios do uso da Cannabis medicinal?
- Onde encontrar remédios à base de Cannabis medicinal?
O que é a anandamida?
A anandamida é uma substância química produzida naturalmente pelo corpo humano, que pertence à classe dos neurotransmissores endocanabinoides.
Ela é conhecida como a “molécula da felicidade” devido ao seu efeito de indução de um estado de bem-estar e relaxamento, semelhante ao que é experimentado após a prática de atividades prazerosas, como comer chocolate ou fazer exercícios físicos.
A anandamida age no cérebro e no sistema nervoso periférico, onde se liga a receptores específicos, conhecidos como receptores canabinoides, que estão envolvidos em diversas funções fisiológicas. Estas incluem a regulação do humor, da dor, do apetite e do sono.
Além disso, a anandamida também tem propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras, que podem ser benéficas no tratamento de diversas doenças e condições médicas.
Ela atua junto aos receptores CB1 e CB2 (receptores canabinoides). Ou seja, é um endocanabinoide. O CB1 predomina no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).
Por outro lado, os CB2 estão no sistema nervoso periférico (fibras, gânglios nervosos e órgãos terminais), que faz a comunicação entre os órgãos do corpo e sistema nervoso central (SNC).
Quem identificou a anandamida?
A identificação da anandamida é creditada a um grupo de cientistas liderado pelo pesquisador israelense Raphael Mechoulam, que é considerado um dos pioneiros nos estudos da Cannabis e dos canabinoides, ganhando o título de “pai da pesquisa em Cannabis”.
Em 1992, Mechoulam e sua equipe identificaram a anandamida como um neurotransmissor endocanabinoide, após anos de pesquisa sobre os efeitos da Cannabis no corpo humano.
A descoberta da anandamida aconteceu durante pesquisas sobre os receptores CB1 e CB2, enquanto esta substância endógena atuava nestes receptores. É, portanto, a primeira substância endógena identificada relacionada a eles.
A descoberta da anandamida foi um marco importante no campo da neurociência, pois mostrou que o corpo humano é capaz de produzir substâncias químicas semelhantes às encontradas na Cannabis e em outras plantas. Isso abriu novas possibilidades para o desenvolvimento de medicamentos baseados em canabinoides.
Desde então, a anandamida tem sido objeto de intensa pesquisa em diversas áreas, incluindo a neurociência, a farmacologia e a medicina, e tem sido associada a uma série de funções fisiológicas e patológicas.
Como o corpo produz a anandamida?
A produção da anandamida no corpo humano ocorre naturalmente e é regulada por um processo complexo que envolve vários sistemas fisiológicos, incluindo o sistema nervoso, o sistema endócrino e o sistema imunológico.
Ela é produzida a partir de um ácido graxo chamado ácido araquidônico, que é encontrado em alimentos como carne, ovos e produtos lácteos, e é sintetizada por uma enzima chamada N-acyltransferase.
Em seguida, a anandamida é então liberada na corrente sanguínea e transportada para o cérebro e outras partes do corpo, onde se liga a receptores canabinoides e exerce seus efeitos fisiológicos.
A produção de anandamida no corpo pode ser influenciada por diversos fatores, como a dieta, o exercício físico e o estresse.
Por exemplo, uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes e sementes de linhaça, foi associada a níveis mais elevados de anandamida no corpo. Por outro lado, o estresse crônico pode reduzir a produção de anandamida e levar a desequilíbrios no sistema endocanabinoide.
Além disso, a anandamida também pode ser influenciada por substâncias externas, como a Cannabis, que contém compostos que se ligam aos mesmos receptores canabinoides que a anandamida.
Isso pode levar a uma ativação excessiva ou inibição do sistema endocanabinoide, dependendo da quantidade e do tipo de compostos presentes na Cannabis.
Embora a produção de anandamida seja um processo natural e essencial para a saúde e o bem-estar do organismo, ela também pode ser afetada por diversas condições médicas, como a depressão, a ansiedade e a obesidade.
Pesquisas sugerem que níveis reduzidos de anandamida no corpo podem estar associados a essas condições e que o aumento dos níveis de anandamida pode ter efeitos terapêuticos no tratamento dessas doenças.
Qual o papel da anandamida?
É uma molécula mensageira, que tem sua participação em diversas atividades do corpo, como o apetite, memória, dor, depressão e fertilidade.
O estudo Anandamide: some like it hot sugere que a anandamida possa agir na produção e quebra de conexões de curto prazo entre as células nervosas, que está relacionada à memória e à aprendizagem.
Quando a anandamida se conecta aos receptores CB1 e CB2, ela os ativa e aciona várias reações. Além destes dois receptores, ela também atua junto a receptores vaniloides tipo 1 (VR1), que ajudam na destruição de células cancerígenas.
Além destas, a anandamida tem diversas outras funções em nosso corpo:
Homeostática
A anandamida é um importante regulador da homeostase, ou seja, do equilíbrio interno do corpo. Ela atua em vários sistemas fisiológicos, como o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular e o sistema gastrointestinal.
Por exemplo, a anandamida regula a ingestão de alimentos, o metabolismo energético e a temperatura corporal. Além disso, a anandamida tem um papel importante na regulação da resposta imunológica do organismo.
Neuroprotetora
A anandamida também possui propriedades neuroprotetoras. Ela age como um antioxidante, protegendo as células cerebrais de danos causados por radicais livres e outros agentes oxidantes.
Além disso, a anandamida regula a inflamação no cérebro, o que pode ajudar a prevenir e tratar doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson.
Analgésica
A anandamida é um potente analgésico natural. Ela age nos receptores de dor do organismo, reduzindo a sensação de dor.
A FAAH é uma enzima que degrada a anandamida. Pesquisas indicam que a inibição desta enzima melhora o mecanismo analgésico endógeno mediado pela anandamida, que regula a transmissão dos sinais de dor do sistema nervoso periférico ao central.
Portanto, a anandamida tem sido estudada como uma opção de tratamento para a dor crônica, como a dor neuropática e a dor associada a doenças como a fibromialgia.
Regulador do desejo sexual
A anandamida também desempenha um papel importante na regulação do desejo sexual.
Ela é produzida durante o ato sexual e atua nos receptores de canabinoides no cérebro, aumentando a sensação de prazer e satisfação.
Além disso, a anandamida ajuda a regular o ciclo reprodutivo feminino, incluindo a ovulação.
Funções cognitivas
A anandamida é importante para as funções cognitivas, como a memória e a aprendizagem. Ela atua nos receptores de canabinoides no cérebro, promovendo a plasticidade sináptica e melhorando a memória de curto prazo.
No cérebro, ela também influencia funções motoras, percepção de dor e memória. Em pequenas quantidades pode melhorar a memória, mas com quantidades excessivas pode causar a perda dela.
Por conta disso, a anandamida tem sido estudada como uma opção de tratamento para distúrbios cognitivos, como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Sedação e bem-estar
A anandamida também pode ter efeitos sedativos e de bem-estar no organismo. A anandamida é produzida naturalmente pelo corpo em resposta ao estresse e à dor.
Ela atua como um neurotransmissor e se liga aos mesmos receptores canabinoides que o THC, o principal componente psicoativo da Cannabis.
Isso pode produzir efeitos semelhantes aos da maconha, como a redução da ansiedade e a sensação de relaxamento.
Além disso, a anandamida pode afetar o humor e o bem-estar. Estudos em animais mostraram que a anandamida pode afetar a liberação de dopamina e serotonina, dois neurotransmissores que desempenham um papel importante na regulação do humor e do bem-estar.
Vasodilatador
A anandamida também é um vasodilatador, o que significa que ela ajuda a relaxar os vasos sanguíneos e aumentar o fluxo sanguíneo.
Esse fenômeno ocorre naturalmente quando aumentamos a temperatura do corpo, o que permite que o sangue circule próximo da superfície da pele para ser resfriado. Este mecanismo também serve para manter a pressão arterial.
Isso pode ajudar a prevenir e tratar doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial e a aterosclerose.
No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender completamente os efeitos da anandamida na circulação sanguínea.
Regulador da dopamina
A anandamida também tem uma relação importante com a dopamina, um neurotransmissor responsável por regular o prazer e a motivação no cérebro. A anandamida pode atuar como um regulador da dopamina no cérebro.
A dopamina é um neurotransmissor que desempenha um papel importante na regulação do humor, motivação e recompensa.
Quando há uma redução na disponibilidade de dopamina, pode ocorrer uma série de condições, incluindo a depressão e a baixa motivação.
Por ser um ácido graxo, a anandamida é lipossolúvel e atravessa a barreira entre cérebro e sangue, a barreira hematoencefálica. Assim, atua como um neurotransmissor no sistema nervoso, facilitando a comunicação entre as células nervosas.
Desta forma, ajuda a regular a dopamina e o transporte de moléculas de cálcio, desempenhando papel importante na viabilidade neuronal.
Portanto, a anandamida pode afetar a disponibilidade da dopamina no cérebro, aumentando ou diminuindo sua liberação dependendo do contexto.
No entanto, é importante notar que a regulação da dopamina é um processo complexo e que ainda há muito a ser compreendido sobre o papel da anandamida nesse processo.
Na gravidez
Durante a gravidez, a anandamida tem um papel importante na regulação do desenvolvimento fetal. Ela é produzida pelo feto e pela placenta, e atua nos receptores de canabinoides no cérebro e em outros órgãos do corpo.
A anandamida ajuda a regular a angiogênese, o crescimento e a migração celular, bem como a fertilidade e a implantação do embrião.
Durante a gestação, a anandamida também está envolvida na formação do blastocisto (uma das primeiras estruturas na formação de um embrião) no útero materno, estabelecendo as primeiras conexões entre mãe e bebê.
A anandamida está relacionada a um grupo de moléculas essenciais para a manutenção de uma gravidez saudável e que também provocam as contrações do parto, as prostaglandinas.
Além disso, a anandamida tem sido estudada como uma opção de tratamento para as náuseas e vômitos associados à gravidez, bem como para a hipertensão gestacional e a pré-eclâmpsia.
No entanto, mais pesquisas são necessárias para determinar os efeitos da anandamida na gravidez.
Os efeitos da anandamida na ingestão de alimentos
A anandamida é produzida naturalmente pelo nosso corpo e age como um neurotransmissor.
Ela se liga aos mesmos receptores que o THC, o principal componente psicoativo da Cannabis, e pode produzir efeitos semelhantes, como a redução da ansiedade e a sensação de relaxamento. Além disso, a anandamida também tem efeitos sobre o apetite.
Pesquisas mostraram que a anandamida pode reduzir o apetite e a ingestão de alimentos. Isso ocorre porque ela é produzida e liberada em resposta à ingestão de alimentos, especialmente aqueles ricos em gordura e açúcar. A anandamida age como um sinal para o cérebro de que o corpo está saciado e não precisa mais comer.
Além disso, a anandamida também pode afetar a liberação de outros hormônios que afetam o apetite, como a leptina e a grelina.
A leptina é um hormônio produzido pelas células de gordura, que sinaliza para o cérebro quando o corpo já tem reservas de energia suficientes.
Por outro lado, a grelina é um hormônio produzido pelo estômago, que sinaliza para o cérebro quando é hora de comer. A anandamida pode influenciar a liberação desses hormônios, reduzindo ou aumentando a sensação de fome.
Como aumentar os níveis de anandamida no organismo?
Uma escassez de endocanabinoides pode desencadear um estado conhecido como deficiência endocanabinoide clínica (DEC). Para manter o sistema endocanabinoide sob controle, há algumas formas naturais.
A principal delas é através do consumo da Cannabis. A ação do CBD como inibidor da enzima FAAH, que é responsável pela quebra da anandamida, permite que a substância tenha uma vida útil maior no organismo. Analogamente, este parece ser o efeito também junto à enzima 2-AG, outro endocanabinoide produzido pelo nosso corpo.
Outra maneira de aumentar os níveis de anandamida é através da prática de atividade física. A atividade física aumenta a liberação de endorfinas, que por sua vez aumentam a produção de anandamida.
Além disso, a prática de atividade física também pode aumentar a sensibilidade dos receptores de anandamida, potencializando seus efeitos.
Você também pode aumentar os níveis de anandamida através da redução do estresse. O estresse crônico pode reduzir os níveis de anandamida no organismo, enquanto a redução do estresse pode aumentá-los. Práticas como meditação, ioga e terapia cognitiva–comportamental podem ajudar a reduzir o estresse e aumentar os níveis de anandamida.
Por fim, outra forma bastante útil de aumentar os níveis de anandamida é através da alimentação. Os seguintes alimentos podem te ajudar neste objetivo:
- Chocolate: os mais escuros e com altos teores de cacau – e menos leite e açúcar na fórmula – ajudam a elevar os níveis de anandamida;
- Ácidos graxos ômega 3: o corpo precisa deles para sintetizar os endocanabinoides. Os alimentos ricos em ômega-3 incluem o peixe, sementes de cânhamo, nozes, sementes de linhaça, sementes de chia e caviar;
- Cariofileno: um terpeno encontrado em muitas ervas culinárias (e na Cannabis), o cariofileno também atua como um canabinóide dietético, ligando-se diretamente com o receptor CB2, melhorando o humor e a disposição. Alecrim, pimenta preta, lúpulo, cravo-da-índia e orégano são alimentos ricos em cariofileno;
Estudos sobre as consequências da anandamida em excesso
Embora a anandamida possa ter efeitos benéficos, o excesso de anandamida pode ter consequências negativas para a saúde.
O estudo The “Dark Side” of Endocannabinoids: A Neurotoxic Role for Anandamide alerta sobre os efeitos do excesso de anandamida. De acordo com o estudo, altos níveis de anandamida podem estar associados à obesidade e à resistência à insulina.
Além disso, a anandamida pode afetar o sistema nervoso central e o sistema cardiovascular. Altos níveis de anandamida podem aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca, o que pode ser perigoso para pessoas com problemas cardíacos.
A anandamida também pode afetar a função cognitiva. O excesso de anandamida pode afetar a memória e a aprendizagem, e podem estar associados a transtornos psiquiátricos como a esquizofrenia.
É importante lembrar que ainda há muito a ser descoberto sobre os efeitos da anandamida no organismo, e mais pesquisas são necessárias para entender completamente seus efeitos benéficos e negativos.
Semelhanças entre a anandamida e os canabinóides da Cannabis
A anandamida é para o THC e o sistema endocanabinoide o que um opioide alcaloide como a morfina é para o sistema opioide.
Tanto a anandamida quanto o THC se ligam aos receptores CB1 e seus efeitos no corpo humano são bastante similares, apesar de o THC ser mais potente e ficar mais tempo ativo no corpo.
Assim como a anandamida, o THC pode aliviar dor, náusea, relaxar a musculatura e estimular o apetite. Os fitocanabinoides (canabinoides originários da Cannabis) partilham uma estrutura molecular similar com os nossos próprios endocanabinoides. Como o THC apresenta uma forma similar à da anandamida, ele também se liga e estimula tanto os receptores CB1 como os CB2.
Outra das principais semelhanças é que tanto o THC quanto a anandamida só ativam parcialmente o receptor CB1 e se ligam parcialmente ao receptor CB2, onde atuam como agonistas (causadores de uma ação) parciais.
O que é um canabinoide?
Canabinoide é um termo genérico para designar substâncias que atuam junto aos receptores canabinoides CB1 e CB2. Os endocanabinoides são produzidos naturalmente no nosso corpo, e fazem parte do sistema endocanabinoide.
Os fitocanabinoides são compostos naturais da Cannabis. São mais de 110 conhecidos, entre eles o canabidiol (CBD) e o THC. Outros canabinoides são o canabinol (CBN), o canabigerol (CBG), o canabicromeno (CBC) e outros.
Depois da descoberta do sistema endocanabinoide, muito se aprendeu sobre como a Cannabis e seus canabinoides impactam o funcionamento do organismo e da mente.
O receptor GPR55 é possivelmente um terceiro receptor canabinoide, e ainda há muitos outros para serem descobertos.
Como funciona o sistema endocanabinoide?
Após a descoberta de canabinoides como o THC e o CBD, os investigadores começaram a se questionar como é que estas moléculas exerciam as suas funções únicas no corpo humano.
Então, eles descobriram uma vasta rede de receptores celulares: o sistema endocanabinoide.
Esta descoberta não só identificou como funcionam os canabinoides como também revelou um sistema fisiológico sofisticado que ajuda o corpo a manter a homeostase, ou seja, a capacidade do organismo de manter seu equilíbrio interno.
O sistema endocanabinoide é um dos mais importantes sistemas do corpo e está envolvido em estabelecer e manter a saúde humana.
Os receptores endocanabinoides estão distribuídos por todo o corpo: membranas celulares no cérebro, órgãos, tecidos conjuntivos, glândulas e células imunes.
Em cada parte do corpo executa funções diferentes, sempre com o objetivo de estabilizar o equilíbrio interno independente das variações externas (homeostase).
O sistema endocanabinoide também está presente nas interseções dos sistemas, permitindo a comunicação e coordenação entre as células.
Para que serve o sistema endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide é responsável por regular inúmeros processos: dor, inflamação, termorregulação, pressão intraocular, sensações, controle muscular, manutenção de energia, metabolismo, qualidade do sono, resposta a estresse, motivação e recompensa, humor e memória, fertilidade, gravidez, desenvolvimento pré e pós natal, apetite, além de mediar os efeitos farmacológicos dos fitocanabinoides.
O sistema endocanabinoide interage com quase todos os demais sistemas conhecidos do corpo humano. Tais como os sistemas nervosos (central e periférico) através dos receptores conhecidos CB1 e CB2, sistema cardiovascular, sistema digestivo, imunológico, etc.
Quem identificou o sistema endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide foi identificado pela primeira vez apenas na segunda metade do século XX. O responsável pelo feito é o pesquisador búlgaro radicado em Israel Raphael Mechoulam, que naquele em 1964 viria a documentar de forma até então inédita o THC.
Foi essa descoberta que levou o químico Mechoulam a descobrir, anos mais tarde, o sistema endocanabinoide, formado por uma série de enzimas presentes em diversos tecidos do corpo.
Raphael Mechoulam é um químico orgânico, de origem búlgara, radicado em Israel, conhecido mundialmente pelo isolamento, definição estrutural e síntese do THC.
A descoberta ocorreu quando o professor Mechoulam começou a fazer testes com haxixe e, a partir dele, descobriu o componente psicoativo da Cannabis: o THC.
Vinte anos depois, o cientista verificou que o THC, interage com o maior sistema de receptores do corpo humano, o sistema endocanabinoide.
Na década de 1980, foram descobertos receptores específicos para o THC no cérebro, chamados de receptores canabinoides. Em 1992, a busca por substâncias endógenas capazes de agir nesses receptores resultou na descoberta da anandamida.
A anandamida foi isolada e sua estrutura foi descrita pela primeira vez no laboratório do professor Raphael Mechoulam, na Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel, pelo químico tcheco Lumír Ondřej Hanuš e pelo farmacologista americano William Anthony Devane.
Quais os benefícios do uso da Cannabis medicinal?
A Cannabis medicinal tem diversos benefícios, sendo um deles o estímulo da produção de anandamida.
A anandamida é um neurotransmissor endocanabinoide que desempenha um papel importante na regulação de várias funções fisiológicas, incluindo o apetite, a dor, o humor e a memória. Além disso, a Cannabis pode ter benefícios para a saúde geral, incluindo:
- Redução da inflamação: a Cannabis tem propriedades anti-inflamatórias que podem ajudar a reduzir a inflamação no corpo.
- Controle do apetite: a Cannabis pode ajudar a controlar o apetite, o que pode ser benéfico para pessoas que estão sofrendo de distúrbios alimentares.
- Melhoria do humor: por ter propriedades ansiolíticas, a Cannabis também pode ajudar a melhorar o humor e reduzir a ansiedade.
- Controle da dor: graças às suas propriedades analgésicas, a Cannabis pode ajudar a reduzir a dor, regulando as vias da dor no cérebro.
- Proteção do sistema cardiovascular: A Cannabis também pode ajudar a proteger o sistema cardiovascular, reduzindo a pressão arterial e prevenindo a formação de placas nas artérias.
Onde encontrar remédios à base de Cannabis medicinal?
Medicamentos à base de Cannabis medicinal só podem ser obtidos mediante prescrição médica. Neste sentido, o primeiro passo que você deve dar para ter acesso aos seus medicamentos à base de Cannabis é consultar um profissional experiente.
Embora a quantidade de médicos prescritores de Cannabis seja pequena no Brasil, você ainda pode se conectar com profissionais experientes em Cannabis de uma forma simples através do Portal Cannabis & Saúde.
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Por fim, basta seguir as orientações médicas precisas para obter os benefícios do uso da Cannabis medicinal.
Conclusão
A anandamida é um neurotransmissor endocanabinoide importante que desempenha diversas funções no organismo humano. Além disso, a anandamida tem uma relação importante com a dopamina e desempenha um papel crucial na gravidez.
Embora a anandamida seja produzida pelo próprio corpo humano, ainda há muito a ser aprendido sobre seus efeitos no organismo.
Mais pesquisas são necessárias para entender melhor os mecanismos pelos quais a anandamida atua no cérebro e no corpo, bem como para determinar seu potencial como tratamento para diversas doenças e condições.