Se você é um entusiasta da saúde e do bem-estar, é provável que esteja familiarizado com o THC e o CBD e talvez já tenha alcançado melhorias em sua saúde com esses compostos. Mas e quanto ao canabigerol?
Provavelmente, ele não está no seu radar… ainda.
O canabigerol (CBG) é reconhecido como um dos principais fitocanabinoides encontrados na planta Cannabis sativa L.
O CBG é um derivado do ácido canabigerólico (CBGA), o qual é o precursor primordial de diversos canabinoides.
O crescente interesse em relação ao CBG se deve ao amplo perfil farmacológico do CBG.
Ele reúne propriedades anti-inflamatórias, anticancerígenas, antioxidantes, antimicrobianas, neuroprotetoras, estimuladoras do apetite, entre outras.
Então, se você ficou interessado, prossiga com a leitura deste artigo para aprofundar-se nos conceitos e benefícios acerca do canabigerol.
Aqui, você aprenderá sobre:
- O que é o canabigerol (CBG)?
- Quais são os potenciais benefícios terapêuticos do canabigerol (CBG)?
- O canabigerol (CBG) contra superbactérias
- O canabigerol e o efeito entourage
- Opinião médica sobre o canabigerol: Entrevista com o Dr. Ricardo Ferreira
- O canabigerol (CBG) pode causar efeitos psicoativos?
- Existem produtos disponíveis no mercado que contenham CBG?
- Como iniciar um tratamento médico à base de Cannabis medicinal?
O que é o canabigerol (CBG)?
Embora o THC e o CBD tenham sido os principais focos de pesquisa científica devido ao seu potencial terapêutico, há muito mais a ser explorado nos mais de 500 compostos químicos encontrados na Cannabis.
Um desses compostos é o canabinoides canabigerol (CBG).
No entanto, sua presença nas variedades de Cannabis é muitas vezes negligenciada, pois sua concentração geralmente não ultrapassa 1%.
Apesar disso, estudos apontam para diversos potenciais terapêuticos desse composto.
Possui notáveis propriedades anti-inflamatórias, anticonvulsivantes, sedativas, antitumorais e redutoras da pressão intraocular.
O CBG é um canabinoide da planta Cannabis sativa que não possui efeitos psicoativos.
Ele é derivado do ácido canabigerólico (CBGA), que por sua vez é precursor do CBD e do THC.
A transformação do CBGA em CBG ocorre por meio de uma reação química catalisada pelo calor, conhecida como descarboxilação.
Embora praticamente todas as plantas de Cannabis contenham algum CBG, apenas algumas variedades específicas produzem quantidades significativas.
Conforme a planta amadurece, o CBGA é convertido em outros compostos, como CBDA e THCA, que posteriormente podem se transformar em CBD e THC, respectivamente, reduzindo assim os níveis de CBG na planta.
Os canabinoides são compostos biologicamente ativos que interagem com o sistema endocanabinoide (SEC) do corpo, regulando uma variedade de funções importantes, como humor, apetite, percepção da dor e inflamação.
Embora o THC e o CBD tenham recebido atenção crescente por seus potenciais benefícios terapêuticos, o CBG está emergindo como um alvo terapêutico importante no campo medicinal.
Embora o CBG tenha sido isolado pela primeira vez em 1964 pelo cientista israelense Raphael Mechoulam, apenas recentemente os pesquisadores começaram a explorá-lo mais profundamente.
O CBG é legal no Brasil?
Desde 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza a importação de produtos derivados da Cannabis para fins terapêuticos mediante prescrição e autorização prévia.
Entre as formas de administração mais comuns estão os óleos, pomadas, extratos e medicamentos, alguns dos quais já podem ser encontrados em farmácias.
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 17/2015 possibilitou a importação excepcional de medicamentos à base de canabidiol mediante prescrição médica.
Somente naquele ano, foram concedidas 850 autorizações para a importação desses medicamentos.
Em 2016, a Cannabis medicinal foi incluída na lista de substâncias de controle especial da Portaria 344/1998 do Ministério da Saúde, o que facilitou a importação de seus derivados.
No entanto, o assunto só ganhou destaque na agenda regulatória da Anvisa no período de 2017 a 2020.
Nesse mesmo ano, a agência aprovou o primeiro registro de medicamento à base de Cannabis no Brasil, e em 2020, através da RDC 327/2019, autorizou o primeiro produto de Cannabis.
Essa resolução, que diz respeito à regularização dos produtos no mercado brasileiro, é tão significativa quanto a RDC 17 de 2015, que foi a primeira a permitir a importação excepcional para uso pessoal.
Esta última foi atualizada no ano passado e agora é conhecida como RDC 660.
Todo esse processo regulatório permitiu que o mercado brasileiro hoje oferecesse medicamentos específicos contendo canabinoides, além de produtos como fitoterápicos, fitofármacos e compostos importados.
Embora não exista nenhuma regulamentação específica sobre o canabigerol, sabe-se que, produtos à base de Cannabis, de modo geral, são permitidos para fins médicos.
Quais são os potenciais benefícios terapêuticos do canabigerol (CBG)?
O canabigerol (CBG) atua por meio da interação com o sistema endocanabinoide.
Este é o principal sistema que suporta a manutenção da homeostase corporal, regulando-a contra estressores externos.
Os efeitos medicinais do CBG são semelhantes aos do CBD e THC, mas sem induzir os efeitos psicoativos associados ao segundo.
Esta distinção decorre do fato de que o CBGA, a forma ácida do CBG, e o próprio CBG não se vincularem aos mesmos receptores neurais que o THC.
Ao invés disso, sugere-se que o CBG atue de forma mais discreta, reduzindo o estresse crônico e a inflamação corporal.
Também há indícios de que o CBG fortalece a função da anandamida, um neurotransmissor cerebral que promove o prazer, motivação, apetite, sono e percepção da dor.
Embora o CBG não seja psicoativo, ele tem uma variedade de efeitos benéficos para a saúde.
Entre esses efeitos estão sua capacidade antibacteriana, antifúngica e anti-inflamatória, bem como sua habilidade de prevenir a proliferação celular.
Os efeitos biológicos complexos do CBG são atribuídos a modificações nos processos químicos que envolvem a transferência de elétron que, por sua vez, afetam o metabolismo celular.
O CBG regula o equilíbrio redox, reduzindo a atividade de fatores pró-oxidantes.
Assim, ele modula a expressão da enzima superóxido SOD-1, resultando em um ambiente celular mais antioxidante.
Por meio de seus diferentes mecanismos, o canabigerol pode promover os seguintes benefícios medicinais:
1. Efeito analgésico e anti-inflamatório
O canabigerol (CBG) promove interações com diversas proteínas-alvo que podem resultar em uma série de benefícios terapêuticos, como efeitos analgésicos e anti-inflamatórios.
Por exemplo, o canabigerol pode interagir com receptores α2 adrenérgicos, que estão envolvidos na regulação da pressão arterial e do fluxo sanguíneo.
Ele também tem influência no receptor γ ativado por proliferador de peroxissoma (PPAR-γ), auxiliando na regulação do metabolismo de lipídios e glicose, bem como na inflamação.
A ativação deste receptor promove efeitos anti-inflamatórios e potencialmente benéficos para pessoas com diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
No entanto, sabe-se que sua interação com o receptor CB2 é a principal responsável pelos efeitos analgésicos e anti-inflamatórios deste canabinoide.
Os receptores CB2 participam da modulação da resposta imune, reduzindo a inflamação e potencialmente ajudando em distúrbios autoimunes.
Portanto, sua regulação promove uma melhoria da inflamação de forma geral.
O canabigerol também parece ter uma afinidade particularmente alta pelo TRPA1, que está envolvido na sensação de dor e na regulação da inflamação.
Esses efeitos combinados do canabigerol contribuem para suas propriedades terapêuticas e sugerem seu potencial como um tratamento para uma variedade de condições inflamatórias.
2. Possível atividade contra tumores
Embora ainda haja muito a ser compreendido, estudos preliminares sugerem que o canabigerol pode inibir a proliferação de células cancerosas em vários tipos de câncer, incluindo câncer de mama, câncer colorretal e câncer de próstata.
A inibição da proliferação celular é um mecanismo importante no combate ao crescimento descontrolado do tumor.
O canabigerol demonstrou induzir a apoptose, ou morte celular programada, em células cancerosas.
Isso é importante porque as células do tumor evitam a apoptose, permitindo-lhes sobreviver e proliferar de forma descontrolada.
Ao induzir a apoptose, o canabigerol poderia, possivelmente, ajudar a eliminar as células malignas do organismo.
Além disso, sabe-se que este canabinoide pode inibir a angiogênese.
A angiogênese é o processo pelo qual os tumores desenvolvem novos vasos sanguíneos para fornecer nutrientes e oxigênio.
O canabigerol, no entanto, poderia inibir esse processo, reduzindo assim o suprimento de sangue ao tumor e impedindo seu crescimento e disseminação.
Apesar de tais descobertas serem animadoras, cabe ressaltar que a pesquisa sobre o CBG e seu potencial contra tumores ainda está em estágios iniciais.
Portanto, mais estudos são necessários para confirmar e entender completamente esses mecanismos.
3. Propriedades anticonvulsivas
O canabigerol também é estudado por propriedades anticonvulsivas.
Como você já sabe, o CBG interage com o sistema endocanabinoide do corpo humano, ajudando na regulação de várias funções fisiológicas, incluindo a excitabilidade neuronal.
A ativação dos receptores canabinoides no sistema nervoso pode modular a liberação de neurotransmissores excitatórios, como o glutamato, e inibir a liberação de neurotransmissores excitatórios, como a substância P.
Essa modulação reduz a hiperexcitabilidade neuronal associada a convulsões.
A inflamação crônica e o estresse oxidativo estão implicados na patogênese de distúrbios convulsivos, e o CBG pode ajudar a reduzir esses processos por conta de suas propriedades anti-inflamatórias, protegendo o cérebro contra danos.
O canabigerol também pode exercer seus efeitos anticonvulsivantes através da modulação de canais iônicos, como os canais de sódio e cálcio.
A regulação desses canais pode afetar a excitabilidade neuronal e a propagação de potenciais de ação, reduzindo a probabilidade de ocorrência de convulsões.
Além de sua interação com o sistema endocanabinoide, o CBG influencia a liberação de neurotransmissores, como o ácido gama-aminobutírico (GABA), que é o principal neurotransmissor inibitório no cérebro.
Aumentar os níveis de GABA também ajuda a reduzir a excitabilidade neuronal e prevenir convulsões.
4. Ação sedativa
Ao influenciar os níveis de GABA, o canabigerol não apenas pode prevenir convulsões, como também, promover relaxamento muscular e induzir sonolência, contribuindo assim para a ação sedativa do CBG.
Ele também pode afetar a atividade de outros receptores neurotransmissores, como os receptores de serotonina (5-HT) e adenosina.
A modulação desses sistemas neurotransmissores influencia o estado de alerta e promove uma sensação de relaxamento, favorecendo a indução do sono.
5. Potencial ansiolítico
Por influenciar os receptores de serotonina, o CBG também demonstrou ter propriedades ansiolíticas em estudos pré-clínicos, o que significa que pode ajudar a reduzir a ansiedade.
A ansiedade é uma das principais causas de distúrbios do sono, e ao diminuir os níveis de ansiedade, o CBG pode facilitar a indução do sono e melhorar a qualidade do sono.
Cabe lembrar também de sua influência nos níveis de anandamida.
A anandamida, frequentemente referida como a “molécula da felicidade” devido à sua capacidade de promover sentimentos de bem-estar, é um dos endocanabinoides primários produzidos pelo corpo humano.
6. Potencial atividade para redução da pressão intraocular
Os receptores canabinoides CB1 e CB2 estão localizados em diversas estruturas oculares, incluindo o corpo ciliar e a malha trabecular.
A ativação desses receptores resulta na modulação da expressão e atividade das enzimas e canais iônicos envolvidos na drenagem do fluido ocular.
Esta regulação contribui para a redução da pressão intraocular, aliviando este sintoma em doenças oculares, como o glaucoma.
Além da ativação dos receptores canabinoides presentes nos tecidos oculares, o CBG exibe propriedades anti-inflamatórias que também são úteis na redução da pressão intraocular.
O glaucoma está associado à inflamação crônica e ao estresse oxidativo, que contribuem para danos oculares.
O canabigerol (CBG) contra superbactérias
Talvez os efeitos mais notáveis do canabigerol seja sua atividade antibacteriana.
Em uma pesquisa recente, pesquisadores canadenses testaram a eficácia do CBG contra bactérias resistentes a antibióticos.
E o canabinoide mostrou potencial em eliminar o Staphylococcus Aureus resistente a antibióticos (MRSA) – uma superbactéria comum em hospitais. Os testes, mais uma vez, foram feitos em ratos.
Após isolarem cinco compostos da Cannabis, pesquisadores canadenses constataram a eficiência do CBG em eliminar a MRSA, além de outras bactérias.
O efeito do canabinoide foi semelhante ao da vancomicina, substância normalmente utilizada nesses casos.
A vancomicina, no entanto, pode causar febre, calafrios e flebites associados ao período de infusão.
O estudo indica que o CBG pode interferir na integridade da membrana celular das bactérias.
Em outras palavras, ele pode causar danos à estrutura da membrana, levando à perda de sua integridade e permeabilidade.
O CBG também pode inibir a síntese da parede celular bacteriana.
A parede celular é uma estrutura essencial para a sobrevivência bacteriana, fornecendo rigidez e proteção contra condições ambientais adversas.
O estudo também sugere que o CBG poderia interferir na atividade enzimática bacteriana, induzindo ao estresse oxidativo.
Ao inibir a atividade de enzimas-chave, o CBG pode interromper processos vitais para a sobrevivência das bactérias, como a síntese de proteínas e ácidos nucleicos.
Isso ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e os mecanismos de defesa antioxidantes das bactérias.
O estresse oxidativo pode danificar componentes celulares essenciais, como proteínas, lipídios e ácidos nucleicos, levando à morte celular bacteriana.
O canabigerol e o efeito entourage
Apesar de ser encontrado em pequenas quantidades na Cannabis, o canabigerol pode ter seus efeitos potencializados por outros compostos da planta.
A presença de múltiplos compostos nos medicamentos à base de Cannabis tende a aumentar os efeitos medicinais, conforme observado pelo médico Raphael Mechoulam, conhecido como o “pai da Cannabis”.
Em 1998, Mechoulam e seu colega Shimon Ben-Shabat publicaram um estudo que confirmava a existência desses efeitos, batizados por Mechoulam como “efeito entourage”.
Segundo essa teoria, o sistema endocanabinoide demonstra uma resposta mais eficaz quando exposto a uma variedade de elementos presentes na Cannabis, ao invés de apenas um composto isolado.
Em outras palavras, uma formulação contendo a combinação de canabigerol e outros compostos é mais eficaz do que um produto contendo apenas um desses canabinoides.
Isso se deve à compreensão de que cada elemento exerce efeitos distintos no organismo e, ao isolá-los, limitamos a gama de resultados terapêuticos possíveis.
No entanto, ainda há lacunas na pesquisa científica sobre como a interação entre esses compostos potencializa seus efeitos terapêuticos no organismo, algo que precisa ser mais explorado pela ciência.
Opinião médica sobre o canabigerol: Entrevista com o Dr. Ricardo Ferreira
O Dr. Ricardo Ferreira é ortopedista, especialista em cirurgia de coluna e manejo de dores crônicas.
O médico é um dos precursores na prescrição de derivados de Cannabis no Brasil.
Em entrevista, o Dr. Ferreira diz que o canagiberol seria um precursor natural.
Por isso, para se ter um produto com maior concentração desse canabinoide, seria necessário colher a planta mais verde, antes do tempo: “quer dizer, a mesma planta que produz o THC, se ela for colhida algumas semanas antes, ela vai ser rica em CBG.”
E isso quer dizer, ela é como a célula-tronco desses diversos canabinoides?
“É mais ou menos, ela é um precursor. Não é bem célula-tronco.
Na verdade, os canabinoides vão modificando com o passar do tempo. E o CBG é como se fosse um pré-canabinoide que se transforma em THC e CBD na própria planta num processo biológico.
Então, é como se fosse uma célula-tronco, mas não exclusivamente.”
E por que o senhor acha que, sendo precursor, o CBG tem sido ignorado para a produção de medicamentos?
“Não é que tenha sido ignorado. É que se acreditava que a planta deveria ter um certo grau de maturação para ser colhida, e esse paralelo foi tirado com a Cannabis recreativa.
Tudo que se usa de Cannabis medicinal vem de uma prática empírica recreativa.
Então, na produção recreativa, mesmo produção supostamente medicinal que tinha na Califórnia há bastante tempo, e no Colorado, via-se um momento ideal para fazer a colheita da planta.
Com esse momento ideal, você teria maior volume de planta e, ao mesmo tempo, maior concentração de canabinoides que se queria, o CBD e o THC.
Só que, infelizmente, o CBD e o THC não atendem a todas as demandas.
Tem pacientes que o THC causa efeitos psicóticos, ansiedade, paranoia, e que é bastante comum esse tipo de efeito negativo, tem pacientes que usam CBD para dor, e a dor dele não é aliviada, nem com doses bastante altas.
O CBG é um outro canabinoide que deve ser utilizado em situações especiais, principalmente para aquele paciente que se dá bem no alívio da dor com o THC, mas que tem efeitos psicoativos desconfortáveis.
E para muitos pacientes, é difícil conseguir administrar a dose do THC que promova o alívio da dor, sem deixá-lo chapado.
Para muitas pessoas, os efeitos do THC são positivos, mesmo o psicoativo pode ser positivo: a pessoa sente uma sensação de bem-estar, de prazer, de relaxamento, ou até mesmo uma certa sonolência.
Mas, para outras, o efeito é ruim: de estar fora do seu lugar, de não-pertencimento, aquilo que chamamos de bad trip.
Daí o CBG é interessante justamente para essas pessoas, porque você tem o efeito analgésico semelhante ao do THC, só que sem o efeito psicoativo euforizante. E tem um efeito sedativo mais importante.
Ele é mais efetivo que o THC no ponto de vista da sedação, mas do ponto de vista de ansiedade e paranoia, tem um efeito bem mais reduzido do que o THC.”
Qual o paciente ideal para fazer uso do CBG?
“É o paciente que tem insônia como sintoma principal ou importante para ele.
Ou então um paciente que faz uso do CBD e não funciona bem para ele, que faz uso do THC e funciona do ponto de vista da dor, mas tem um efeito psicoativo ruim.
Daí o CBG é interessante para o período de fim de tarde, noite, pelo efeito sedativo importante.”
Para quem usa o THC e tem o efeito psicoativo negativo da ansiedade, da paranoia, o CBG seria uma opção?
“Ele pode ser uma opção. Na medicina de dor, é sempre tentativa e erro.
Não é que o CBG vai ajudar todo mundo, não é isso, ele tem a possibilidade de ajudar em alguns casos.
Por exemplo, pessoas que utilizam o THC ou o CBD, ou não tem alívio da dor, ou que tem efeito colateral, principalmente com THC que não permita que ela continue utilizando.
Eu também trabalho em uma empresa no Canadá.
Lá, eles têm uma experiência grande de CBG, já tem produtos, tanto extratos quanto a planta in natura, que já são trabalhadas para ter o CBG como canabinoide principal, ou sendo secundário, mas com uma proporção interessante de CBG.
E aqui no Brasil, a gente está iniciando o mercado agora.
Então, as empresas importando, e colocando no mercado primeiro o CBD e o THC e num futuro bem próximo a gente deve encontrar outros canabinoides também.”
Conhece experiências no Canadá que tratam a dor com CBG?
“Sim, com esses critérios que eu falei.
Quando a gente pensa do ponto de vista terapêutico, tratando pacientes com dor, a gente tem que guiar o paciente por um caminho.
Imagina um paciente que nunca experimentou Cannabis, recreativamente ou terapeuticamente. E tem uma dor crônica que não melhora com nada.
A primeira opção para esse paciente é o extrato ou a planta com CBD, por não ter um efeito psicoativo se apresenta mais seguro para esse paciente.
E ele tem um potencial de alívio da dor. De 50% a 60% dos pacientes sentem alívio da dor com CBD.
Quando o paciente não melhora com CBD, aí você adiciona o THC junto, associar os dois ou tirar o CBD, começa com uma dose baixa e vai aumentando progressivamente.
Nesse aumento, se percebeu melhora da dor, mas com efeito psicoativo indesejável – por exemplo, a pessoa passa o dia chapada ou com alterações comportamentais que a incapacitam de ir para o trabalho – assim tem que lançar mão de outras opções: como aumentar o CBD ou usar outro canabinoide.”
O canabigerol (CBG) pode causar efeitos psicoativos?
O canabigerol (CBG), ao contrário de seu parente canabinoide, o THC, é geralmente não psicoativo.
Isso significa que o CBG não tem o mesmo efeito de causar uma sensação de “euforia” associada ao THC.
Os efeitos psicoativos do THC ocorrem principalmente devido à sua interação com os receptores canabinoides CB1 no cérebro.
Estes receptores estão amplamente distribuídos em áreas associadas ao processamento cognitivo, memória, percepção sensorial e humor.
Por outro lado, o CBG tem uma afinidade muito menor por tais receptores e, portanto, não produz os mesmos efeitos psicoativos.
No entanto, alguns estudos sugeriram que doses muito altas de CBG podem ter efeitos sedativos e ansiolíticos, mas esses efeitos não são considerados psicoativos no mesmo sentido que os do THC.
Existem produtos disponíveis no mercado que contenham CBG?
Sim, produtos contendo CBG estão disponíveis no mercado, especialmente em regiões onde a Cannabis é legalizada para uso medicinal ou adulto.
Esses produtos podem incluir extratos de Cannabis que foram cultivadas para ter teores mais elevados de CBG, bem como produtos derivados, como óleos, cápsulas, cremes tópicos e comestíveis.
Essa diversidade de formas de administração oferece opções convenientes para consumidores interessados em experimentar os potenciais benefícios do CBG.
Quanto à disponibilidade no Brasil, a situação é mais complexa devido às restrições legais em torno da Cannabis.
A regulamentação da Anvisa permite o uso medicinal de produtos à base de Cannabis, mas somente sob prescrição médica.
Portanto, no Brasil, existem algumas opções limitadas de produtos à base de Cannabis disponíveis para uso medicinal, alguns dos quais são de espectro completo.
No entanto, a maioria dos produtos de Cannabis no Brasil é baseada em extratos de CBD (canabidiol), com teores muito baixos ou nulos de THC, tornando a escolha de produtos com canabigerol muito limitada.
Portanto, para ter acesso a produtos com canabigerol é necessário importá-los seguindo as regras estabelecidas pela RDC 660/22 da Anvisa
Como iniciar um tratamento médico à base de Cannabis medicinal?
Iniciar um tratamento com Cannabis medicinal pode ser um passo importante para indivíduos que buscam alívio para condições médicas.
No entanto, para que este tratamento seja possível, é preciso buscar orientação de um profissional especializado.
Uma maneira conveniente de encontrar um médico qualificado é através da plataforma de agendamento de consultas do portal Cannabis & Saúde.
O portal serve como uma ponte de conexão entre pacientes e uma rede de mais de 300 profissionais especialistas em Cannabis, que estão disponíveis para oferecer consultas virtuais ou presenciais, dependendo das suas necessidades.
Clique aqui para agendar uma consulta com um médico especializado! Assim, você terá a oportunidade de discutir suas preocupações de saúde, sintomas e objetivos de tratamento.
Durante a consulta, o médico irá revisar seu histórico, realizar uma avaliação completa e fornecer orientações sobre o uso adequado da Cannabis medicinal.
Ao utilizar o portal Cannabis & Saúde, os pacientes podem ter acesso a um processo simplificado para iniciar seu tratamento com Cannabis medicinal, com o apoio de médicos especializados em todo o processo.
Conclusão
Como observado ao longo deste artigo, o canabigerol (CBG) emerge como um composto promissor na família dos canabinoides, apresentando uma gama de vantagens terapêuticas.
Sua habilidade de interagir com diversos sistemas biológicos abre caminho para a exploração de novas terapias medicinais.
Entretanto, apesar das perspectivas encorajadoras dos estudos sobre o CBG, é preciso conduzir mais pesquisas para uma compreensão abrangente dos mecanismos de ação deste composto, bem como sua segurança em diferentes cenários clínicos.
Com o avanço contínuo da investigação, o CBG tem o potencial de se tornar um agente terapêutico de destaque no futuro da medicina, oferecendo tratamento para uma variedade de condições médicas.
Enquanto esperamos por esses avanços, mantenha-se atualizado sobre os benefícios da Cannabis e seus derivados por meio dos artigos disponíveis aqui no portal!