O uso de plantas medicinais para tratar doenças é uma prática comum há milhares de anos. Com o avanço da ciência, foi possível isolar e purificar as substâncias ativas presentes nessas plantas, criando o chamado fitofármaco.
Esses medicamentos oferecem uma alternativa natural e com menos efeitos colaterais para o tratamento de diversas doenças.
Neste artigo, vamos discutir o que são fitofármacos, exemplos de medicamentos obtidos a partir de plantas e a diferença entre eles e os fitoterápicos. Continue lendo para aprender sobre:
- O que é fitofármaco?
- Qual a origem do medicamento fitofármaco?
- Qual a finalidade do medicamento fitofármaco?
- Fitofármaco e outros tipos de medicamentos
- Quais são os benefícios do medicamento fitofármaco?
- Quem pode prescrever medicamentos fitofármacos?
- Qual a relação entre a Cannabis medicinal e o tema fitofármaco?
- Como conseguir remédios à base de Cannabis medicinal?
O que é fitofármaco?
Fitofármacos são medicamentos obtidos a partir de substâncias presentes em plantas ou outros organismos naturais, como fungos e algas.
Essas substâncias são utilizadas para tratar diversas enfermidades, como inflamações, infecções, dores, entre outras.
Os fitofármacos são uma opção de tratamento alternativa aos medicamentos sintéticos, que são produzidos em laboratório.
Os fitofármacos são produzidos de forma padronizada e segura, seguindo normas e regulamentações específicas para garantir a qualidade do produto final.
Eles são submetidos a testes rigorosos para comprovar sua eficácia e segurança, e devem ser prescritos por profissionais de saúde habilitados.
Conforme a Anvisa, os fitofármacos também são considerados medicamentos da biodiversidade vegetal.
No entanto, se diferenciam dos fitoterápicos por serem substâncias purificadas e isoladas a partir de matéria-prima vegetal com estrutura química definida e atividade farmacológica.
Importante explicar que não são considerados fitofármacos os compostos isolados que sofreram qualquer etapa de semi-síntese ou modificação de sua estrutura química.
Por exemplo, a aspirina, sintetizada e modificada a partir do salgueiro (Salix alba), é um fármaco sintético. A morfina, quando isolada da papoula (Papaver somniferum) para finalidades terapêuticas, é considerada um fitofármaco.
Exemplos de fitofármacos
Dentre os exemplos de fitofármacos mais conhecidos, podemos citar a camomila, que é utilizada para tratar distúrbios gastrointestinais.
Podemos citar também a valeriana, que é utilizada como sedativo natural, e o ginkgo biloba, que é utilizado para melhorar a circulação sanguínea e a memória.
Outros exemplos incluem a arnica, utilizada como anti-inflamatório e analgésico, a babosa, utilizada para cicatrização de feridas e queimaduras, e a carqueja, utilizada para tratar problemas hepáticos.
Outro exemplo é o óleo de CBD com canabidiol isolado. Um CBD purificado da planta (fitofármaco) que pode ser efetivo para o controle de crises epilépticas.
Existem diversas outras plantas e organismos naturais que são utilizados na produção de fitofármacos, cada uma com suas propriedades específicas e indicações terapêuticas.
Qual a origem do medicamento fitofármaco?
A utilização de plantas medicinais para tratamento de doenças é uma prática muito antiga, que remonta a diversas civilizações antigas, como a egípcia, a grega e a chinesa.
Na Europa, a utilização de plantas medicinais foi muito difundida na Idade Média, quando os monges desenvolveram técnicas de cultivo e preparo dessas plantas.
Com o avanço da tecnologia e da ciência, foi possível identificar os princípios ativos presentes nas plantas e outros organismos naturais, o que permitiu a produção de medicamentos fitofármacos padronizados e seguros.
Atualmente, a produção de fitofármacos é regulamentada por agências governamentais em todo o mundo, que estabelecem normas e critérios para garantir a qualidade e segurança desses medicamentos.
Qual a finalidade do medicamento fitofármaco?
A finalidade dos medicamentos fitofármacos é tratar diversas enfermidades de forma segura e eficaz, utilizando substâncias naturais presentes em plantas e outros organismos naturais.
Esses medicamentos são utilizados em diversos países do mundo, principalmente em países em desenvolvimento, onde a utilização de plantas medicinais é mais difundida.
Além de serem uma opção de tratamento alternativa aos medicamentos sintéticos, os fitofármacos apresentam outras vantagens, como menor toxicidade e efeitos colaterais reduzidos.
Isso ocorre porque as substâncias presentes nas plantas são mais facilmente reconhecidas e metabolizadas pelo organismo humano, o que reduz os riscos de reações adversas.
Outra vantagem dos fitofármacos é a sua disponibilidade e acessibilidade. Diferentemente dos medicamentos sintéticos, que muitas vezes são patenteados e têm um custo elevado, os fitofármacos são produzidos a partir de plantas e organismos naturais que podem ser cultivados em larga escala.
Isso torna esses medicamentos mais acessíveis à população. Os fitofármacos também têm um papel importante na preservação do meio ambiente e da biodiversidade.
A produção de medicamentos sintéticos muitas vezes envolve a utilização de produtos químicos tóxicos e a geração de resíduos poluentes, o que pode causar impactos ambientais negativos.
Já a produção de fitofármacos utiliza recursos naturais renováveis e pode ser realizada de forma sustentável, contribuindo para a conservação da biodiversidade e para a preservação do meio ambiente.
No entanto, é importante destacar que os fitofármacos não são isentos de riscos e efeitos colaterais, e devem ser utilizados sob orientação médica.
Fitofármaco e outros tipos de medicamentos
Os medicamentos são substâncias utilizadas para prevenir, tratar ou curar doenças. Eles podem ser classificados em diversas categorias, como alopáticos, homeopáticos, fitoterápicos, fitofármacos, entre outros.
Cada categoria de medicamento possui características específicas que a diferenciam das demais.
Qual a diferença entre fitoterápico e fitofármaco?
Os fitoterápicos e fitofármacos são duas categorias de medicamentos derivados de plantas. Ambos utilizam extratos vegetais em sua composição, mas há algumas diferenças entre eles.
Os fitoterápicos são medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais, que são submetidas a processos de secagem, trituração e extração para obtenção dos princípios ativos.
Esses medicamentos são padronizados e apresentam uma composição química definida, com quantidades específicas de princípios ativos.
Segundo resolução da Anvisa (26/2014), os fitoterápicos são medicamentos obtidos usando apenas matérias-primas ativas vegetais.
São produtos de eficácia e segurança conhecidas e, quando padronizados, capazes de reproduzir qualidade padrão.
A eficácia e segurança são validadas por levantamentos farmacológicos, documentações científicas e/ou ensaios pré-clínicos e clínicos em várias fases.
Não se considera fitoterápico os produtos que incluam substâncias ativas isoladas, nem em associação com outros extratos vegetais.
É na categoria de fitoterápicos que seriam incluídos os óleos de Cannabis full spectrum, tanto importados quanto artesanais. No entanto, isso não acontece por uma questão burocrática.
Na regulamentação da Anvisa, foi criada uma categoria que coloca todos os derivados da planta sob a classificação de “produtos derivados de Cannabis”.
“Todos foram autorizados em uma categoria única e separada da fitoterapia. Trata-se de um improviso regulatório. Não foram enquadrados como medicamentos novos, sintéticos, ou fitoterápicos, mas como Produtos Derivados de Cannabis”, explica a neurologista Jackeline Barbosa, doutora em Ciências Médicas e especialista em desenvolvimento de fitoterápicos.
Já os fitofármacos são medicamentos obtidos a partir de extratos vegetais, mas diferem dos fitoterápicos porque não são padronizados.
Ou seja, a composição química dos fitofármacos pode variar de acordo com a planta utilizada, o local de cultivo, o período de colheita, entre outros fatores.
Qual a diferença entre fitocomplexo e fitofármaco?
Fitocomplexos e fitofármacos são ambos derivados de plantas, mas a principal diferença entre eles está na forma como são produzidos e regulamentados.
Os fitocomplexos são extratos naturais de plantas que contêm uma variedade de componentes ativos, como alcaloides, flavonoides, terpenoides e ácidos orgânicos.
Estes componentes são extraídos da planta de forma integral, preservando assim a sua composição natural.
Os fitocomplexos são utilizados em medicamentos fitoterápicos e suplementos alimentares, e podem ser encontrados em diversas formas, como cápsulas, comprimidos, chás e extratos líquidos.
Por outro lado, os fitofármacos são produtos obtidos a partir de extratos de plantas com o objetivo de isolar um ou mais compostos ativos específicos.
Dessa forma, os fitofármacos são produzidos com uma composição química mais definida e padronizada, o que permite um maior controle sobre sua eficácia e segurança.
Os medicamentos fitofármacos são homeopáticos?
Não necessariamente. A homeopatia é uma forma de terapia alternativa que se baseia no princípio de que “o semelhante cura o semelhante”.
Nesta terapia, as substâncias são diluídas várias vezes em água ou álcool, e acredita-se que quanto mais diluída a substância, mais potente ela se torna.
Os medicamentos homeopáticos podem ser feitos a partir de substâncias de origem animal, mineral ou vegetal, mas nem todos os medicamentos fitofármacos são homeopáticos.
Ao contrário dos medicamentos homeopáticos, que são altamente diluídos, os fitofármacos contêm uma quantidade definida de compostos ativos, e sua eficácia é baseada em estudos clínicos e científicos.
Quais são os benefícios do medicamento fitofármaco?
Os medicamentos fitofármacos têm sido utilizados para tratar doenças crônicas e agudas, e muitos são considerados alternativas seguras e eficazes aos medicamentos convencionais.
Além disso, os medicamentos fitofármacos têm a vantagem de serem derivados de plantas, o que significa que eles são geralmente mais seguros e menos propensos a causar efeitos colaterais do que os medicamentos sintéticos.
Os benefícios específicos dos medicamentos fitofármacos variam dependendo do produto e da condição de saúde que estão sendo tratadas. Alguns exemplos de medicamentos fitofármacos e seus benefícios incluem:
- Extrato de Ginkgo biloba: este extrato é conhecido por melhorar a circulação sanguínea e a função cerebral, e é frequentemente utilizado para tratar a demência e a doença de Alzheimer.
- Extrato de saw palmetto: extrato utilizado para tratar a hiperplasia prostática benigna (HPB) em homens, que é uma condição na qual a próstata aumenta de tamanho e pode causar problemas urinários.
- Extrato de Hypericum perforatum (hipérico): este extrato é utilizado para tratar a depressão leve a moderada, e é considerado uma alternativa segura aos antidepressivos convencionais.
- Extrato de valeriana: utilizado para tratar a ansiedade e a insônia, e pode ajudar a promover o sono e a reduzir o estresse.
- Extrato de equinácea: extrato frequentemente utilizado para estimular o sistema imunológico e prevenir resfriados e outras infecções respiratórias.
Eles também são frequentemente utilizados em medicina integrativa e complementar, onde são combinados com outras terapias, como a acupuntura, a massagem e a terapia nutricional, para tratar a pessoa como um todo, em vez de apenas tratar a doença.
Quem pode prescrever medicamento fitofármaco?
Quando se trata da prescrição de medicamentos fitofármacos, a responsabilidade recai sobre os profissionais de saúde habilitados.
No Brasil, de acordo com a legislação vigente, apenas médicos e dentistas estão autorizados a prescrever medicamentos fitoterápicos.
Essa regulamentação tem como objetivo garantir a segurança e a eficácia desses medicamentos, bem como evitar o uso inadequado ou abusivo.
Além disso, é importante ressaltar que a prescrição de medicamentos fitofármacos exige um conhecimento específico sobre as plantas medicinais e seus derivados, bem como suas propriedades terapêuticas e possíveis efeitos colaterais.
Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde que desejam prescrever esses medicamentos passem por uma formação adequada e contínua, que inclua o estudo da fitoterapia e da farmacologia das plantas medicinais.
Vale lembrar que a automedicação, ou seja, o uso de medicamentos sem prescrição médica, pode ser perigosa e causar sérios danos à saúde.
Por isso, é fundamental que as pessoas sempre procurem um profissional de saúde habilitado antes de iniciar qualquer tratamento com medicamentos fitofármacos.
Qual a relação entre a Cannabis medicinal e o tema fitofármaco?
A Cannabis medicinal é um tema cada vez mais discutido e estudado na área da saúde. A planta da Cannabis contém mais de 100 compostos conhecidos como canabinoides, sendo os mais conhecidos o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD).
Esses compostos têm propriedades terapêuticas, o que tem levado à utilização da Cannabis medicinal em diversos tratamentos médicos.
No final de abril de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira autorização para uma empresa brasileira produzir um produto derivado de Cannabis.
Trata-se de uma solução oral de canabidiol que fabricada pela paranaense Prati-Donaduzzi. Após a notícia, muitas pessoas entenderam que seria vendido nas farmácias um produto sintético. No entanto, o óleo aprovado é um fitofármaco.
A confusão aconteceu porque a farmacêutica também está desenvolvendo, em paralelo, um canabidiol sintético.
Segundo o neurocientista Dr. Fabrício Pamplona, farmacologista especializado em canabinoides, no campo dos fitofármacos, existem os medicamentos sintéticos análogos e as moléculas sintéticas.
O pesquisador salienta, no entanto, que apesar de produzirem moléculas exatamente idênticas, na prática são produtos diferentes.
Existem outras moléculas que são análogas, mas não têm a mesma estrutura química. No caso do THC, por exemplo, tem algumas moléculas bem conhecidas que são agonistas canabinoides, ativam os receptores canabinoides, mas não são idênticas ao THC, portanto podem ter outros efeitos além da ativação dos receptores.
Por isso, o perfil farmacológico é diferente e, “portanto, os efeitos tanto terapêuticos como adversos podem ser diferentes também”.
“É o que a gente chama de off target, efeitos não previstos em alvos até mesmo desconhecidos. É o caso do CBD fluoretado sintético, que tem patente com participação dos pesquisadores da USP. Nada garante que fluoretar um canabidiol torne ele mais potente que o mesmo alvo em que o canabidiol já age. Você pode mudar bastante o perfil farmacológico da molécula”, alerta o cientista.
Medicamentos à base de Cannabis são fitofármacos?
No caso da Cannabis medicinal, os medicamentos à base de Cannabis são considerados fitofármacos, uma vez que seus princípios ativos são extraídos da planta da Cannabis.
Esses medicamentos são formulados com diferentes proporções de THC e CBD, dependendo da indicação terapêutica e das necessidades do paciente.
No entanto, é importante ressaltar que nem todos os medicamentos à base de Cannabis são considerados fitofármacos.
Isso porque, para ser considerado um fitofármaco, o medicamento precisa ser obtido a partir de plantas medicinais que tenham sido registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como fitoterápicos.
No caso da Cannabis medicinal, a ANVISA ainda não regulamentou a utilização da planta como fitoterápico, o que significa que os medicamentos à base de Cannabis são produzidos e comercializados como medicamentos de uso controlado, sujeitos a receita médica e com indicações específicas para uso terapêutico.
Os medicamentos à base de Cannabis são produzidos a partir de extratos obtidos por diferentes métodos, como extração com solventes, prensagem a frio ou destilação.
Portanto, os medicamentos à base de Cannabis podem ser utilizados em diferentes formas, como óleos, cápsulas, vaporizadores ou sprays, dependendo da indicação médica.
Quando os medicamentos à base de Cannabis são considerados fitofármacos?
Como mencionado anteriormente, os medicamentos à base de Cannabis são considerados fitofármacos quando são obtidos a partir de plantas medicinais registradas na ANVISA como fitoterápicos.
No entanto, mesmo que a Cannabis medicinal ainda não seja regulamentada como fitoterápico, seus compostos podem ser utilizados em medicamentos e tratamentos médicos. Isso desde que sejam prescritos por um médico e utilizados de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos reguladores.
Como conseguir remédios à base de Cannabis medicinal?
Para conseguir remédios à base de Cannabis medicinal, é necessário passar por uma consulta com um médico que tenha conhecimento sobre a indicação e prescrição desses medicamentos.
Durante a consulta, o profissional irá avaliar o histórico médico do paciente, seus sintomas e condições de saúde para determinar se o uso de Cannabis medicinal é uma opção viável de tratamento.
Caso o médico indique o uso de Cannabis medicinal, ele irá prescrever uma receita médica para que o paciente possa adquirir o medicamento em uma farmácia especializada.
No Brasil, a venda de medicamentos à base de Cannabis é regulamentada pela Anvisa, e existem algumas farmácias que possuem autorização para comercializar esses medicamentos.
Portanto, para conseguir remédios à base de Cannabis medicinal, é importante procurar um médico especializado e seguir as recomendações e orientações médicas para o uso seguro e eficaz desses medicamentos.
O Portal Cannabis & Saúde é uma plataforma que oferece informações sobre o uso medicinal da Cannabis e disponibiliza uma lista com médicos especializados em prescrever medicamentos à base de Cannabis medicinal que podem ser encontrados em clínicas especializadas em diversas regiões do Brasil.
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Conclusão
O fitofármaco é um medicamento que vem de fontes naturais, como plantas, e é utilizado para tratar diversas condições de saúde.
Diferente dos fitoterápicos, os fitofármacos são produzidos a partir de extratos padronizados e possuem concentrações precisas de substâncias ativas, o que garante maior eficácia e segurança no seu uso.
A Cannabis medicinal é um exemplo de fitofármaco que tem ganhado destaque nos últimos anos devido aos seus efeitos terapêuticos em diversas doenças, como a epilepsia, a dor crônica e a ansiedade.
No entanto, é importante ressaltar que o uso da Cannabis medicinal deve ser feito com acompanhamento médico e seguindo as normas regulatórias vigentes em cada país.