Antes de aprender como cultivar Cannabis, você deve saber que, como outras ervas que surgem no seu jardim, ela cresce velozmente.
Por conta disso, essa planta também é alvo de diversos organismos, desde fungos até animais de estimação, como um gato.
Apesar disso, cultivar Cannabis não é complicado. Complicado é manter a planta saudável até chegar a hora de soltar suas flores.
Mais desafiador ainda é abastecer a planta com todos os nutrientes e criar condições para que ela produza suas flores com a máxima concentração dos canabinoides desejados.
Para alcançar esse objetivo, é preciso considerar diversos pré-requisitos, fazer escolhas criteriosas e adaptar seu plantio às condições específicas da cepa escolhida.
Felizmente, os mais de 10 mil anos de experiência no cultivo dessa planta nos deixaram orientações valiosas sobre como cultivar Cannabis de forma bem-sucedida.
Assim como na jardinagem em geral, o aprender como cultivar Cannabis é uma habilidade que se aprimora com o tempo.
Compreender os princípios fundamentais do cultivo de Cannabis lhe permitirá iniciar sua jornada nesse processo da forma mais estratégica possível.
Portanto, continue conosco neste artigo para se aprofundar no assunto e aprender sobre:
- É permitido o cultivo de Cannabis no Brasil?
- Como cultivar Cannabis: entenda os passos
- Qual é o custo para cultivar Cannabis no Brasil?
- Quanto tempo leva para uma planta de Cannabis crescer e florescer?
- Como controlar pragas e doenças no cultivo de Cannabis?
- Quais são os principais desafios ao cultivar Cannabis no Brasil?
- Os benefícios da Cannabis para fins medicinais
É permitido o cultivo de Cannabis no Brasil?
Atualmente, em todo o território nacional, a Lei antidrogas proíbe o plantio, cultivo, colheita e exploração de produtos à base de Cannabis por conta própria.
Por conta disso, a compra e importação de produtos com finalidade medicinal são feitas mediante à receita médica e autorização da Anvisa.
No entanto, a questão da extração de produtos de Cannabis para uso pessoal é motivo de debate, sendo essencial abordá-la sob uma perspectiva jurídica, considerando-a uma questão de saúde pública no Brasil.
Recentemente, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tomou uma decisão a favor de três pacientes de São Paulo, concedendo-lhes o direito de cultivar Cannabis sativa para extrair óleo medicinal com finalidade terapêutica.
Apesar dessa decisão ser favorável e da tendência de outras instâncias judiciais seguirem o mesmo posicionamento, a liberação ainda depende de ações judiciais, evitando possíveis enquadramentos no artigo 34 da Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006.
Por outro lado, a perspectiva de mudança nesse cenário surge com o Projeto de Lei nº 399/15, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados.
Se aprovada, a Lei permitirá cultivar Cannabis para uso próprio, mediante prescrição médica, como alternativa de tratamento para doenças que não respondem aos produtos farmacológicos disponíveis no mercado.
Em quais casos o plantio de Cannabis é legalizado?
Conforme a legislação estabelecida pela Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006, art. 2º, fica vedado o ato de cultivar a Cannabis.
Por outro lado, quando há necessidade médica do uso da planta, é possível obter autorização judicial para cultivar Cannabis com a proteção de um habeas corpus.
A responsabilidade de autorizar o plantio, cultivo e colheita é atribuída à União, mediante fiscalização.
Nesse contexto, a União realiza a avaliação de cada caso, considerando a condição de saúde, a quantidade de plantas, o local de cultivo, as circunstâncias sociais e pessoais do indivíduo, bem como a conduta e os antecedentes do agente envolvido.
O maior cultivo autorizado de Cannabis no Brasil está localizado em estufas em Campina Grande, Paraíba, a 600 metros de altitude.
Com quatro hectares de plantas com alto teor de canabidiol (CBD) e menos de 0,3% de THC, o plantio pertence à Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança, também conhecida como Abrace Esperança.
Em 2017, essa associação foi a primeira a obter autorização judicial para cultivar, processar e fornecer medicamentos à base de Cannabis aos seus associados.
Atualmente, o país conta com aproximadamente 101 associações semelhantes. Apesar disso, apenas seis delas têm permissão para o cultivo da Cannabis.
Além das associações, mais de duas mil pessoas obtiveram na Justiça habeas corpus para o cultivo pessoal de Cannabis para a fabricação de óleo com finalidade terapêutica.
Habeas corpus para cultivo de Cannabis no Brasil
Habeas corpus é um recurso judicial que pode ser utilizado com o intuito de proteger a liberdade individual, assegurando que ninguém seja detido ilegalmente.
Quando se trata de Cannabis, a solicitação de habeas corpus busca garantir o direito individual de cultivar a planta.
Para isso, argumenta-se que a proibição do plantio viola princípios constitucionais, como a autonomia individual e o direito à saúde.
Alguns pacientes que dependem do uso terapêutico da Cannabis têm recorrido ao judiciário para obter autorização para cultivar a planta em casa.
Em recentes decisões, os membros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm garantido habeas corpus a indivíduos que necessitam cultivar Cannabis sativa para tratar diversas condições de saúde.
O ministro Rogerio Schietti Cruz, por exemplo, deferiu um recurso em habeas corpus para permitir que um homem diagnosticado com ansiedade generalizada cultivasse 354 a 238 pés de Cannabis anualmente.
Assim, o homem poderia extrair as propriedades medicinais da planta para seu próprio uso terapêutico.
No caso em questão, devido à ansiedade, o paciente enfrentava severas dores de estômago e distúrbios do sono desde a infância.
Em 2020, ele iniciou um tratamento com óleo de Cannabis medicinal, prescrito e supervisionado por um médico.
Além do óleo, o médico também prescreveu flores de Cannabis in natura e extratos de THC, os quais só poderiam ser obtidos por meio de cultivo doméstico.
Em sua decisão, o ministro Schietti destacou que a solicitação do paciente não apenas tem respaldo na prescrição médica, mas havia autorização da Anvisa para a importação do canabidiol.
Isso evidenciava que a agência reconheceu a necessidade do paciente em utilizar o produto.
- O que é necessário para solicitar um habeas corpus para cultivar Cannabis?
Caso uma pessoa precise de um habeas corpus para o plantio de Cannabis para fins medicinais, é aconselhável consultar um advogado em direito penal ou políticas de drogas.
O profissional fará uma petição de habeas corpus, fundamentando legalmente a violação dos direitos individuais ou constitucionais pela proibição do cultivo.
Para a elaboração do habeas corpus, a obtenção de uma prescrição médica que ateste a necessidade terapêutica da Cannabis é imprescindível, pois fortalece significativamente o argumento legal.
A prescrição médica para o uso de Cannabis influencia fortemente a decisão do tribunal ao demonstrar a necessidade do cultivo para fins medicinais.
Após a elaboração da petição, ela é apresentada ao tribunal competente, geralmente o Tribunal de Justiça Estadual.
O processo judicial seguirá trâmites normais, e a decisão será tomada com base nos argumentos apresentados.
Por fim, se deferido, o habeas corpus concede a autorização para e orientações sobre como cultivar Cannabis dentro dos parâmetros da Lei.
Como cultivar Cannabis: entenda os passos
Se você recebeu autorização para cultivar Cannabis ou mora em um país onde o cultivo da Cannabis é permitido, o próximo passo é aprender como esse processo funciona.
Aprender como cultivar Cannabis é uma prática milenar que remonta a diversas civilizações antigas.
No entanto, essa prática ganhou maior destaque nas últimas décadas devido aos novos estudos respaldando seus benefícios em aplicações medicinais.
Saber como cultivar Cannabis envolve habilidades específicas, desde a seleção das sementes até a colheita, e requer um entendimento aprofundado das condições ideais de cultivo.
Ter uma compreensão mais profunda da própria planta ajudará você a cultivar a Cannabis da melhor maneira possível.
Veja em mais detalhes como cultivar Cannabis da forma correta:
1. Espaço
A seleção cuidadosa do local para o cultivo da Cannabis é o primeiro passo e representa uma etapa de extrema importância.
Com isso em mente, a primeira consideração a ser feita, respeitando as normativas legais, é a garantia de privacidade.
Assegurar que sua plantação permaneça longe dos olhos e olfatos dos vizinhos, seja em ambientes internos ou externos, é imprescindível.
Portanto, é bom pensar bem antes de plantar Cannabis no jardim ou colocar um vaso com a planta para tomar sol na janela do apartamento.
Para além das considerações legais, a decisão entre o cultivo outdoor (ao ar livre) ou indoor (em ambientes fechados) é uma questão de controle e investimento.
Nos cultivos fechados, é possível manter um domínio preciso sobre cada aspecto do plantio, desde os nutrientes da planta até a luz, umidade, ventilação e temperatura.
No entanto, essa abordagem demanda a aquisição de equipamentos especializados, incluindo luzes a exaustores.
Em alguns casos, você também vai precisar de estruturas adicionais, acarretando custos maiores, inclusive na conta de energia.
Por outro lado, nos cultivos ao ar livre, a Cannabis pode ser integrada harmoniosamente a outras plantas, como a alface da sua horta.
A vantagem é que isso pode ser feito sem a exigência de investimentos financeiros significativos. Todavia, essa abordagem exige um maior empenho e vigilância.
Sem o controle meticuloso que você teria no ambiente fechado, é imperativo monitorar rigorosamente a presença de pragas e doenças, a fim de garantir o florescimento saudável das plantas.
2. Terra
A seleção entre plantio aberto ou fechado está diretamente ligada ao tipo de solo em que a planta será cultivada.
Em ambientes fechados, o cultivo sobre substratos inertes, como misturas de fibra de coco, turfa seca ou vermiculita, é a abordagem mais prática, mas exige a adição de nutrientes através de fórmulas prontas.
Para aqueles que preferem evitar a mistura de fertilizantes químicos com plantas medicinais, o cultivo orgânico é a melhor opção, apesar de demandar mais trabalho.
Além de não existir o risco de errar a mão na dose e matar as plantas pelo excesso, os fertilizantes orgânicos trabalham na contramão dos químicos, pois, no lugar de exterminar, aumentam a vida na terra.
Os nutrientes precisam ser solúveis, ou seja, dissolvidos em água, para serem absorvidos pelas plantas. Os compostos químicos prontos já vêm desse jeito.
Ao inserir os compostos na planta, ela absorve o que necessita e o excedente permanece ali. Em seguida, ele se cristaliza em sais que se tornam tóxicos para o solo.
Por outro lado, os fertilizantes orgânicos, como pó de rocha, húmus de minhoca, torta de mamona ou farinha de osso, não possuem solubilidade.
Eles dependem de uma complexa rede de bactérias, fungos e invertebrados para tornar os nutrientes acessíveis às plantas.
Quanto mais abundante em matéria orgânica o solo for, maior será a atividade desses organismos, proporcionando os nutrientes conforme necessário para o crescimento das plantas.
Ao manter o solo rico em vida e matéria orgânica, o mini-ecossistema resultante também promove a aeração do solo, algo crucial para o cultivo da Cannabis.
Além disso, ele incentiva a produção de açúcares e aminoácidos complexos pela planta, os quais ácaros e insetos não conseguem digerir.
Em contrapartida, os açúcares solúveis gerados nas plantas por fertilizantes químicos tornam-se atrativos para pragas.
3. Luz
A Cannabis teve sua origem na Ásia, numa região de clima temperado, caracterizada por verões com dias longos e invernos frios de dias curtos.
Assim, ela evoluiu para germinar e crescer durante primavera e verão, além de dar flores no outono, quando dia e noite têm praticamente a mesma duração.
O propósito é liberar as sementes antes do inverno, quando as plantas perecem.
As sementes, dotadas de um mecanismo de dormência que as impede de germinar no frio, aguardam para iniciar novamente o ciclo de crescimento na primavera.
O cultivo da Cannabis em casa busca replicar essas condições. Residir em um país de clima predominantemente tropical oferece suas vantagens nesse contexto.
Por aqui, não existe tanta mudança na duração dos dias e noites ao longo do ano. Quanto mais perto da Linha do Equador, menor essa variação.
Já no cultivo em ambiente fechado, é possível criar o ambiente de luz ideal para a planta.
Em geral, são 18 horas de luz direta com seis de escuridão durante o crescimento da planta, chamado de período vegetativo.
Já na época de floração, são 12 horas de luz, para 12 horas no escuro. Dá até para instalar um timer para não correr o risco de esquecer de acender e apagar a luz em momentos errados.
- Quanta luz a planta precisa?
A Cannabis precisa receber, pelo menos, 2000 lumens por pé quadrado (30,48cm x 30,48cm). Isso é o equivalente a um pequeno holofote de iluminação urbana.
Entretanto, quanto mais luz, maior vai ser a taxa de fotossíntese e crescimento da planta.
O ideal é uma iluminação de 7.000 a 7.500 lumens por pé quadrado. Qualquer faixa intermediária entre os dois valores, vai fazer sua Cannabis crescer.
Para isso, existem diversas opções de lâmpadas disponíveis. As mais eficientes são as HPS (alta pressão de sódio) ou HQI (vapor metálico).
O problema é que, além de consumirem mais energia, essas lâmpadas esquentam muito.
Assim, seu plantio acaba demandando sistemas de ventilação ou até de ar condicionado, já que as plantas não toleram temperaturas acima de 30ºC por muito tempo.
Lâmpadas de LED, mais caras, ou fluorescentes, menos eficientes, são outras opções convenientes.
4. Água
A principal consideração relacionada à água no cultivo de Cannabis está relacionada ao pH. O pH do solo influencia a absorção de nutrientes pela planta.
Geralmente, a Cannabis prospera em solos ligeiramente ácidos, com um pH entre 5,8 e 6,8, sendo essencial monitorar isso em cultivos convencionais. O uso de um medidor de pH facilita essa tarefa.
Em cultivos orgânicos, o equilíbrio natural da vida no solo mantém o pH em torno de 6 a 6,5, ideal para o crescimento da Cannabis e da maioria das plantas.
Se o solo estiver degradado ou pouco fértil, a aplicação de calcário, cinzas e pó de osso auxilia no controle do pH.
Além disso, é necessário regular a quantidade de água. A Cannabis não prospera em solos excessivamente úmidos, e aprecia períodos de terra seca ocasionalmente.
Verificar a umidade abaixo da superfície inserindo o dedo no solo é a melhor maneira de manter esse controle.
5. Matéria-prima
A dificuldade em cultivar Cannabis reside em obter sementes. Ainda mais se tratando de sementes selecionadas e cruzadas entre as Cannabis indica, sativa e ruderalis, que contenham exatamente as propriedades e características desejadas.
Então, a alternativa é a importação.
Em 2019, o ministro do STF Celso de Mello emitiu um parecer indicando que a importação de pequenas quantidades de sementes de Cannabis não é considerada crime.
Apesar disso, ainda não existe segurança jurídica o suficiente que permita a importação despreocupada, sob o risco de ter que responder por tráfico internacional de entorpecentes.
Para quem tem a oportunidade de escolher a semente que deseja plantar, o que não falta é opção.
Além das escolhas por cor, aroma ou concentração de terpenos, quando se trata de semente, existem três tipos:
- As regulares, com 50% de chance de a planta ser macho ou fêmea;
- Plantas feminizadas, com 99% de probabilidade de nascerem fêmeas;
- As automáticas feminizadas, que se diferem das outras por não precisarem de um fotoperíodo de 12h de escuridão para florescerem.
Quando uma planta macho e uma fêmea coexistem no mesmo ambiente, a polinização resulta na produção de sementes pela fêmea. Isso reduz a energia dedicada à formação das flores, que é o objetivo final do cultivo de Cannabis.
Por essa razão, quem deseja evitar a produção de sementes geralmente descarta as plantas-macho durante o cultivo, pois quando inicia a produção de sementes a planta reduz a de canabinoides.
Caso você não tenha produzido sementes e deseje continuar o cultivo, uma alternativa é a propagação por estaquia.
Isso envolve essencialmente cortar um pedaço da planta e induzi-lo a enraizar, gerando uma planta com as mesmas características da original.
A desvantagem é que, na propagação por estaquia, a planta não forma uma raiz pivotante que penetra profundamente no solo. Sendo assim, ela se torna uma planta menos resistente.
6. Tratos culturais
Com o ambiente devidamente preparado, é o momento de iniciar o crescimento da planta. Quando a planta atinge três a cinco pares de folhas, conhecidos como nós, é oportuno realizar a poda apical.
Essa técnica envolve a remoção do topo da planta, permitindo que, em vez de produzir flores apenas na haste central, ela desenvolva novas hastes, resultando em uma maior quantidade de flores.
Durante o crescimento, também é preciso remover folhas amareladas, mortas, pequenos brotos na base do caule e pequenos galhos que crescem para baixo a partir dos nós.
Essa prática direciona a energia da planta para a formação de flores, evitando distrações desnecessárias.
É aconselhável realizar as podas preferencialmente durante os dias de lua minguante. Nesse período, a seiva da planta está concentrada nas raízes, otimizando o processo de cicatrização.
Já a colheita é mais eficaz ocorre durante a lua cheia, quando as flores concentram toda a energia da planta, garantindo um produto final de qualidade.
Essas escolhas baseadas nas fases lunares visam aproveitar os ciclos naturais da planta para potencializar seu desenvolvimento e colheita.
Qual é o custo para cultivar Cannabis no Brasil?
O custo para cultivar Cannabis é influenciado por vários fatores, como o método de cultivo, o ambiente e os equipamentos utilizados. Como cada caso é único, não é possível estabelecer um custo único para o plantio da Cannabis.
Por exemplo, plantios indoors podem representar um custo mais elevado do que o cultivo ao ar livre devido à necessidade de equipamentos adicionais.
Então, para ter uma noção do orçamento necessário para cultivar Cannabis, considere o que você precisará comprar para iniciar seu plantio.
Os principais elementos de despesa incluem:
- Sementes ou mudas;
- Substrato de qualidade;
- Nutrientes;
- Iluminação, ventilação e equipamentos de controle de umidade;
- Custos adicionais, como os associados à eletricidade.
A iluminação é outra parte importante do cultivo de Cannabis em ambientes fechados.
Equipamentos como luzes LED ou sistemas de iluminação HID podem superar os R$500, dependendo da potência e eficiência energética que você busca.
Custos associados à eletricidade também precisam ser considerados, especialmente em áreas onde a energia é cara.
Paralelamente, é preciso manter um ambiente de cultivo controlado através de sistemas de ventilação, desumidificadores ou umidificadores.
Portanto, o ideal é que se faça uma pesquisa de mercado para encontrar equipamentos mais em conta. Em algumas lojas online, é possível encontrar kits prontos para o plantio, exigindo apenas que você importe a semente para começar a cultivar Cannabis.
Quanto tempo leva para uma planta de Cannabis crescer e florescer?
Em geral, as plantas de Cannabis passam por duas principais fases de crescimento: vegetativa e floração.
Durante a fase vegetativa, que dura aproximadamente 4 a 6 semanas, as plantas focam no desenvolvimento estrutural, como folhas e galhos.
Em seguida, as plantas entram na fase da floração quando expostas a um ciclo de luz de 12 horas de luz e 12 horas de escuridão. A duração da fase florativa varia, em média, de 8 a 16 semanas.
Portanto, somando as fases vegetativa e florativa, o ciclo completo pode levar de 12 a 22 semanas.
Algumas variedades de Cannabis autoflorescentes, no entanto, têm um ciclo de vida mais curto, podendo florescer em 8 a 10 semanas.
Cabe ressaltar que esta estimativa é baseada em uma planta exposta à boas condições de luz, água, nutrientes e temperatura durante todo o processo de crescimento.
Como saber quando a Cannabis está pronta para a colheita?
Saber qual é o momento ideal para colher Cannabis é essencial para obter os efeitos desejados, uma vez que diferentes fases da planta influenciam na intensidade dos efeitos associados aos canabinoides.
A chave está na observação dos tricomas, minúsculas glândulas de resina nas flores. Inicialmente, eles são transparentes, indicando menor teor de canabinoides e, consequentemente, efeitos mais suaves.
À medida que amadurecem, os tricomas ficam leitosos, sinalizando uma maior concentração de THC e/ou CBD. Este estágio é frequentemente considerado o ponto perfeito para a colheita, pois é nele que a Cannabis proporcionará seus melhores efeitos.
Se alguns tricomas ficarem âmbar, a colheita resulta em efeitos mais relaxantes e sedativos.
A observação detalhada dos tricomas pode ser feita com o auxílio de uma lupa ou microscópio.
Como controlar pragas e doenças no cultivo de Cannabis?
Apesar da maior flexibilidade e dos menores custos associados, o cultivo de Cannabis ao ar livre apresenta diversos desafios, especialmente relacionados a pragas.
Contudo, é possível enfrentá-las de maneira eficaz.
Ao optar pelo cultivo de Cannabis no exterior, os produtores enfrentam um ambiente onde as pragas são parte integrante do ecossistema.
Antes de serem cultivadas, as áreas ao ar livre são habitats naturais para insetos e outras espécies. Para mantê-los afastados, utiliza-se práticas de Manejo Integrado de Pragas (IPM).
A abordagem IPM é simples, com o uso de redes de proteção sendo uma das estratégias mais recomendadas.
Colocar redes ao redor do plantio cria uma barreira física, impedindo que insetos usem o solo como habitat e depositem ovos no local. Isso protege as plantas de pragas como lagartas e insetos voadores.
Outra prática IPM é o plantio complementar, que consiste em cultivar espécies específicas de plantas nas proximidades da Cannabis.
Plantas com óleos essenciais pungentes podem repelir insetos, enquanto outras atraem predadores naturais benéficos. Por exemplo, o endro atrai joaninhas, conhecidas por controlar populações de pulgões.
Em todo caso, a prevenção de pragas é muito mais fácil do que lidar com pragas existentes.
Portanto, realize constantemente observações detalhadas, preferencialmente pela manhã ou no final do dia, a fim de detectar sinais precoces de problemas.
Garantir a saúde vegetal da sua planta é outro ponto importante. Fornecer nutrientes adequados, água e luz às plantas contribui para a resistência a doenças, criando um ambiente desfavorável para o desenvolvimento de insetos e pragas.
Quais são os principais desafios ao cultivar Cannabis no Brasil?
Como você aprendeu, cultivar Cannabis no Brasil enfrenta desafios principalmente devido à proibição legal do uso da planta.
No entanto, questões climáticas variadas e a necessidade de tecnologias específicas para otimizar o cultivo indoor ou outdoor são outros fatores que influenciam o plantio da Cannabis.
Em geral, as altas temperaturas e a umidade comuns no Brasil favorecem o desenvolvimento de fungos e pragas, exigindo cuidados específicos e técnicas de cultivo.
A disponibilidade de sementes de qualidade é outra limitação. Devido às restrições legais, a obtenção de sementes certificadas pode ser difícil, levando os cultivadores a dependerem da importação.
Por fim, os produtores também sofrem com a falta de acesso a variedades geneticamente estáveis, o que impacta a consistência e qualidade da colheita.
Quais são as melhores variedades de Cannabis para o cultivo no Brasil?
Se você recebeu permissão para cultivar Cannabis, é porque certamente possui alguma indicação médica para tal.
Portanto, a escolha da melhor variedade depende das suas necessidades específicas e das condições de cultivo.
A Cannabis indica é apropriada para quem busca um efeito relaxante, ideal para quem está tratando dores crônicas, insônia e condições relacionadas ao relaxamento muscular.
Por outro lado, a variedade sativa tende a oferecer efeitos mais energizantes e estimulantes, sendo preferíveis para condições que demandam foco mental, como transtornos de atenção e depressão.
A ruderalis, embora menos comum, é apreciada por sua resistência e ciclo de vida rápido.
Algumas variedades híbridas combinam características de diferentes espécies para proporcionar benefícios extras, como uma mistura equilibrada de efeitos relaxantes e energizantes.
No entanto, quando olhamos apenas para o cultivo, a Cannabis indica tende a ser mais adequada devido às suas características físicas.
As plantas indica são geralmente mais compactas, o que facilita o cultivo em espaços limitados e proporciona maior discrição. Elas também possuem um ciclo de floração mais curto, permitindo colheitas mais rápidas.
A resistência natural da Cannabis indica também é uma vantagem, uma vez que são mais adaptáveis a diferentes condições climáticas. Isso é particularmente interessante considerando a diversidade de climas no Brasil.
Por outro lado, as outras variedades de Cannabis também apresentam seus próprios benefícios.
A variedade sativa, por exemplo, tem uma estrutura de crescimento mais alta, sendo ideal para plantio em espaço vertical.
Quanto à ruderalis, possui ciclo de vida rápido e grande resistência, sendo vantajosa para cultivadores que buscam uma colheita mais rápida e lidam com condições ambientais desafiadoras.
Os benefícios da Cannabis para fins medicinais
Contendo mais de 500 compostos, dos quais pelos menos 100 são canabinoides, a Cannabis possui um vasto arsenal de propriedades que justificam seu uso no âmbito medicinal.
Seus principais canabinoides incluem o THC, ligado à atividade psicoativa, e o canabidiol (CBD).
Além destes, a Cannabis possui diversos outros compostos que exercem efeitos terapêuticos ao interagir com o sistema endocanabinoide do corpo humano.
O sistema endocanabinoide é um sistema neuromodulador essencial para a homeostase, constituído por receptores, endocanabinoides e enzimas.
Ele influencia centenas de processos fisiológicos, entre os quais:
- Equilíbrio energético;
- Estimulação do apetite;
- Controle da pressão arterial;
- Modulação da dor;
- Controle de náuseas e vômitos;
- Melhoria do humor;
- Otimização da função cognitiva;
- Modulação da resposta imune.
Evidências apontam que a disfunção do sistema endocanabinoide está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento de condições patológicas, como doenças neurológicas, bem como síndromes metabólicas e câncer.
Por interagir com o sistema endocanabinoide, a Cannabis se torna uma ferramenta terapêutica efetiva para a prevenção e tratamento dos sintomas associados a estas condições.
Por exemplo, ela pode ser utilizada como complemento no tratamento do câncer. Além disso, por ter um notável poder analgésico e anti-inflamatório, é útil para gerenciar condições inflamatórias e dolorosas.
No cenário emocional, a Cannabis é prescrita para atenuar transtornos de estresse pós-traumático e distúrbios de ansiedade.
A presença de receptores canabinoides nos olhos também sugere benefícios terapêuticos contra doenças oculares.
Considerando a relevância desse sistema e o reconhecido potencial dos canabinoides, já existem medicamentos à base de Cannabis aprovados em diversos países.
A nabilona e o dronabinol receberam a aprovação da FDA para tratar náuseas e vômitos associados à quimioterapia, anorexia, dor relacionada ao câncer, espasticidade e outros sintomas da esclerose múltipla.
Também existem medicamentos à base de canabidiol, usados para tratar transtornos convulsivos, como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut.
Quais estudos apontam benefícios terapêuticos da Cannabis?
Existem centenas de evidências favoráveis ao uso de Cannabis em diversas condições.
Por exemplo, um estudo intitulado “Assessment of Medical Cannabis and Health-Related Quality of Life” entrevistou 3148 pacientes a respeito de melhorias notadas em sua qualidade de vida após o início do tratamento com Cannabis medicinal.
O objetivo do estudo era avaliar se os pacientes utilizando Cannabis medicinal sentiram melhorias prolongadas na saúde e qualidade de vida em geral.
Realizado em clínicas médicas especializadas em toda a Austrália, o estudo incluiu pacientes tratados para várias indicações entre 2018 e 2022, com um acompanhamento médio de 44 dias.
Para conduzir o estudo, os pesquisadores utilizaram um questionário contendo 36 ítens, agrupados em 8 categorias distintas, abrangendo:
- Limitações em atividades físicas devido a problemas de saúde;
- Limitações em atividades sociais devido a problemas físicos ou emocionais;
- Impedimento ao realizar atividades usuais devido a problemas de saúde física;
- Dor corporal;
- Saúde mental geral (incluindo sofrimento psicológico e bem-estar);
- Impedimentos em atividades usuais devido a problemas emocionais;
- Vitalidade (energia e fadiga);
- Percepções gerais sobre a saúde.
A análise das respostas dos entrevistados revelou que quase todos os pacientes tiveram melhorias em todos os pontos citados acima.
No geral, os participantes relataram melhorias consistentes nos sintomas das condições para as quais a Cannabis havia sido indicada, tanto a curto quanto a longo prazo.
A dor crônica foi a indicação mais comum para o uso de Cannabis, cujo a melhoria foi obtida em 68,6% dos entrevistados.
Outras indicações incluíram o tratamento adjuvante para sintomas de câncer (6%), insônia (4,8%) e ansiedade (4,2%).
Eventos adversos foram pouco relatados, mas raramente eram graves.
Por fim, os pesquisadores concluíram que a Cannabis é capaz de promover melhorias a curto e longo prazo na qualidade de vida de pessoas que utilizam a planta para fins medicinais.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?
Iniciar um tratamento com Cannabis medicinal no Brasil ainda é uma jornada permeada por desafios, sobretudo devido às restrições legais existentes.
Diante desse cenário, a dificuldade em encontrar profissionais prescritores no país é agravada pelas barreiras regulatórias.
Contudo, o portal Cannabis & Saúde surgiu como uma ferramenta para facilitar a conexão entre profissionais que prescrevem Cannabis e pacientes que precisam deste tratamento.
O portal reúne uma rede robusta de mais de 300 profissionais de diversas áreas, estabelecendo-se como uma ponte confiável para quem busca orientação sobre o tratamento com Cannabis medicinal.
Se você está considerando iniciar um tratamento com Cannabis medicinal, marque uma avaliação aqui e dê o primeiro passo em direção a um tratamento altamente eficiente e orientado por especialistas.
Conclusão
A Cannabis possui propriedades medicinais que podem trazer grandiosos benefícios à saúde quando utilizada de maneira consciente e sob orientação adequada.
E, como você viu ao longo deste artigo, é possível realizar um cultivo responsável de Cannabis, respeitando a Lei, embora o processo seja mais burocrático no Brasil.
Através das técnicas e dicas sobre os cuidados necessários para cultivar Cannabis, esperamos ter fornecido informações valiosas aos entusiastas e cultivadores.
No entanto, sua jornada de conhecimento sobre Cannabis não acaba aqui! Explore mais artigos no portal Cannabis & Saúde e aprofunde-se nas diversas facetas e benefícios associados à essa planta.
Juntos, podemos contribuir para uma abordagem mais informada e responsável em relação ao cultivo e uso dessa planta fascinante!