A apigenina vem se destacando entre as substâncias naturais com elevado potencial terapêutico.
Ela é um dos flavonoides encontrados em plantas do gênero Cannabis, cujo uso medicinal cresce em todo o mundo.
Enquanto flavonoide, a apigenina contribui para formar a cor e o sabor de diversas espécies do reino vegetal.
Mas o que vamos tratar neste conteúdo é menos sobre botânica e mais sobre o potencial de fármacos naturais no enfrentamento de doenças diversas.
A apigenina, por exemplo, tem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antibacterianas e antivirais, revelando um potencial interessante para uso em tratamentos contra o câncer e a obesidade.
De fato, os estudos mais recentes trazem revelações bastante animadoras.
No entanto, tal como o canabidiol (CBD), são necessárias mais pesquisas conclusivas até que se possa dizer com total segurança quais são os seus efeitos como recurso terapêutico.
Quer conhecer os avanços da ciência em relação à apigenina?
Acompanhe com bastante atenção, já que amigos e familiares podem vir a precisar das informações às quais você terá acesso a partir de agora.
Boa leitura!
Apigenina: o que é?
Normalmente usada como corante para tecidos como a lã, a apigenina é, na verdade, uma flavona.
Esse tipo de metabólito secundário exerce nos vegetais um importante papel em processos de herbivoria, que, por sua vez, consiste em adaptações visando a sobrevivência.
Para os seres humanos, essa substância surge como um nutriente valioso, já que, como um flavonoide, ela age em uma série de reações orgânicas.
Não por acaso, ela é também considerada um bioflavonoide, em virtude das suas propriedades terapêuticas e nutritivas.
Ao longo das últimas décadas, cientistas vêm se debruçando sobre a apigenina, fazendo descobertas surpreendentes a respeito desse composto.
Como resultado, estão sendo colocadas em evidência uma série de utilidades para essa substância, hoje considerada uma verdadeira protagonista na promoção da saúde.
Apigenina: para que serve?
Diversos usos estão sendo revelados para a apigenina, sendo o combate ao câncer o mais proeminente de todos.
Seja como for, embora exista a possibilidade de utilizá-la no tratamento da doença, é na sua prevenção que a substância ganha destaque.
A propósito, ela é um entre os mais de 8 mil flavonoides já catalogados pela ciência, podendo ser encontrada em uma série de plantas, legumes e verduras.
Como todo flavonoide, a apigenina é considerada um fitofármaco, ou seja, é um composto medicamentoso extraído de plantas.
Nos tópicos seguintes, vamos conhecer melhor algumas das suas muitas propriedades já identificadas.
Quais são as propriedades da apigenina?
Nunca é demais lembrar que são necessários mais estudos conclusivos para confirmar as propriedades terapêuticas da apigenina.
A esse respeito, cabe destacar o que diz o pesquisador Elmo Almeida Amaral, do Laboratório de Bioquímica de Tripanossomatídeos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Segundo o cientista, depois de identificada uma substância promissora para a indústria farmacêutica, leva-se cerca de dez anos para desenvolver um novo medicamento.
Por outro lado, isso não invalida as descobertas já realizadas, todas elas apontando um futuro bastante próspero para a apigenina como fitofármaco.
Além disso, a medicina já confirmou as suas propriedades preventivas, ligadas à sua condição de flavonoide, desde que incluída na dieta.
Sendo assim, vamos conhecer algumas delas, com base em pesquisas, estudos e na própria experiência de médicos e nutricionistas.
Anticancerígena
Talvez a grande descoberta envolvendo a apigenina nos últimos anos seja a de que ela pode ser eficaz para restabelecer a apoptose.
Esse é o nome do processo pelo qual uma célula programa a sua morte.
Nas que são afetadas pelo câncer, ocorre uma disfunção nessa programação, que leva tumores a crescer descontroladamente.
Essa propriedade foi relatada no estudo Apigenin inhibits growth and induces apoptosis in human cholangiocarcinoma cells.
Nele, os pesquisadores verificaram que a apigenina de fato induziu células cancerígenas à apoptose:
“A morte celular apoptótica foi detectada usando dois métodos diferentes, uma análise de citometria de fluxo (Muse Cell Analyzer) e um ensaio de fragmentação de DNA.”
Anti-inflamatória
Como um bom flavonoide, a apigenina tem suas propriedades anti-inflamatórias documentadas.
No estudo Anti-inflammatory activity of structurally related flavonoids, Apigenin, Luteolin and Fisetin ficou comprovado que ela (e outros flavonoides) é eficaz em inibir o fator nuclear KB (NF-kB), induzido por ativação transcricional TNFα.
Essa é mais uma evidência científica das muitas propriedades desse nutracêutico, com especial destaque no combate a processos inflamatórios – alguns relacionados, inclusive, ao câncer.
Antiparasitária
Outra descoberta recente (e surpreendente) foi feita pelo já citado pesquisador Elmo Almeida Amaral.
Ele e mais um grupo de pesquisadores brasileiros conduziram o estudo Oral Efficacy of Apigenin against Cutaneous Leishmaniasis: Involvement of Reactive Oxygen Species and Autophagy as a Mechanism of Action, no qual sugerem a eficácia da apigenina contra a leishmaniose cutânea.
Trata-se de uma doença de pele, causada por um protozoário transmitido aos humanos pela picada do mosquito-palha.
Em entrevista ao portal da Fiocruz, instituição à qual é vinculado, Elmo Almeida esclarece:
“Os resultados no modelo animal foram superiores aos do antimonial pentavalente, que é o medicamento de primeira escolha para o tratamento da infecção atualmente. A apigenina foi mais eficaz tanto na redução da lesão quanto na diminuição da carga parasitária.”
Antioxidante
Já são relativamente bem conhecidas as propriedades antioxidantes dos flavonoides, que se tornaram famosos por combater os chamados radicais livres.
Uma das pesquisas que comprova essa capacidade é a Antioxidant and Photoprotective Activity of Apigenin and Its Potassium Salt Derivative in Human Keratinocytes and Absorption in Caco-2 Cell Monolayers.
O estudo foi focado na oxidação causada pelos raios UV, os principais responsáveis pelo câncer de pele, e traz revelações importantes a respeito da ação da apigenina em comparação com a variante apigenina-K.
Após os testes, os pesquisadores concluíram que:
“Este último aspecto permite a seleção da apigenina-K como o melhor candidato para futuros desenvolvimentos farmacêuticos, nutracêuticos ou cosmecêuticos.”
Protege contra raios UV
Além da pesquisa que conhecemos no tópico anterior, outros estudos sugerem a eficácia da apigenina no combate ao câncer de pele.
Em um deles, Apigenin Inhibits UVB-Induced Skin Carcinogenesis: The Role of Thrombospondin-1 as an Anti-Inflammatory Factor, seus autores são bastante enfáticos ao concluírem que:
“Em suma, esses resultados demonstram que a apigenina é capaz de inibir aumentos induzidos por UVB em células inflamatórias.”
5 benefícios da apigenina
As conclusões a que chegaram os pesquisadores só reforçam as vantagens dos flavonoides como a apigenina para a nossa saúde.
Muitos já as aproveitam no dia a dia, a partir de uma dieta rica em alimentos que contenham flavonoides.
É bom destacar que as pesquisas comprovam as ações benéficas da apigenina contra uma série de reações malignas, mas o seu uso como medicamento ainda precisa ser mais bem estudado.
Há aqui uma diferença a se considerar, que são os efeitos dessa substância enquanto nutracêutico, ou seja, um nutriente administrado como um recurso terapêutico.
Nesse caso, aí sim, temos muitas vantagens atestadas por pesquisas, o que coloca os flavonoides como os mais indicados por médicos e nutricionistas.
Confira nos tópicos seguintes alguns desses benefícios.
1. Fitofármaco natural
Não podemos negar a relevância dos medicamentos artificiais e os avanços da indústria farmacêutica em diversos tipos de tratamento.
Por outro lado, é consenso que vários desses fármacos trazem consigo toda uma carga de reações adversas, principalmente em intervenções contra o câncer.
É nesse ponto que os fitofármacos como o CBD e a apigenina apresentam vantagens bastante significativas.
Por serem substâncias naturalmente absorvidas pelo organismo, em geral, são muito bem toleradas e não apresentam efeitos colaterais expressivos.
Tanto é verdade que o que mais se vê na mídia são médicos indicando reiteradamente alimentos ricos em flavonoides.
Essa mobilização, aliás, é saudável, porque o foco é na medicina preventiva, na qual se busca evitar o surgimento de doenças.
Afinal, como diz a sabedoria popular: “prevenir é sempre melhor do que remediar”.
2. Poucos efeitos adversos
Sendo um nutracêutico e um fitofármaco, é esperado que a apigenina apresente poucos ou nenhum impacto adverso.
Isso porque, na maioria dos estudos clínicos, os efeitos colaterais dessa substância foram inexistentes ou leves.
Entre eles, destacam-se o desconforto digestivo e, em alguns casos, reações na pele em pacientes que receberam aplicações de gel de camomila tópico.
Vale ressaltar, ainda, que a apigenina tem atividade estrogênica.
Portanto, mulheres com histórico de câncer responsivo ao estrogênio ou em terapia de reposição hormonal devem ser especialmente cautelosas com essa substância.
Outro dado importante é que, embora nenhum estudo de toxicidade tenha sido realizado em humanos, altas doses de apigenina (100mg/kg) causaram danos ao fígado em ratos, conforme o estudo Acute Exposure of Apigenin Induces Hepatotoxicity in Swiss Mice.
3. Custos mais baixos
Mais um aspecto positivo a ressaltar é que, sendo encontrada em alimentos que ingerimos com certa frequência, a apigenina sai muito mais em conta.
Além disso, o tratamento contra o câncer feito nos moldes tradicionais, com quimioterapia, envolve uma medicação pesada e, em geral, de elevado custo financeiro.
Outro exemplo de tal fato é o valor da imunoterapia, uma das mais recentes descobertas da ciência, na qual o câncer é combatido pelo próprio sistema imunológico.
Nesse caso, um tratamento pode vir a custar R$ 400 mil ou mais, dependendo do peso do paciente.
Isso porque as drogas utilizadas nesse tipo de intervenção são importadas, o que naturalmente encarece seu preço final.
Não significa que essa seja uma recomendação para abandonar o tratamento convencional e focar nos flavonoides.
O benefício aqui é sempre apostar na prevenção por meio de uma alimentação de qualidade e que contenha doses ideais de flavonoides como a apigenina.
4. Oferece ação preventiva
A medicina preventiva está evoluindo a passos largos e, nesse contexto, seus adeptos não cansam de valorizar o papel da alimentação e de um estilo de vida saudável.
Essa é a melhor maneira de se evitar que enfermidades que ainda não têm cura, como o câncer, venham a surgir e se desenvolver.
Aliás, sobre essa doença, vale relembrar a importância do diagnóstico precoce como principal meio de evitar sua propagação.
Campanhas alertando para os exames regulares e preventivos para detecção do câncer de mama e de próstata são sempre bem-vindas, mas a iniciativa é individual.
Nesse sentido, além dos exames, é fundamental incluir na dieta alimentos ricos em flavonoides e outros nutrientes com propriedades anticancerígenas e antioxidantes.
5. Impede a proliferação de radicais livres
O estudo Flavonoids: a review of probable mechanisms of action and potential applications faz uma revisão da literatura sobre os efeitos dos flavonoides na eliminação dos radicais livres, moléculas instáveis que podem causar danos a outras células.
Entre as muitas conclusões dessa pesquisa, vale destacar:
“(…) os flavonoides estabilizam as espécies reativas de oxigênio ao reagir com o composto reativo do radical. Devido à alta reatividade do grupo hidroxila dos flavonoides, os radicais são inativados (…).”
Embora não seja um estudo conclusivo, ele traz ainda mais evidências de que os flavonoides, em especial a apigenina, são efetivos em eliminar radicais livres do organismo.
Nessa pesquisa em particular, são apontados inclusive possíveis usos da substância no combate à aterosclerose, por causa da sua capacidade em inibir a proliferação de radicais livres.
Como a apigenina pode ser utilizada no tratamento de doenças?
Como visto, a ação anti-inflamatória da apigenina pode ser especialmente útil na luta contra o câncer e para outros fins terapêuticos.
Em diversos casos, ela gera efeitos de forma indireta, inibindo ou estimulando a produção de citocinas e outras moléculas que têm controle sobre processos inflamatórios.
Por meio desses mecanismos, o flavonoide demonstrou, em testes com camundongos e ratos, proteger órgãos como pulmões, o cólon intestinal e o endocárdio.
Ele também diminui a resposta do sistema imunológico à sepse, conforme detalhado neste artigo de 2016 publicado na revista Immunopharmacology and Immunotoxicology.
De maneira até espantosa, essa substância vem deixando cientistas intrigados com as suas muitas propriedades curativas.
Não bastasse tudo que já se sabe, há evidências de que a apigenina pode ser útil no combate à obesidade e funcionar como neuroprotetora.
Quais doenças podem ser tratadas com a apigenina?
Pelo que já se sabe, esse incrível composto é eficaz na prevenção e no tratamento de diversas doenças, com especial destaque para o câncer.
No entanto, como vimos, ele pode ser aplicado também para tratar de males como a leishmaniose, a aterosclerose e a obesidade.
É capaz de ajudar, ainda, a melhorar distúrbios de humor e até a memória.
Por isso, a apigenina vem sendo apontada como possível auxiliar no tratamento de déficit de aprendizagem.
Toda essa variedade de doenças e condições que podem ser tratadas com a substância são colocadas em evidência no estudo The Therapeutic Potential of Apigenin, no qual o grupo de cientistas envolvidos concluiu que:
“(…)com base nas evidências in vitro e in vivo aqui relatadas, a apigenina, uma molécula do tipo flavona bioativa natural, pode desempenhar um papel fundamental na prevenção e tratamento de problemas emergentes de saúde global, destacando mais uma vez o uso significativo de componentes alimentares e / ou compostos de plantas.”
Já quando consideramos a apigenina como parte da Cannabis, o leque de oportunidades médicas cresce ainda mais: a lista de doenças tratadas com CBD é extensa e está em constante atualização.
Fontes de apigenina nos alimentos
São muitos os alimentos que contêm apigenina. Na relação, se encontram frutas, verduras e legumes.
Veja alguns deles:
- Camomila
- Salsinha
- Aipo
- Cacau
- Maçã
- Pera
- Damasco
- Morango
- Framboesa
- Feijão
- Frutas cítricas
- Azeitona
- Orégano
- Couve-flor roxa
- Uva.
Estudos que comprovam a eficácia da apigenina
Ao longo deste artigo, você conheceu alguns dos estudos que trazem luz em relação ao uso da apigenina como recurso terapêutico.
Vamos, então, recapitulá-los (basta clicar nos links para conhecer mais sobre cada um deles):
- Apigenin inhibits growth and induces apoptosis in human cholangiocarcinoma cells
- Anti-inflammatory activity of structurally related flavonoids, Apigenin, Luteolin and Fisetin
- Oral Efficacy of Apigenin against Cutaneous Leishmaniasis: Involvement of Reactive Oxygen Species and Autophagy as a Mechanism of Action
- Antioxidant and Photoprotective Activity of Apigenin and Its Potassium Salt Derivative in Human Keratinocytes and Absorption in Caco-2 Cell Monolayers
- Apigenin Inhibits UVB-Induced Skin Carcinogenesis: The Role of Thrombospondin-1 as an Anti-Inflammatory Factor
- Flavonoids: a review of probable mechanisms of action and potential applications
- Antioxidant and anti-inflammatory effects of apigenin in a rat model of sepsis: an immunological, biochemical, and histopathological study
- The Therapeutic Potential of Apigenin.
Apigenina: onde encontrar?
Uma dieta rica em flavonoides pode não ser tão fácil de administrar quando se tem pouco tempo para preparar refeições ou mesmo para dar uma pausa a fim de se alimentar.
Em função disso, uma opção é recorrer aos suplementos alimentares na forma de cápsulas que contêm apigenina.
Eles ajudam a garantir a ingestão desse nutriente nas quantidades recomendadas pelo seu médico nutrólogo ou nutricionista.
Portanto, se essa for a sua escolha, não deixe de consultar antes um especialista para que seja prescrito o produto certo na dosagem adequada ao seu peso e condições de saúde.
Apigenina: como comprar?
Uma coisa que nem todos sabem é que a apigenina pode ser comprada na forma de extrato de camomila.
Afinal, essa é a planta na qual o fitofármaco é encontrado em maiores concentrações.
No mercado, você pode encontrar o produto em versão líquida, em frascos com conta-gotas e na forma de extratos.
Conclusão
A apigenina continua intrigando cientistas e, pelo que vimos, mais descobertas de grande impacto vêm por aí.
Felizmente, com o que se sabe hoje, já é possível dizer que uma dieta com alimentos que contenham esse flavonoide só pode ser benéfica à saúde.
Já sua presença em medicamentos, como no caso do óleo de canabidiol, deve se favorecer nos próximos anos com mais estudos.
Então, para saber dos últimos avanços da ciência e das mais recentes descobertas envolvendo a Cannabis medicinal e outros fitofármacos, leia os conteúdos do Portal Cannabis & Saúde.