O lipedema, condição que afeta muitas mulheres, tem ganhado cada vez mais atenção. Recentemente, a modelo Yasmin Brunet, trouxe o tema à tona ao falar sobre sua experiência com a doença no programa Fantástico, da Globo. Sua fala ajudou a aumentar a conscientização sobre o lipedema, que é progressivo, mas pode ser tratado com mudanças no estilo de vida e acompanhamento profissional.
De acordo com o Instituto Lipedema Brasil, a condição afeta cerca de 10% das mulheres no mundo, com aproximadamente 5 milhões de brasileiras apresentando os sintomas, embora a maioria ainda não saiba que se trata de uma doença.
As principais manifestações incluem desproporção entre as pernas e o tronco, dores, inchaço, hematomas frequentes e dificuldade de emagrecimento nas áreas afetadas.
Ainda de acordo com o Instituto, em países como Estados Unidos, Espanha e Alemanha, a conscientização sobre o lipedema e os tratamentos disponíveis já estão mais avançados. No Brasil, a doença começou a ganhar mais visibilidade com a inclusão na CID11 (Classificação Internacional de Doenças) no início de 2022.
O tratamento do lipedema é multifacetado e envolve diferentes abordagens, como as terapias hormonais, vasculares e nutricionais. Recentemente, um possível novo enfoque tem chamado a atenção: o uso de canabinoides, substâncias presentes na Cannabis, que podem ter propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e até mesmo impactar a saúde mental.
Em entrevista à nossa equipe, a Dra. Thais Perlingeiro, médica endocrinologista com certificação internacional em medicina canabinoide, explicou como esses compostos podem ser úteis como completo no tratamento do lipedema.
Canabinoides e a ação anti-inflamatória no lipedema
“Sabemos que os canabinoides possuem o potencial de reduzir a dor e a inflamação por meio da interação com os receptores CB1 e CB2 do sistema endocanabinoide“, afirma a Dra. Thais.
“Dessa forma, eles podem contribuir de maneira significativa para o efeito anti-inflamatório. Além disso, os canabinoides têm se mostrado seguros, com estudos clínicos que atestam sua eficácia no tratamento de dores crônicas, como em condições neuropáticas e reumáticas.”
A médica também observa que, apesar do uso de canabinoides no tratamento do lipedema ainda exija mais pesquisas, “a fisiologia da doença sugere que esses compostos podem trazer benefícios importantes. Tanto no alívio da dor, quanto na redução da inflamação”.
Ela acrescenta: “Canabinoides como o CBD e CBG demonstraram reduzir citocinas inflamatórias, sem causar efeitos colaterais significativos, o que torna seu uso promissor para o tratamento do lipedema.”
Porém, a médica alerta sobre a importância da segurança no uso desses compostos. “Em relação ao CBD e CBG, sabemos que eles têm um perfil de efeitos colaterais muito baixo, o que torna seu uso bastante seguro”, afirma. No entanto, ela destaca que “em relação ao metabolismo lipídico, ainda faltam estudos que nos permitam compreender melhor o impacto dos canabinoides nessa área. O que é crucial para garantir a segurança dos pacientes.”
Canabinoides e a saúde mental no tratamento do lipedema
Outro ponto importante abordado pela Dra. Thais é o impacto emocional do lipedema, uma condição que frequentemente afeta a autoestima e pode gerar distúrbios como ansiedade e depressão, principalmente em graus mais avançados da doença. Ela menciona que o uso de canabinoides pode ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade de vida emocional dos pacientes, facilitando o manejo do estresse relacionado à condição.
“Pacientes com lipedema, principalmente em estágios mais graves, muitas vezes enfrentam questões emocionais, como depressão. O uso de canabinoides, especialmente o CBD e CBG, tem mostrado benefícios na redução de sintomas relacionados à ansiedade e à depressão”, afirma Dra. Thais.
No entanto, ela alerta que, como em qualquer tratamento, é fundamental que o uso de canabinoides seja supervisionado por um profissional de saúde. Em relação à dosagem, Dra. Thais explica que o tratamento deve ser individualizado.
“O começo deve ser com doses baixas, para observar a resposta do paciente. Dependendo da intensidade da dor, é possível aumentar a dosagem de maneira gradual. É importante sempre fazer esse ajuste com acompanhamento médico”, orienta.
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A importância de um estilo de vida saudável no uso de canabinoides
Dra. Thais também enfatiza que, para os canabinoides exercerem seu efeito positivo, o paciente deve adotar um estilo de vida saudável.
“Os canabinoides podem potencializar os resultados do tratamento, mas sozinhos não têm efeito significativo. O paciente precisa seguir um estilo de vida equilibrado, com alimentação saudável e prática regular de exercícios“, afirma a médica. Ela destaca que o uso de canabinoides deve ser considerado após a implementação de outras abordagens terapêuticas, como cuidados nutricionais, exercícios e tratamentos vasculares, e não como uma solução isolada.
Embora ainda precise de mais pesquisa científica, Dra. Thais Perlingeiro acredita que essas substâncias têm um grande potencial, principalmente no que diz respeito aos efeitos anti-inflamatórios e analgésicos. Além dos benefícios para a saúde emocional para pacientes com lipedema. Nesse sentido, os canabinoides podem ser uma alternativa a ser explorada, sempre em conjunto com outras abordagens terapêuticas e sob a supervisão de profissionais qualificados.
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