O neuropediatra é um dos especialistas indispensáveis para garantir o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
No entanto, nem sempre pais ou responsáveis sabem identificar quando é o momento certo de levar seus filhos para uma consulta com esse profissional.
Se você tem dúvidas sobre o tema, este texto vai ajudar a esclarecer os principais pontos.
Como veremos neste conteúdo, sem recorrer a essa especialidade, fica muito mais difícil diagnosticar e tratar das doenças que atingem o sistema nervoso durante a infância.
Então, prossiga na leitura e entenda o porquê.
Qual é a função de um neuropediatra?
No Brasil, é comum que toda condição relacionada às crianças seja levada para o pediatra.
Não há problema algum nisso, afinal, esse é o principal especialista quando o assunto é saúde infantil.
Por outro lado, o pediatra é, fundamentalmente, um generalista.
Dessa forma, ele não tem, em certos casos, o conhecimento e a prática clínica para avaliar doenças que acometem o sistema nervoso central (SNC) e periférico em crianças.
É nesse cenário que surge o neuropediatra, que vem a ser o profissional mais indicado quando há suspeita de alguma condição afetando, por exemplo, as funções cognitivas dos pequenos.
Ele é a autoridade a ser consultada em situações em que se faz necessário diagnosticar e tratar de moléstias que atingem os sistemas nervoso e/ou muscular com suas miopatias.
Qual é a diferença entre neurologista e neuropediatra?
Basicamente, neurologistas e neuropediatras tratam das mesmas enfermidades e condições.
A diferença, portanto, está no perfil do paciente atendido.
Enquanto os primeiros cuidam de adultos, cabe aos neuropediatras zelar pela saúde das crianças.
Essa diferenciação é importante, já que, na infância e adolescência, o corpo e a mente ainda estão se desenvolvendo, demandando cuidados especiais.
No entanto, nada impede que um neurologista atenda pacientes infantis, é certo que, em algum momento, ele vai necessitar de uma abordagem mais adequada.
Por isso, se você tem filhos que precisam de tratamento para algum tipo de doença do SNC, prefira o neuropediatra sempre que puder.
Quais são os problemas e doenças tratados pelo neuropediatra?
Certos problemas de saúde ou de comportamento que se manifestam na infância, se não tratados, podem comprometer seriamente o desenvolvimento da criança.
Afinal, é nessa fase que o cérebro cria conexões e forma laços que vão moldar a personalidade e as habilidades na fase adulta.
Sendo assim, ao menor sinal de pelo menos um dos sintomas ou doenças abaixo, procure o mais rápido possível um neuropediatra:
- Autismo
- Epilepsia
- Tiques
- Paralisia
- Meningite
- Dificuldade escolar
- Hiperatividade
- Déficit de atenção
- Dores de cabeça constantes
- Alterações no formato ou dimensão da cabeça
- Distúrbios do sono
- Terror noturno
- Atraso na fala
- Doenças neuromusculares
- Doenças degenerativas do sistema nervoso central.
O neuropediatra realiza tratamentos de doenças com Cannabis?
Por mais que a medicina tenha evoluído, sempre haverá casos de pacientes com mais dificuldade em ter resultados satisfatórios com os tratamentos convencionais.
O que fazer, então, quando os medicamentos e os recursos médicos tradicionais não surtem efeito?
Uma alternativa que vem ganhando força ao longo da última década é a utilização dos compostos extraídos das plantas do gênero Cannabis.
Esse movimento se deve em grande parte à nova postura das comunidades médica e científica, cada vez mais convictas dos poderes dessas substâncias.
Sendo assim, a neuropediatria é uma das especialidades que podem recorrer a esse tipo de tratamento, caso as opções usuais não venham a trazer soluções.
Como o CBD pode ajudar no tratamento de transtornos infantis?
Já existem pesquisas que, embora não sejam conclusivas, fornecem evidências de que a Cannabis é de fato uma aliada das mais valiosas para a saúde infantil.
Uma delas é o artigo Cannabinoids in Pediatrics, no qual os autores trazem provas de sucesso em tratamentos de doenças como o autismo e a epilepsia em crianças.
Eles relatam, por exemplo, testes com o medicamento Dronabinol®️, à base de canabidiol (CBD) em crianças autistas com tendência à autolesão.
Neles, sete dos dez pacientes tiveram melhora significativa em seu comportamento autolesivo ao longo dos seis meses em que foram monitorados.
Contudo, há ainda muitas outras doenças infantis que podem ser tratadas com esse composto extraído da Cannabis, como veremos logo a seguir.
O CBD pode ser usado para tratar quais doenças?
Talvez a característica mais surpreendente (e valiosa) dos canabinoides retirados da Cannabis seja a versatilidade.
Com frequência, são documentados estudos, casos e tratamentos que reforçam a eficácia do CBD.
Veja abaixo!
Autismo
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma doença de causas ainda misteriosas para a medicina, o que dificulta o seu diagnóstico e tratamento.
A despeito desse fato, o CBD vem revelando propriedades fantásticas para mitigar os sintomas dessa condição, que pode se manifestar de formas bastante variadas.
Uma evidência disso é um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Nele, 18 pacientes infantis autistas foram tratados com doses diárias de CBD entre 74,4mg e 300mg.
Foram relatados resultados positivos para 15 dos que aderiram ao tratamento, com melhoras nos distúrbios do sono, convulsões e crises comportamentais.
Câncer
Os efeitos do CBD são relativamente bem conhecidos nos cuidados paliativos em pacientes com câncer, inclusive crianças.
No entanto, a ciência já está atenta também para as suas propriedades anticancerígenas, como mostra uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Insubria, na Itália.
Então, suas conclusões a respeito do canabidiol como potencial medicamento para inibir as neoplasias malignas são que:
“(…) o canabinoide não psicoativo derivado de planta CBD exibe ações pró-apoptóticas e antiproliferativas em diferentes tipos de tumores e também pode exercer propriedades antimigratórias, anti-invasivas, antimetastáticas e talvez antiangiogênicas.”
Epilepsia
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 30% e 40% das crianças com epilepsia têm dificuldades de aprendizado em função da doença.
Um percentual bastante elevado e que reforça ainda mais a necessidade de acompanhamento por parte de um especialista em neuropediatria.
Sobre isso, um estudo realizado por pesquisadores do Centro Médico Langone, em Nova Iorque, aponta para a segurança e eficácia do CBD no cuidado dessa doença em crianças.
Eles concluíram, inclusive, que o canabidiol pode reduzir a frequência das convulsões em pacientes pediátricos até mesmo em certas formas de epilepsia resistentes ao tratamento.
Acne
Um grupo de pesquisadores descobriu, ainda, que o canabidiol, via sistema endocanabinoide, é eficaz para minimizar os efeitos da acne, um problema muito comum na adolescência.
De acordo com os autores do estudo, a atividade antiproliferativa do CBD em sebócitos humanos in vitro e ex vivo documentada reduziu significativamente a produção de sebo na pele.
Por falar em sistema endocanabinoide, foi a partir da sua descoberta por Raphael Mechoulam que a ciência passou a levar o canabidiol mais a sério.
Aliás, não só o CBD, como todos os canabinoides extraídos da Cannabis, que promovem benefícios à saúde ao interagirem com os endocanabinoides produzidos por esse sistema.
Ansiedade
O estresse pós-traumático é uma das possíveis causas da depressão em crianças, podendo desencadear problemas de insônia e ansiedade.
Esse é o foco de um estudo realizado pelos pesquisadores Scott Shannon e Janet Opila-Lehman, da Universidade do Colorado, Estados Unidos.
Sobre a dosagem de CBD recomendada, eles concluíram que 12mg a 25mg diários foram suficientes para induzir a melhora em pacientes infantis com insônia e ansiedade em função do estresse pós-traumático.
Dor neuropática
O já destacado estudo Cannabinoids in Pediatrics ainda evidencia, na sua conclusão, a eficácia do canabidiol no tratamento da dor neuropática em crianças.
A respeito desse tipo de dor, vale ressaltar o que diz um artigo da associação de pacientes AMA+ME, no qual enfatiza-se que a dor neuropática, em geral, é refratária a fármacos convencionais.
Nesses casos, os canabinoides vêm sendo cada vez mais utilizados como alternativa quando os medicamentos tradicionais falham.
Problemas gastrointestinais
Um artigo publicado pela European Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) traz novas evidências da eficácia do CBD no tratamento de doenças inflamatórias do trato intestinal em adolescentes.
O estudo, que envolveu jovens entre 13 e 23 anos, sugere que o óleo de Cannabis é eficaz não apenas pelos seus benefícios terapêuticos, como também pelos baixos riscos de efeitos adversos.
Casos e exemplos de pacientes tratados com Cannabis
Além dos muitos estudos de campo e testes em laboratório, sobram casos reais de pacientes infantis que tiveram melhora significativa de problemas neurológicos com o CBD.
Alguns deles são tão incríveis que poderiam perfeitamente servir como roteiro para um filme, no qual certamente não faltaria drama e emoção.
Se você acompanha os artigos publicados aqui, no Portal Cannabis & Saúde, é provável que até conheça alguns.
E se não conhece, fique atento, pois vamos contar detalhes a partir de agora.
Adeus, cadeira de rodas
Não podemos dizer que ingerir 22 medicamentos por dia com menos de três anos de idade seja normal.
E pior: mesmo com toda essa pesada medicação, sofrer diariamente cerca de 80 crises epilépticas com suas preocupantes convulsões.
Esse era o quadro do pequeno Victor, que foi diagnosticado com epilepsia logo depois de ser operado de um aneurisma com pouco mais de um ano de idade.
A coisa ficou ainda pior quando, ao tentar a dieta cetogênica, ele passou a cambalear e não ter mais forças nem para ficar de pé.
Essa condição foi agravada pela Síndrome de West, que levou-o a precisar de capacete para proteger a cabeça durante as convulsões e a se locomover com cadeira de rodas.
Foi então que, em 2015, os pais dele encontraram um médico prescritor de Cannabis medicinal, que indicou um óleo à base de CBD e THC.
Conheça o final dessa emocionante história de recuperação e que atesta mais uma vez o poder do canabidiol.
Curado de autismo grave
O autismo pode se manifestar de incontáveis formas, sendo uma delas a agressividade.
Foi assim com o pequeno Christopher, que até os nove anos era uma criança inquieta, incapaz de se relacionar até mesmo com sua mãe.
Tudo isso mudou depois que ele passou a usar CBD para tratar da sua condição.
Hoje, ele é uma criança normal que sorri brinca e diz “eu te amo, mamãe”.
Alívio para a dor e a ansiedade
E o que dizer do valente Alexandre, diagnosticado com osteossarcoma (câncer nos ossos) e que, aos nove anos, teve que amputar um dos seus braços por causa da doença?
Esse corajoso menino precisou, então, submeter-se a uma pesada quimioterapia, que acarretou em efeitos colaterais como vômitos, dores e náuseas.
Para trazer alívio ao seu filho, a mãe de Alexandre recorreu ao canabidiol para tratar desses sintomas.
Hoje, ele toma duas doses diárias com quatro gotas pela manhã e à tarde e, ao que tudo indica, o tratamento vem surtindo o efeito esperado.
Uma mãe vai à justiça
Há casos em que o medicamento à base de CBD tem que ser obtido com intervenção da justiça.
Assim fez Bruna Moraes, uma carioca mãe de três filhos autistas que precisavam se tratar com canabidiol.
Sem alternativas no mercado, ela teve que plantar sua própria Cannabis para ajudar as crianças, o que exige autorização judicial, dada a proibição no Brasil.
Seria mais uma história de sucesso como as outras se não fosse por um detalhe: Bruna conseguiu a liminar liberando o cultivo sozinha, sem a intervenção de advogados em sua causa.
Tratamento neurológico infantil com Cannabis: o que a ciência já comprovou?
Como vimos, estudos não faltam para atestar a eficácia dos compostos da Cannabis no tratamento de doenças que afetam o sistema nervoso central de crianças.
Vamos recapitular, então, os que você viu nos tópicos anteriores:
- Cannabinoids in Pediatrics
- Effects of CBD-Enriched Cannabis sativa Extract on Autism Spectrum Disorder Symptoms: An Observational Study of 18 Participants Undergoing Compassionate Use
- Quality of Life in Childhood Epilepsy in pediatric patients enrolled in a prospective, open-label clinical study with cannabidiol.
O que o neuropediatra faz na primeira consulta?
Embora o neuropediatra seja o profissional indicado para diagnosticar qualquer doença que afete o sistema nervoso central, o mais recorrente é que ele seja procurado por mães e pais de crianças autistas.
É fundamental relatar na primeira consulta o máximo de detalhes o comportamento do paciente.
Vale até anotar para não esquecer de nada, pois mesmo situações que pareçam menores podem fazer toda a diferença.
O importante é que, na consulta inicial, o neuropediatra seja informado de tudo o que acontece, sem disfarces.
Em algumas situações, pode ser que o profissional indique um monitor na escola, por isso, não deixe de pedir um laudo para apresentar na instituição de ensino.
Quando procurar um neuropediatra?
As doenças que atingem o sistema nervoso, via de regra, manifestam-se em sintomas como perda de funções motoras, retardo na fala e dificuldades cognitivas.
Desse modo, é essencial acompanhar o desenvolvimento da criança desde o seu nascimento.
Se forem observados sinais como demora em falar, andar ou mutismo prolongado, não deixe de procurar ajuda de um neuropediatra.
Nos casos de crianças com epilepsia, a busca por esse especialista deve começar assim que a primeira crise aconteça.
Afinal, as convulsões epilépticas, quando fogem do controle, podem levar o paciente a sofrer graves lesões em virtude de possíveis traumas causados por choques violentos da cabeça.
O que perguntar ao neuropediatra?
Seja qual for o quadro reportado ao neuropediatra, uma coisa é certa: Você vai precisar fazer muitas perguntas para entender melhor o que se passa, independente do quadro reportado
Por isso, não deixe de levantar questões como:
- Quais exames podem determinar um transtorno de aprendizado?
- Se não for feito um diagnóstico precoce, quais problemas a criança poderá ter durante o seu desenvolvimento?
- Como saber se meu filho é portador de déficit de atenção?
- Quais fatores podem provocar problemas de aprendizagem nas crianças?
- Que especialista pode tratar um transtorno de aprendizagem?
- A criança tem dificuldade de se concentrar nas aulas, mas passa muito tempo assistindo programas de TV e na internet. Ela pode ter TDAH?
- Meu filho está demorando a falar. Pode ser que ele tenha algum transtorno?
Como encontrar um neuropediatra para tratamento alternativo com CBD?
Tomando como base o que você acaba de ler, é possível que já saiba que tem uma criança na sua família precisando de um atendimento neuropediátrico.
Então, se você já escolheu um médico especialista, a dica é aprender mais sobre o canabidiol e seus efeitos a partir de artigos como este.
São essas informações que podem fazer toda a diferença ao argumentar em favor do tratamento com CBD.
Caso prefira ir direto a um médico prescritor de Cannabis medicinal, você pode recorrer à nossa página de marcação de consultas, seu primeiro passo para começar um tratamento com canabidiol.
Para agendar, basta preencher o formulário no link acima e selecionar o profissional mais indicado para cuidar do seu pequeno ou pequena.
Conclusão
Em diversos casos, pais aflitos acabam perdendo tempo tentando tratamentos com médicos que, embora bons em suas áreas, não conseguem encontrar uma solução adequada.
Isso reforça ainda mais a necessidade de se tratar problemas neurológicos na infância com o especialista no assunto.
O neuropediatra é o profissional certo para fazer diagnósticos precisos e, assim, otimizar o tempo, fator que sempre faz diferença quando se trata de doenças do sistema nervoso central.
Então, aproveite e compartilhe este conteúdo em suas redes sociais para ajudar pessoas que estejam precisando das orientações que você acaba de ter acesso.