Situações traumáticas, como guerras, violência e abortos são alguns dos fatores que podem causar um distúrbio de ansiedade denominado transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). E atualmente, temos estudos com o canabidiol (CBD) que apontam benefícios no combate ao estresse pós-traumático.
Este distúrbio acomete cerca de 9% da população no mundo e seus efeitos podem ser tanto temporários, quanto podem durar a vida inteira.
Quando uma pessoa tem estresse pós-traumático, ao relembrar os eventos traumáticos, o paciente sofre todos os sinais de trauma como pela primeira vez, o que influencia na saúde e na qualidade de vida dos pacientes.
Estudos sobre o tema são conduzidos à medida que esse transtorno ganha o conhecimento da população em geral.
Nesse sentido, alguns estudos foram feitos usando a Cannabis medicinal para o tratamento dos sintomas relacionados ao transtorno do estresse pós-traumático, que demonstraram o poder dos ativos da planta nesse transtorno.
Por isso, saiba mais sobre os benefícios do canabidiol contra o transtorno do estresse pós-traumático, o que é o TEPT, o que causa esse transtorno, quanto tempo pode durar esse transtorno, os efeitos do uso da cannabis como tratamento e relatos de casos. Confira!
O que é o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)?
O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) é um transtorno da ansiedade, que manifesta diversos sintomas psíquicos, físicos e emocionais em decorrência de algum tipo de trauma.
Dessa forma, sempre que o paciente recorda do trauma ou de algo que o remete ao trauma, ele revive a experiência, com os mesmos sentimentos e a mesma sensação da primeira vez.
Isso acarreta em alterações fisiológicas e mentais, que podem prejudicar a qualidade de vida do paciente.
Cerca de 15% a 20% das pessoas que passaram por algum caso de violência, agressão física, abuso sexual, sequestros, assaltos, acidentes, guerras ou qualquer outro tipo de evento traumático desenvolvem estresse pós traumático.
No entanto, é muito comum que essas pessoas demorem a procurar ajuda, algumas podem levar até 2 anos.
O que causa estresse pós-traumático?
Situações estressantes e traumáticas como guerras, assaltos, ameaças, violência física e sexual, acidentes e qualquer situação onde o indivíduo esteja sob extremo medo, estresse e grande ansiedade.
Esse tipo de situação afeta cada pessoa de uma maneira diferente, mas algumas estão mais suscetíveis a desenvolver o estresse pós-traumático.
Por exemplo, crianças que foram vítimas de bullying ou algum tipo de violência se tornam mais vulneráveis ao TEPT.
No entanto, a fisiopatologia do transtorno ainda não é entendida completamente. Esses eventos que causam o TEPT costumam ser episódios de grande medo, impotência e, em alguns casos, situações onde a vida está em risco.
Além disso, mesmo pessoas que não sejam vítimas diretas de traumas podem ter o diagnóstico do transtorno, é preciso apenas estar exposta a algum tipo de trauma psicológico para ter chances de desenvolver a condição.
Um exemplo são pessoas que testemunham casos de violência ou que tiveram algum familiar que foi vítima de um acidente grave.
Fatos que levam a um trauma
Os traumas são formados a partir de uma experiência dolorosa, que marca de alguma forma o indivíduo, o que é denominado memória traumática.
Assim, essa memória é caracterizada pela soma de todas as sensações, imagens, sons e sentimentos vivenciados no momento do trauma.
Qualquer acontecimento, imagem ou sensação que façam o indivíduo reviver qualquer um dos sentimentos relacionados a esse momento pode desencadear o acesso a essa memória traumática.
Na psicologia, o trauma é compreendido como algo que tem origem no exterior do indivíduo, mas que possui impactos no funcionamento psíquico de uma pessoa. Portanto, os fatos que levam a um trauma são de origem exterior ao indivíduo.
Quais as consequências de um trauma?
Existem diversas consequências possíveis de um trauma, assim como existem diversos níveis. Vamos te explicar!
Em um contexto geral, grande parte das pessoas vai vivenciar algum tipo de trauma ao longo da vida. No entanto, nem todos os traumas causam o mesmo impacto, visto que pessoas diferentes reagem a experiências de uma forma diferente também.
No entanto, um fator comum é a ocorrência de crenças negativas, portanto, esse indivíduo vítima de eventos traumáticos pode desenvolver crenças negativas acerca de si próprio e acerca do mundo.
Isso acontece porque a memória de um trauma funciona de maneira diferente das memórias comuns, porque o cérebro perde a capacidade de distinguir entre o passado e o presente, assim a memória do trauma pode durar muito tempo.
A pessoa lembra do acontecimento de forma vívida, detalhada e intensa, mesmo quando não possui a intenção de relembrar. A memória traumática pode ter detalhes visuais, auditivos, físicos e emocionais
Esse é um dos principais indícios que o indivíduo sofreu alguma experiência traumática e pode estar sofrendo com o transtorno de estresse pós-traumático.
Quanto tempo pode durar um estresse pós-traumático?
Os eventos que geram um estresse pós-traumático podem ser vivenciados de forma direta ou indireta. Além disso, pode ser que exista um único evento traumático ou uma série de eventos com frequência.
Sabe-se que um evento pode causar estresse pós-traumático para o resto da vida de algumas pessoas, enquanto o mesmo evento pode não causar sintoma algum em outras pessoas, ou causar sintomas leves.
Há casos em que o paciente demora anos para desenvolver o transtorno do estresse pós-traumático após algum evento. Assim, alguns aspectos da ocorrência desse transtorno ainda são desconhecidas.
Sabe-se, no entanto, que o transtorno do estresse pós-traumático dura por um período maior que um mês e pode não desaparecer completamente.
Você sabe se tem estresse pós-traumático? Faça esse teste e descubra!
Quais são os efeitos do canabidiol (CBD) que indicam seu uso contra o estresse pós-traumático?
O canabidiol, ou CBD, é uma substância extraída da Cannabis, que possui um grande potencial terapêutico para o tratamento de diversas doenças neurodegenerativas e psiquiátricas, como o mal de Parkinson, o Alzheimer, epilepsia, entre outras.
Entre a lista de patologias e transtornos em que o CBD é eficaz e indicado está o estresse pós-traumático.
Diversos estudos demonstram que pacientes com TEPT que fazem o uso da cannabis, em especial o CBD, apresentam uma redução dos sintomas ao longo do tempo, em comparação aos pacientes que não usaram o ativo.
O CBD atua no sistema nervoso central e é conhecido por causar sensação de calma e bem-estar, além de agir como balanceador da serotonina, hormônio responsável pela sensação de felicidade.
Por todas essas características, o uso do CBD também é recomendado para aqueles que sofrem com o transtorno do estresse pós-traumático, que também podem se beneficiar com os efeitos do canabidiol.
Existe uma grande procura deste ativo em países como os Estados Unidos por veteranos de guerra, parcela da população que frequentemente sofre com o TEPT, para o alívio dos sintomas e tratamento da condição.
Interrupção de memórias ligadas ao trauma no longo prazo
Um dos principais sintomas do TEPT são os pesadelos, as memórias do trauma que aparecem de forma involuntária, as alterações no humor e a propensão a desenvolver transtornos como a depressão.
As memórias recorrentes ligadas ao trauma são uma das principais causas dos sintomas, sendo inclusive um fator que afeta consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes com esse transtorno.
Nesse sentido, a descoberta do sistema endocanabinoide abriu caminho para novos tratamentos e para chegar às origens dos efeitos do trauma na qualidade de vida das pessoas.
Descobriu-se que para alcançar uma resposta normal às memórias traumáticas, é preciso que o sistema endocanabinóide funcione de forma apropriada.
Dessa forma, descobriu-se que os fitocanabinoides ajudam a interromper esse processo de fixação das memórias traumáticas em pacientes.
Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina observou a atuação do CBD associado ao THC, ambos ativos da cannabis.
O resultado do estudo foi a conclusão de que esses ativos podem auxiliar no tratamento da ansiedade provocada por algum tipo de trauma.
Efeito calmante e melhora na qualidade do sono
Uma das principais queixas de pacientes com TEPT é a dificuldade de dormir ou de permanecer dormindo, tendo perturbações no sono que impactam na qualidade de vida do paciente.
Perturbações de humor, diminuição da disposição, cansaço frequente e queda na capacidade de concentração são alguns resultados de noites sem dormir e um sono prejudicado.
A insônia é um quadro bastante comum e que pode decorrer de diversas situações, sendo o TEPT uma delas. Por isso existe uma busca grande por medicamentos que ajudem a melhorar essa situação.
A cannabis medicinal pode ajudar também nesse aspecto do transtorno do estresse pós-traumático, visto que o CBD, ativo presente na planta, é usado para melhorar a qualidade do sono e tratar a insônia.
Além disso, o CBD não possui efeitos colaterais relevantes, se tornando um excelente tratamento.
Além do CBD, o THC também pode ser utilizado contra estresse pós-traumático?
Além dos efeitos comprovados do CBD ao provocar a sensação de bem-estar e relaxamento, que pode ser muito útil para pacientes com TEPT, outro ativo popular da cannabis, o THC, pode ser também usado no tratamento.
Segundo um estudo do ano de 2009, o THC demonstrou a capacidade de reduzir a frequência com que veteranos de guerra possuem pesadelos e flashbacks durante o dia.
Esses resultados sugerem que o tratamento com THC também demonstra resultados muito satisfatórios, assim como os estudos com o canabidiol.
Além disso, o THC ativa alguns receptores que são naturalmente ativados por endocanabinoides, que provocam a redução da ansiedade e como consequência uma redução dos sintomas do TEPT.
Como é o tratamento do estresse pós-traumático com CBD?
O canabidiol (CBD) é um fito-canabinoide que não causa retardo nos sentidos ou modificações negativas no humor, em uma dose de até 1.500 mg por dia.
Esse ativo reforça a eliminação da resposta de medo condicional, comum em pacientes com TEPT.
Além disso, o tratamento de diversas doenças a partir da cannabis medicinal se tornou embasado cientificamente a partir dos anos 80, em que o sistema endocanabinóide foi descoberto e como o desequilíbrio desse sistema pode causar diversas condições.
Esse sistema também é conhecido por atuar no controle da ansiedade, na memória do medo e na resposta ao estresse.
O canabidiol atua auxiliando na regularização desse sistema, o que contribui para o tratamento do transtorno, para além dos efeitos calmantes e de bem-estar pelo qual o ativo é conhecido.
Existem efeitos colaterais do uso de CBD contra estresse pós-traumático?
O canabidiol (CBD) é um ativo seguro e regulamentado pela Organização Mundial da Saúde. No Brasil, o CBD também é regularizado pela Anvisa, que permite o uso em pacientes com prescrições médicas para o tratamento.
Apesar de ser uma substância atestada e segura para o consumo, existem alguns efeitos colaterais do uso do CBD.
Efeitos adversos leves como náuseas, diarreia, sonolência e boca seca são alguns dos possíveis efeitos colaterais.
A ocorrência desses eventos é bastante rara e os efeitos são leves e passageiros. No entanto, é importante que o paciente esteja orientado sobre todas as partes essenciais do tratamento.
Relato de caso
Relatos de caso são uma das melhores formas de demonstrar o impacto de algo na vida das pessoas, por isso, conheça a história de um paciente norte-americano que usa a cannabis como tratamento de uma lesão cerebral decorrente do TEPT.
Muitas vezes acidentes que causam lesões cerebrais, como uma batida forte de carro ou a queda de um local alto, pode desencadear outros problemas tanto físicos quanto cognitivos e neuropsiquiátricos.
Dessa forma, esses pacientes podem desenvolver quadros como dores crônicas, entrar em um estado de irritação a todo momento e desenvolver depressão.
Esse relato, publicado pelo Psychosomatic Journal, se trata de um caso dos Estados Unidos, no estado do Novo México. Esse paciente não respondeu bem aos tratamentos convencionais e solicitou a cannabis medicinal para testar.
Augustín tinha 35 anos quando foi atingido por uma retroescavadora em sua cabeça, durante o trabalho. Ele sofreu um traumatismo craniano leve e ficou inconsciente por quase um minuto.
No momento, Augustín ficou bem, mas duas semanas após o ocorrido ele teve um derrame arterial na parte direita do cérebro, além de outros transtornos em decorrência do estresse pós-traumático, como a depressão.
Ele se tornou agitado, chegando ao ponto de bater na cabeça e contra o corpo, além de sofrer de constante ansiedade, em função das condições neurológicas que a lesão causou. Além disso, Augustín vivia com dores e teve uma diminuição do seu rendimento cognitivo.
Outros sintomas começaram a surgir com o passar do tempo, como tonturas, dores de cabeça e lapsos de memória. Todos esses fatores o levaram a desenvolver um quadro de depressão e ansiedade.
Augustín passou pelo tratamento convencional, com antidepressivos, medicações para melhorar o seu rendimento cognitivo e um neuroléptico. Nenhuma dessas medicações causaram o efeito esperado.
Resolveu parar com os outros remédios e tomar apenas o antidepressivo, mas continuava sentindo sintomas incapacitantes da depressão e da ansiedade. Então, por conta própria, decidiu fazer uso da Cannabis inalada para ver como se sentiria.
E, para sua surpresa, se sentiu muito melhor após a inalação, que diminuía a sua agitação. Dessa forma, ele passou a fazer uso da cannabis de forma regular, até 5 vezes por dia, de acordo com o grau de sua ansiedade.
Após um ano com o tratamento à base de cannabis, os sintomas de depressão, ansiedade e agitação melhoraram de forma significativa, o que o ajudou a melhorar o convívio com seus amigos e familiares.
Augustín relata que não houve nenhum efeito colateral, diferente do tratamento convencional.
Análise
Esse caso de Augustín demonstra o potencial que a cannabis possui como tratamento para diversos transtornos, de origem neurológica e psiquiátrica.
Os ativos da planta possuem efeito calmante e promovem o bem-estar, o que reduz significativamente o nível de estresse dos pacientes com TEPT. Esse estresse constante prejudica a qualidade de vida desses pacientes de várias formas.
Segundo estudos, nesse caso de Augustín, a cannabis reduziu a produção de glutamato, um neurotransmissor liberado em situações de estresse.
Assim como atuou em áreas que contribuem para a redução de dor, como nos casos de dor crônica da fibromialgia, além de promover o relaxamento dos músculos, essencial para dores causadas por tensão.
Além disso, o CBD presente na cannabis atua reduzindo os sintomas de ansiedade e agitação, que tanto incomodavam Augustín.
Como buscar tratamento com medicamento à base de CBD contra estresse pós-traumático?
Se você se interessou pelo tratamento de TEPT à base de cannabis medicinal, o primeiro passo é procurar por médicos que tenham experiência nesse tratamento.
Para isso nós do Portal Cannabis e Saúde temos uma plataforma que cria conexões entre os médicos com experiência em prescrição de cannabis e pacientes que desejam investir no tratamento.
Temos médicos em diversas especialidades, que irão dar o parecer final sobre o tratamento com Cannabis e canabinoides, de acordo com o seu caso.
Por isso é importante a consulta com nossos profissionais, para que você entenda melhor sobre o tratamento, a sua duração e os medicamentos indicados. Além disso, será possível tirar todas as suas dúvidas direto com o médico.
Clique aqui para conhecer nossos profissionais e escolher se prefere se consultar presencialmente ou por meio da telemedicina.
Conclusão
Agora você sabe como os ativos presentes na cannabis podem atuar no tratamento de diversas doenças, tanto de origens neurológicas quanto de origens psiquiátricas.
Confira outras histórias de pacientes que usam o tratamento à base de cannabis medicinal e como ela proporcionou uma melhor qualidade de vida para essas pessoas.
Mais pesquisas e ensaios clínicos futuros deverão atestar a utilidade da cannabis medicinal, à medida que o preconceito científico e os tabus desaparecerem.