O Transtorno Afetivo Bipolar é uma condição psíquica que afeta cerca de 46 milhões de pessoas em todo o mundo.
No caso dessa doença, assim como em outras de ordem mental, não há prevalência de gênero: tanto homens quanto mulheres são afetados na mesma proporção.
Entretanto, especialistas sugerem que esse número é mais baixo do que deveria ser na realidade. Isso acontece devido ao fato de que doenças mentais costumam ser subestimadas e estereotipadas.
Apesar do grande número de indivíduos diagnosticados, existem muitas dúvidas sobre quais são os melhores tratamentos para o transtorno, mesmo entre os especialistas.
A maioria dos medicamentos para o transtorno bipolar são repletos de efeitos colaterais sistêmicos, o que traz rejeição por parte dos pacientes, que procuram pela solução do problema e não por mais um problema a ser resolvido.
Nesse sentido, o uso do CBD para transtorno bipolar tem sido estudado e defendido por cientistas. Além da potencialidade na melhora do tratamento, em casos até superiores a outros medicamentos, o nível dos efeitos colaterais é muito mais baixo.
Por isso, nós do Portal Cannabis e Saúde vamos descrever neste artigo um pouco mais sobre o transtorno afetivo bipolar. Além disso, vamos te contar também sobre como pode ser utilizado no tratamento o CBD para transtorno bipolar.
O que é um transtorno afetivo bipolar?
O transtorno afetivo bipolar é uma condição mental caracterizada pela mudança extrema de humor.
Entretanto, muitas pessoas utilizam essa terminologia errada e consideram que a simples mudança de humor que ocorre ao longo do dia (raiva, tristeza, felicidade) causadas por algum motivo cotidiano pode estar associada ao transtorno afetivo bipolar.
Por isso, é importante ter em mente que as mudanças de humor causadas pelo TAB são mudanças extremas, rápidas e que podem permanecer por dias e até mesmo semanas.
Essa é uma doença grave, que pode acarretar casos de depressão severa levando à graves consequência, que podem chegar até mesmo ao suicídio. Ainda, os sintomas maníacos podem acarretar surtos psicóticos do paciente.
Além das alterações clássicas de humor que caracterizam a doença, a mesma também pode desenvolver uma série de outros eventos. Entre elas:
- modificações fisiológicas;
- alterações no sistema imunológico;
- desbalanceamento funcional em geral.
Por isso, é importante entender que essa é uma condição séria que não tem cura. Entretanto, o tratamento diminui a sua influência na qualidade de vida de seus portadores.
Quais são as possíveis causas do transtorno afetivo bipolar?
Há décadas o TAB tem sido objeto de estudo por grupos da comunidade científica. E, apesar de fortes evidências de fatores genéticos e ambientais, ainda não se sabe exatamente o que causa esse distúrbio.
Em um estudo de meta-análise publicado em 2018 pela revista “Avanços terapêuticos em psicofarmacologia” dezenas de estudos publicados até o ano de 2017 a fim de verificar quais as possíveis causas do transtorno.
Com base nesses estudos, alguns fatores foram identificados como os possíveis causadores do transtorno afetivo bipolar.
Ambiente e o transtorno afetivo bipolar
Um estudo realizado evidenciou a possibilidade de ambientes urbanizados podem estar diretamente relacionados com a incidência do distúrbio bipolar com manifestação psicótica, mas não em casos de distúrbio bipolar sem psicose.
Entretanto, não se sabe ao certo como a urbanização pode ser responsável pelo desencadeamento do transtorno.
Hereditariedade e fatores genéticos
Isso já foi observado em pequenos estudos que modificações em genes associados à sinalização celular como proteínas, fatores, e receptores podem estar associados ao distúrbio neurológico.
Além disso, em um estudo com gêmeos homozigotos foi observado um risco de 40 a 70% de desenvolver a doença. Em seus parentes de primeiro grau o risco é de 5-10%. Esses são altos valores comparados ao risco mundial que é menor que 2%.
Uso abusivo de substâncias tóxicas
O uso abusivo de substâncias tóxicas legais como álcool e também as não permitidas, como o uso de drogas sintéticas também podem estar relacionados com o desenvolvimento do quadro clínico.
Acredita-se que essas substâncias atuam como um potencializador, estimulando o desenvolvimento do transtorno em indivíduos predispostos geneticamente.
Outros fatores
Dezenas de outros fatores também são estudados, como:
- Abuso infantil (emocional e físico);
- Negligência parental;
- Infecção por Toxoplasma gondii no período pré-natal (risco para o feto);
- Eventos traumáticos;
- Desequilíbrio nos níveis de serotonina e dopamina (ainda há dúvidas se esse desequilíbrio é causa ou consequência do transtorno);
- Comorbidades como obesidade, enxaqueca e asma;
- Uso contínuo de medicamentos psiquiátricos;
- Desequilíbrio na tireóide (hipertireoidismo e hipotireoidismo)
Entretanto, todos esses fatores aparentam funcionar como desencadeadores de uma condição genética pré estabelecida.
Ou seja, indivíduos que possuem propensão genética à bipolaridade podem desenvolver o transtorno após a exposição a essas situações e/ou condições.
Sinais e sintomas mais comuns do transtorno afetivo bipolar
No transtorno afetivo bipolar podem existir dois extremos: a depressão extrema e euforia extrema.
Sintomas relacionados à depressão como cansaço, exaustão, tristeza extrema e apatia são chamados de sintomas negativos.
Já os sintomas relacionados à euforia, como hiperatividade, irritabilidade e comportamentos agressivos são chamados de sintomas positivos.
Quando esses sintomas positivos são intensos, dá-se o nome “de mania”, enquanto episódios menos intensos são chamados de hipomania.
Em suma, os sinais cognitivos da doença são: delírios, falta de concentração, pensamentos suicidas, senso de superioridade e megalomania, o quadro bipolar também pode afetar: ganho e perda.
Além disso, o transtorno afetivo bipolar gera uma reação sistêmica, podendo haver: ganho ou perda excessiva de peso, desequilíbrio no ciclo do sono, fadiga e hipertensão.
Como acontece uma crise de transtorno afetivo bipolar?
Conforme já foi dito, o transtorno afetivo bipolar é caracterizado pela alteração brusca e repentina de humor. Geralmente, episódios de crise bipolar podem ser caracterizados por episódios de depressão e/ou episódios de mania.
Crise bipolar depressiva (sintomas negativos): período no qual o indivíduo torna-se extremamente introspectivo, evita contato social e prefere manter-se isolado.
Um dos principais sinais de um episódio depressivo é a falta de energia, tristeza profunda, pensamentos negativos (talvez suicidas) e falta de cuidado consigo e com o ambiente à sua volta.
Nesses episódios, a pessoa perde a vontade de realizar tarefas simples do cotidiano como escovar os dentes ou arrumar a cama, sente-se extremamente cansada e incapaz. A crise bipolar depressiva pode ter duração de poucos dias ou até mesmo semanas.
Crise bipolar maníaca (sintomas positivos): período no qual o indivíduo está em estado completo de euforia, com aumento da autoconfiança e autoestima. Além disso, podem haver episódios agressivos devido à irritabilidade e impaciência características da crise.
Ainda, a crise de sintomas positivos pode ser acompanhada de surtos psicóticos no qual o paciente pode oferecer perigo para si e para os outros.
Durante esses surtos, os pacientes tendem a tornar-se megalomaníacos, com delírios como messianismo e paranóia de perseguição. A crise bipolar maníaca tem normalmente a duração de alguns dias.
Crise bipolar hipomaníaca (sintomas positivos leves): na hipomania os sintomas positivos são mais suaves, e o paciente mostra-se mais sociável e eufórico.
Esse período é rápido e normalmente tem a duração de menos de uma semana. Vale ressaltar aqui que esses episódios também podem ser acarretados pelo uso de antidepressivos utilizados no tratamento da condição.
Transição entre crises bipolares: essa transição pode ocorrer de maneira espontânea, ou a partir de algum gatilho. Além disso, é usual que pacientes não tratados caminhem entre surtos de sintomas positivos e negativos ao longo de um mês, ou na mesma semana.
Novamente, vale lembrar que essas variações não são simples modificações causadas por algo que deu errado ou uma boa notícia. Mas sim modificações humorais profundas, que permanecem por dias.
Tipos de transtorno afetivo bipolar
Além das variações humorais dentro do TAB, estudos clínicos foram capazes de diferenciar diferentes tipos de sintomas dentre os pacientes estudados.
Dessa forma, foram identificados subtipos desse transtornos, que levam em conta a incidência dos sintomas positivos e negativos, duração dos episódios de crise e a gravidade desses episódios.
Transtorno afetivo bipolar I
O transtorno afetivo bipolar I é caracterizado principalmente por episódios mania severos que podem culminar na internação do paciente.
Essas crises tendem a durar pelo menos uma semana, e é acompanhada por episódios depressivos com duração de uma ou duas semanas.
Transtorno afetivo bipolar II
No transtorno afetivo bipolar II, os episódios depressivos ocorrem de forma intercalada com episódios hipomaníacos.
Enquanto no transtorno afetivo bipolar I a mania aparece como severa, no transtorno afetivo bipolar II os quadros depressivos são mais severos (podem apresentar tendências obsessivas ou suicidas) e com possível duração de semanas.
transtorno afetivo bipolar III com Desordem Ciclotímica
O transtorno afetivo bipolar III possui crises menos severas, mas com mais alterações de humor.
Nesse, as crises positivas são de hipomania, enquanto os sintomas negativos geram quadros de depressão leve ou moderada. Assim, apesar de ser considerado um grau mais leve, seu período é mais duradouro e pode chegar a anos.
Outros Transtornos Bipolares específicos e não específicos
Além desses três tipos de transtorno afetivo bipolar especificados acima, existem outros tipos de transtornos caracterizados como específico e não específico
- Transtorno relacionado induzido por substâncias ou medicamentos
Distúrbio humoral com características de depressão, mania ou hipomania que, após exames físicos ou clínicos constata-se serem advindos a partir do consumo excessivo de substâncias tóxicas (como drogas de abuso) ou medicamentos.
É importante lembrar que alguns medicamentos sinápticos podem ter a mania e depressão como efeito colateral.
- Transtorno relacionado especificado
Casos no qual os distúrbios humorais não encaixam de forma concisa nos critérios para o diagnóstico clínico.
Para esse caso, o profissional responsável evidencia o motivo pelo qual a manifestação clínica não preenche os critérios de transtorno afetivo bipolar.
- Transtorno relacionado não especificado
Casos no qual os distúrbios humorais não encaixam de forma concisa nos critérios para o diagnóstico clínico.
Para esse caso, o profissional responsável não possui informação necessária para evidenciar o motivo pelo qual a manifestação clínica não preenche os critérios de transtorno afetivo bipolar.
Fatores de risco para transtorno afetivo bipolar
Uma vez que ainda não se sabe ao certo a causa do transtorno afetivo bipolar, fatores como uso abusivo de substâncias químicas, traumas, desequilíbrio fisiológico, má alimentação, sedentarismo e obesidade são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do transtorno afetivo bipolar.
Quais as principais complicações do TAB?
Além de afetar características humorais do paciente, esse transtorno pode causar diversas complicações fisiológicas, como: obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
Além disso, outros sintomas graves como abuso de substâncias químicas (como álcool), ansiedade e pensamentos suicidas (que é um caso severo do quadro clínico de depressão) podem co-existir com o transtorno.
Qual especialidade pode fazer o diagnóstico de transtorno afetivo bipolar?
O diagnóstico de transtorno afetivo bipolar deve ser realizado por um médico psiquiatra.
Para realizar o diagnóstico, o clínico realiza uma série de perguntas sobre o comportamento do paciente. Essas perguntas são feitas tanto para o paciente quanto para familiares próximos.
Dessa forma, são pedidos exames básicos como T4 (para tireoide) e urinálise para verificar o uso abusivo de substâncias tóxicas.
Tratamento para transtorno afetivo bipolar
Uma vez que ainda não se sabe ao certo sequer a sua causa, o transtorno afetivo bipolar é uma condição sem cura.
Por isso, as formas de tratamento mais utilizadas são a psicoterapia e a prescrição de medicamentos capazes de inibir os sintomas positivos ou negativos.
Psicoterapia
A psicoterapia é uma forma do indivíduo compreender sua condição psíquica.
Além disso, durante sessões de psicoterapia o paciente pode sentir-se capaz de se abrir com o terapeuta e tentar buscar raízes ambientais de sua condição.
Além disso, um bom terapeuta também pode auxiliar o paciente através de diálogos direcionados.
Medicamentos
Uma das características do TAB é a desregulação nos níveis adrenérgicos, os medicamentos utilizados para o tratamento bipolar são usualmente utilizados na inibição de sintomas positivos característicos da esquizofrenia e de quadros depressivos.
- Anticonvulsivantes: tratamento de fases agudas da mania (Ácido valpróico e Carbamazepina), tratamento profilático – para evitar crises (Carbamazepina).
Também podem ser utilizados em casos mistos de mania e depressão.
- Antidepressivos: utilizados para tratamento de casos de depressão graves. Entretanto, seu uso prolongado pode piorar quadros clínicos de mania.
Portanto, são usados associados a outro estabilizador de humor ou antipsicóticos.
- Antipsicóticos de segunda geração: utilizados para tratar crises de mania.
Essa classe também apresenta resultados para casos de depressão bipolar. São exemplos desses medicamentos a Lurasidona e Risperidona.
- Tratamento com Lítio: é o tratamento mais antigo para transtorno afetivo bipolar.
Esse medicamento mostra-se mais eficaz quando o paciente possui histórico de transtornos mentais na família. Porém, seu uso contínuo pode causar acúmulo do íon tornando-o tóxico para o organismo.
Apesar do número considerável de medicamentos disponíveis no mercado, o ajuste do tratamento não é fácil.
Isso ocorre, pois é necessário que o paciente tenha calma, uma vez que as classes do medicamento e sua dosagem tem que ser ajustadas até que seja encontrado o equilíbrio.
Além disso, todos os medicamentos citados possuem fortes efeitos colaterais como:
- síndrome metabólica;
- erupções cutâneas;
- redução na produção de hemácias;
- ganho de peso;
- cansaço;
- entre outros.
Cannabis medicinal – CBD para transtorno afetivo bipolar
Assim como outros distúrbios neurais, o avanço de pesquisas utilizando canabidiol de forma medicinal indicam a potencialidade do uso do CBD para tratamento do transtorno afetivo bipolar.
Isso porque estudos apontam que o sistema endocanabinóide (intrínseco a nosso organismo) está intimamente ligado à modulação do estresse, humor, ciclo do sono e capacidade cognitiva.
Como é feito o tratamento por meio da Cannabis para TAB
O tratamento por meio de Cannabis deve ser prescrito por um clínico competente.
Normalmente, é utilizada a ingestão por via oral do óleo de CBD (gotas) ou então comprimidos com concentrações exatas de canabidiol e THC.
Assim como os medicamentos convencionais, o tratamento por meio da Cannabis contém dosagens específicas para cada paciente.
Estudos que indicam benefícios da Cannabis para transtorno afetivo bipolar
A posição da Cannabis sativa como droga de abuso defendida nos séculos XX e XXI por governantes e religiões, praticamente derrubou por décadas qualquer possibilidade de estudo do potencial da Cannabis no tratamento de distúrbios mentais.
Dessa forma, apenas estudos com pouco espaço amostral foram realizados para avaliar os benefícios da planta no tratamento do transtorno afetivo bipolar.
Entretanto, um estudo publicado no jornal Plos One indicou que pacientes bipolares apontam a Cannabis sativa como opção para aliviar parcialmente os sintomas clínicos da doença.
Da mesma forma, em um trabalho de revisão publicado pelo jornal Journal of Psychopharmacology mostra que o canabidiol pode atuar inibindo efeitos psicóticos e a ansiedade.
Além disso, o THC (administrado em baixas dosagens) possui ação ansiolítica e antidepressiva. Ou seja, essas moléculas podem auxiliar no combate aos efeitos do TAB.
Contudo, estudos randomizados de duplo cego com óleo de CBD ainda não foram relatados. Resta, portanto, apenas estudos de caso que são, em sua maioria, pelo consumo da planta.
Onde buscar ajuda para tratamento de TAB à base de CBD?
O uso de CBD no tratamento do transtorno afetivo bipolar é autorizado pela ANVISA.
Entretanto, para fazer uso do canabidiol em formato de óleo ou comprimido, é necessário proceder com a importação desses medicamentos.
Por isso, é necessário que o paciente consulte um médico que já esteja acostumado e tenha experiência com o uso do CBD para o tratamento do transtorno bipolar.
Ele fará a prescrição dos medicamentos e saberá explicar à você sobre quais os melhores benefícios e efeitos adversos do tratamento.
Nós, do portal Cannabis e Saúde, temos parceria com excelentes médicos prescritores de canabidiol em todo o Brasil, de várias especialidades. As consultas podem ser feitas via telemedicina ou presencial.
Muitos de nossos médicos parceiros atendem também por planos de saúde – para saber mais basta filtrar os médicos pelo seu plano.
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Conclusão
O Transtorno Afetivo Bipolar é uma condição controversa tanto em seus sinais clínicos quanto em seu tratamento. Assim como outros distúrbios neurais, ainda não é possível dizer ao certo qual é a causa da doença e ainda não existe cura.
Além disso, os medicamentos prescritos pela medicina convencional atuam diferente em cada organismo, o que dificulta um protocolo correto de tratamento.
Normalmente, o uso contínuo de medicamentos tradicionais gera efeitos colaterais intensos, que tornam o paciente propenso a abandonar o tratamento.
Por isso, o uso de canabidiol mostra-se uma opção viável para o tratamento do transtorno bipolar. Pacientes que usaram o CBD para aliviar os efeitos do transtorno bipolar afirmam ter sentido poucos efeitos colaterais e muitos benefícios, sobretudo em seus episódios de crise.