Serviços de entrega de Cannabis medicinal funcionam no Canadá e em alguns estados americanos – e, em tempos de coronavírus e quarentena, têm sido ainda mais essenciais aos pacientes
Parece impossível imaginar um entregador com produtos à base de Cannabis deixando encomendas na sua porta. No Canadá e em alguns estados americanos, onde as leis para uso medicinal e adulto de Cannabis são mais permissivas, essa realidade já chegou.
Diversas empresas oferecem o serviço por meio de aplicativos. É possível encomendar produtos comestíveis, óleos, flores, extrações e acessórios sem sair de casa.
Isso não quer dizer que não existam regras. No Canadá, o limite de entrega é de 150 gramas. Ou o equivalente a 30 vezes o valor diário da dose indicada para o mês na receita médica. Nesses casos, os entregadores conferem a prescrição.
Por lá, a Cannabis medicinal é levada tão a sério que as empresas entregam no mesmo dia. Afinal, os tratamentos não podem parar. Pelo Cann Trust, se o paciente pedir antes das 16h, os entregadores aparecem até às 22h na porta de casa.
Claro que o aplicativo não atende a todas as cidades do país. No interior do interior, talvez a única saída seja mesmo recorrer aos dispensários. O Cann Trust, por exemplo, atende em cidades como Toronto, Oakville, Richmond Hill, Brampton, Mississauga e Oshawa.
Como todo serviço de entrega, as empresas costumam cobrar uma taxa de serviço. Os preços variam de cinco a 30 dólares canadenses. Tudo depende da quantidade comprada e da pressa.
Um desses revendedores canadenses, o CannMart, cobra o preço mais alto se o paciente quiser a entrega em até três horas para pedidos abaixo de 200 dólares. No outro extremo, a Cann Trust cobra apenas cinco dólares para entregar no mesmo dia, para pedidos de 90 dólares ou mais. E o melhor: se o pedido for superior a 150 dólares, não há taxa de entrega.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, as regras variam de acordo com a legislação estadual. Mas, no caso do uso medicinal, é preciso requisitar um cartão de uso da Cannabis. Nada muito difícil de conseguir. Depois disso, o paciente está liberado para pedir o medicamento.
Por lá, existe até uma espécie de iFood ou Uber Eats de Cannabis. Uma rede de colaboradores se conecta aos pacientes pelo Eaze. Eles recebem o pedido, recolhem os produtos na loja e entregam aos pacientes em pouco tempo.
Há ainda o Driven – uma intermediária entre o paciente e os produtores. Ou seja, uma empresa puramente de entrega. E, assim como os outros exemplos citados, também entregam entregam no mesmo dia.
Como no país vizinho, os preços de entregam variam conforme o pedido, a urgência no recebimento e da localidade do comprador.
Até um brasileiro entrou na onda da Cannabis medicinal por lá. João Paulo Costa criou um aplicativo para funcionar como o “foursquare da maconha”. Pelo”Who is Happy”, com ajuda a geolocalização, o paciente pode encontrar os médicos e pontos de venda mais próximos. “É uma a ponte entre os estabelecimentos e o consumidor”, conta.
Ainda que funcione também no Brasil, o aplicativo não tem todas as funcionalidades. Mas, segundo João, em breve estarão listados médicos, marcas e produtos à base de Canabidiol na versão brasileira do app.
Coronavírus
Em meio à pandemia de Covid-19, os dispensários de Cannabis nos EUA foram considerados serviços essenciais e o serviço de delivery está tendo enorme demanda. Segundo João, desde o início da quarentena o número de novos usuários no app cresceu drasticamente. Foram 25 mil novos downloads do “Who is Happy” ao redor do mundo em apenas uma semana. “As pessoas estão achando formas alternativas de conseguir Cannabis. E o sistema de delivery é o futuro da indústria”, conta João.