Substância química artificial, o acetato de THC-O é um derivado do THC produzido com o objetivo de potencializar os efeitos do canabinoide
Quando se fala em Cannabis uma das suas substâncias químicas mais conhecidas é o THC. Ele é o responsável pelos efeitos psicoativos da planta, que causam alterações cognitivas. A partir dessa substância é possível desenvolver outros derivados, como o THC-O, ou acetato de tetraidrocanabinol.
Essa variação pode ser até 3 vezes mais potente do que a fórmula original, o que tende a refletir em mais efeitos recreativos e terapêuticos para os usuários. Afinal, o THC é um canabinoide também conhecido na medicina pelas suas propriedades medicinais, úteis especialmente em tratamentos oncológicos e quimioterápicos.
Ainda assim, o THC-O é pouco conhecido, o que por um lado pode ser um desperdício para a indústria farmacêutica. Por outro, pode representar um perigo maior para a sociedade, que desconhece seus impactos na saúde.
Diante desse contexto, preparamos este post com as principais informações a respeito do THC-O para você ficar por dentro da temática. Confira!
O que é o acetato de THC-O?
Primeiro, é importante se aprofundar na definição do acetato de tetraidrocanabinol. Então, saiba que essa nomenclatura surge a partir da variação do THC. Assim, existem algumas variações surgidas do THC, como o delta 9 THC, delta 8 THC e THCP. Cada um deles com suas particularidades.
Por exemplo, o THC-O pode ser um pouco mais potente que o delta 9 THC. Em tese, isso eleva os efeitos terapêuticos da planta, o que ajuda os pacientes. Correto? Não necessariamente. Em muitos casos, baixas doses dessa substância já são suficientes para as necessidades do indivíduo. Enquanto isso, o excesso pode elevar os efeitos colaterais.
Como surgiu o THC-O?
Apesar de a discussão em torno dessa substância ser mais recente, os estudos sobre ela iniciaram ainda em 1949, nas instalações do Edgewood Arsenal, em Maryland. O espaço era comandado pelo Corpo Químico do Exército dos EUA e tinha como finalidade avaliar o impacto de agentes químicos.
Diante desse contexto, houve um processo químico para derivar o THC-O do THC com auxílio de produtos químicos. É o caso de anidrido acético, que serve para desenvolver explosivos, plásticos, fibras e produtos farmacêuticos.
A partir da produção, o THC-O foi testado em cães para estudar o potencial da substância como incapacitante não letal, o que serviria como arma. Isso porque faz parte das propriedades do THC original limitar a coordenação muscular do usuário. Como o THC-O é mais potente, esses efeitos tenderiam a ser maiores. Os resultados do experimento comprovaram isso.
Como o acetato de THC-O é produzido?
Como foi possível notar, a produção do THC em THC-O é complexa e só pode ser realizada por profissionais em laboratórios. Caso contrário, existem riscos de explosão. De todo modo, a conversão nessa substância química ocorre com auxílio do ácido sulfúrico e anidrido acético.
A partir desses produtos o CBD é extraído e transformado em delta 8 THC. Então, ocorre a conversão em THC-O, com auxílio do anidrido acético, adicionado para produzir o acetato THC-O. O resultado é um óleo solúvel em etanol com aparência marrom.
Quais são os efeitos medicinais do acetato THC-O?
Conforme mencionado, algumas das propriedades do THC-O são terapêuticas, o que é útil para efeitos medicinais. Esses benefícios podem ser especialmente válidos nos casos de pacientes que não conseguem controlar algum problema de saúde com auxílio do THC regular.
Assim, contar com o THC-O, que é mais potente, tende a oferecer melhores resultados. Isso diz respeito principalmente ao efeito analgésico e ansiolítico da substância. Esses benefícios aliviam dores crônicas, como artrite e artrose.
E ainda, é eficaz no tratamento de transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão. De todo modo, é necessário um maior desenvolvimento nos estudos para chegar a conclusões certeiras sobre o acetato THC-O. Inclusive, é preciso incluir experimentos humanos em estudos clínicos para uma maior comprovação, já que eles envolveram apenas animais.
Além disso, o THC-O conta com uma característica que pode ser um diferencial nos efeitos medicinais. Trata-se da rápida ação no corpo, o que leva cerca de 30 minutos para aparecer. Isso porque não é necessário passar pela descarboxilação, que consiste na submissão da substância a altas temperaturas para sua ativação.
Quais são as diferenças entre o THC e o THC-O?
Ao longo da leitura você já percebeu que o acetato de tetraidrocanabinol difere do tetraidrocanabinol. A primeira diferença é que o THC é uma substância química natural presente na Cannabis, uma planta existente em diversas localidades do planeta. Enquanto isso, o THC-O é produzido sinteticamente em laboratórios a partir desse componente.
Outra diferença significativa entre esses dois elementos diz respeito ao potencial terapêutico e psicoativo oferecido por cada um. O THC-O tende a ser três vezes mais potente do que o seu derivado, segundo o autor Michael Stark em seu livro.
Nesse sentido, até pessoas mais adaptadas ao uso recreativo da Cannabis precisam de um consumo gradativo para controlar os efeitos colaterais que podem surgir. Inclusive, algumas das reações provocadas podem ser semelhantes às psicodélicas, o que não é possível no consumo da Cannabis natural.
No caso de animais, como os cães, isso funcionou como um agente paralisante muscular, mesmo que não letal. No caso dos humanos, os estudos ainda não evoluíram o suficiente para deixar claro os efeitos.
Outra diferença envolve o maior tempo exigido pelo THC-O começar a funcionar, se comparado ao THC. Em médio, é necessário esperar cerca de 30 minutos para sentir todo o potencial dessa substância.
Quais são as diferenças entre o delta 8 THC e o acetato de THC-O?
O delta 8 THC é outra variação possível a partir do THC. No entanto, ele se difere do THC-O em muitos aspectos. Entre essas diferenças, saiba que o delta 8 THC tem um menor potencial psicoativo, o que eleva a concentração dos usuários e pode reduzir o índice de ansiedade. Essa característica também se relaciona com os efeitos provocados nas vias neurais e nos receptores. Para entender melhor, conheça a seguir as propriedades terapêuticas do delta 8 THC:
- ação anti-inflamatória: essa substância é especialmente útil no combate de lesões na córnea, como mostra um estudo de 2018. Apesar disso, a tolerância a esse canabinoide de desenvolveu com rapidez;
- estimulante de apetite: algumas pessoas podem ter dificuldade para comer, principalmente pacientes em quadros quimioterápicos, o que pode ser atenuado com o delta 8 THC;
- redução da ansiedade: a ansiedade pode ser controlada com ajuda dessa substância química, segundo a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA;
- ação antináusea: as náuseas também são comuns principalmente em quadros oncológicos e quimioterápicos, o que pode ser controlado com auxílio do delta 8 THC.
De qualquer maneira, é importante deixar claro que os estudos em torno do delta 8 THC ainda são prematuros. Ainda assim, já é possível avaliar seus benefícios medicinais de modo mais aprofundado do que no caso do THC-O.
Isto é, esse canabinoide tem as propriedades terapêuticas e psicoativas potencializadas. Entretanto, ainda não se pode afirmar se isso é mais benéfico do que maléfico para a medicina. Afinal, a maior potencial pode resultar na elevação de efeitos colaterais. Além disso, é válido mencionar como outra diferença entre os elementos que a ação do delta 8 THC é menos potente que o THC normal.
O THC-O é seguro?
Diante das informações apresentadas, é natural se questionar sobre o nível de segurança do acetato de tetraidrocanabinol.. Desde já, saiba que os sinais mostram que o THC-O não é seguro. De qualquer forma, os estudos em torno dessa substância ainda são muito limitados para chegar a uma conclusão definitiva.
As dificuldades em torno da pesquisa são justificadas também porque em alguns lugares, partes das substâncias da Cannabis são consideradas ilegais. Essa classificação limita a análise do elemento e aumenta as chances de desenvolvimento inseguro.
Riscos do THC-O
Apesar disso, já existem indícios de que o THC-O não seja decomposto adequadamente pelo fígado, o que leva ao acúmulo na região. Outro risco é que o uso de produtos químicos nocivos na fabricação, como o anidrido acético, não passe por um controle rigoroso.
Além disso, considere a possibilidade do acometimento de uma síncope vasovagal, em que o usuário reduz a frequência cardíaca e pressão arterial repentinamente e desmaia. Isso porque os efeitos do THC-O são mais fortes do que o THC. E ainda, utilizá-lo com frequência pode levar a tolerância.
Logo, somado ao perigo na fabricação do produto e o potencial de toxicidade, pode se dizer que se trata de um elemento inseguro. De todo modo, não se pode descartar a necessidade de testes adicionais para uma avaliação mais completa.
O THC-O é legalizado no Brasil?
O THC-O, assim como o delta 8 THC, é derivado do THC. O tetraidrocanabinol é legalizado para uso medicinal no Brasil, segundo a concentração dessa substância e a gravidade da patologia a ser tratada. Então, em tese, os seus derivados também são legais.
Por exemplo, medicamentos acima de 0,2% de THC podem ser prescritos desde 2015 em casos específicos. Se a concentração de THC for menor, a prescrição tende a ocorrer com menos restrições. Entre os casos específicos que permitem o uso do THC estão pacientes em estado terminal ou sem outra alternativa de tratamento.
Anteriormente, esse tipo de cuidado exigia autorização para importação dos remédios. No entanto, desde 2019, com a autorização especial da Anvisa, a solicitação e o acesso foram facilitados. Isto é, as próprias farmácias brasileiras podem comercializar esses produtos, desde que seja apresentada uma prescrição médica e os espaços de venda cumpram as regras de vigilância sanitária.
Em outras palavras, realizar um tratamento com a Cannabis medicinal no Brasil não é burocrático e ilegal como muitos poderiam imaginar. Desse modo, os pacientes recebem os cuidados necessários e que nem sempre são possíveis com medicamentos convencionais. No entanto, podem existir regras específicas para cada substância química presente na planta, como o THC-O, o que exige atenção.
Considerações finais
O THC-O deixa mais dúvidas do que conclusões a respeito dos seus benefícios e propriedades terapêuticas ou psicoativas. Esse fato pode explicar porque dificilmente se encontram produtos com esse composto. Ainda assim, quando eles existem, é importante desconfiar da sua legitimidade e naturalmente, priorizar os desenvolvidos por instituições de referência.
De qualquer maneira, alguns estudos sinalizam para os benefícios medicinais do THC-O, que são mais potentes do que o próprio THC. Então, quando este último não funcionar como o almejado, é possível que o acetato de tetraidrocanabinol seja considerado como um substituto. Afinal, cada paciente e patologia tem suas singularidades, o que exige tratamentos diferentes.
Mas por enquanto, o que as avaliações sugerem é o componente ser inseguro e oferece riscos. É o caso de problemas no fígado, contato com substâncias altamente tóxicas, acometimento de uma síncope vasovagal, chances de tolerância etc. Então, até o momento, é melhor esperar que os estudos avancem em torno do THC-O.
Como iniciar um tratamento com Cannabis medicinal?
Como visto, não se pode dizer que é seguro utilizar o THC-O para tratar patologias. Por outro lado, é possível fazer isso com outras substâncias químicas da Cannabis, como o THC, CBD, CBN etc. Nesses casos, muitos estudos já avançaram na análise dos seus efeitos em transtornos psiquiátricos, doenças neurodegenerativas e muitas outras.
Para isso, você deve realizar uma consulta com um médico prescritor da Cannabis, que deve avaliar o seu quadro. Se ele perceber a necessidade e considerar válido o uso dela no tratamento da sua patologia, é fornecida uma prescrição médica. Ela serve de autorização para aquisição de produtos à base de Cannabis. Logo, o seu tratamento é iniciado.
Conseguiu tirar suas dúvidas a respeito do THC-O? Esperamos que o aprofundamento nessa pauta tenha ajudado a enxergar também a relevância de estudos de substância químicas para entender seus efeitos. A partir disso, é possível adotar um comportamento mais consciente com relação à Cannabis, que quando utilizada adequadamente, pode ser muito bem-vinda nos cuidados médicos.
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