Estudos indicam que o sistema endocanabinoide (SEC) pode desempenhar um papel importante no transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), já que ele regula algumas funções cerebrais que costumam estar alteradas no transtorno, como a atenção, memória e controle de impulsos. Por isso, cientistas ao redor do mundo investigam como o tratamento com medicamentos à base de Cannabis poderia complementar os tratamentos já existentes para o TDAH.
Os compostos da Cannabis, chamados canabinoides, interagem com o SEC, proporcionando efeitos terapêuticos para diversas condições de saúde.
Nesse sentido, um estudo realizado por cientistas norte-americanos analisou evidências clínicas e pré-clínicas para entender a relação entre SEC e TDAH, além de investigar a eficácia de medicamentos com Cannabis para complementar o tratamento convencional para o transtorno.
Entendendo o sistema endocanabinoide
O sistema endocanabinoide funciona no nosso como um maestro em uma orquestra, coordenando cada instrumento dessa grande banda para criar uma música harmoniosa.
A comunicação entre o SEC e o corpo acontece por meio de mensageiros químicos chamados endocanabinoides e receptores, que recebem as mensagens. Essas mensagens ajudam a regular diversas funções, como:
- Sono: regulando os ciclos de sono e vigília;
- Apetite: influenciando a vontade de comer;
- Dor: regula a percepção da dor;
- Humor: pode influenciar o humor e o bem-estar;
- Memória: influencia nos processos de aprendizado e memória.
Estudos anteriores sugerem que problemas no sistema endocanabinoide podem estar ligados a condições como asma e transtorno do espectro autista. Agora, a análise dos cientistas norte-americanos se concentrou nas possíveis relações com o TDAH.
Tratamentos com medicamentos com Cannabis para o TDAH
Voltando à analogia musical, no transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, há um ou mais instrumentos tocando notas erradas ou que simplesmente pararam de tocar, tornando a música caótica e desafinada. O maestro tem dificuldade para coordenar a orquestra e atrapalha inclusive os músicos que estão dentro do tom.
Muitas pessoas com TDAH relatam benefícios ao usar produtos derivados da planta, como maior capacidade de concentração de menos oscilações de humor, sugerindo que os medicamentos à base de Cannabis poderiam ajudar esse maestro a reorganizar a orquestra.
Resultados promissores, mas mais estudos são necessários
De acordo com o estudo, os principais canabinoides encontrados na Cannabis, o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), causam efeitos diferentes em pacientes com TDAH. O THC reduziria a impulsividade em algumas pessoas, porém pode prejudicar outros fatores como a memória e o aprendizado.
Em estudos clínicos, o uso combinado de CBD e THC em proporções iguais não mostrou efeitos significativos na redução dos sintomas de TDAH, mas trouxe melhorias em outras condições associadas, como a ansiedade.
Esses resultados reforçam que o TDAH se manifesta diferente de pessoa para pessoa, assim como os efeitos dos medicamentos com Cannabis. Portanto, mais estudos são necessários para desenvolver tratamentos específicos à base de canabinoides, como os cientistas mencionaram na conclusão do estudo.
“Embora estudos pré-clínicos indiquem um papel potencial do sistema endocanabinoide na regulação de funções neurocognitivas comumente desreguladas no TDAH, os dados clínicos permanecem escassos, tornando desafiador tirar conclusões definitivas.
Estudos mais rigorosos e abrangentes são necessários para entender completamente a segurança e a eficácia das terapias com canabinoides em indivíduos com TDAH.”
Depoimentos de pessoas que usaram medicamentos com Cannabis para tratar o TDAH
Na nossa sessão “Histórias dos pacientes”, contamos o ponto de vista de pessoas que tiveram a vida transformada após incluir medicamentos com Cannabis no tratamento. Lá, contamos a história de dois pacientes que buscaram nos canabinoides um complemento à abordagem convencional que trouxe diversos benefícios e poucos efeitos colaterais.
Amanda Gurgel
A psicóloga Amanda Gurgel foi diagnosticada com TDAH e também desenvolveu ansiedade e depressão, afetando consideravelmente sua qualidade de vida e bem-estar. Após o início do tratamento ela nos contou como passou a se sentir.
“A principal diferença é que eu não me sinto mais letárgica. Estou dormindo melhor, fiquei mais tranquila, menos cansada, e reduziu a irritabilidade e a ansiedade. Acordo bem e consigo desenvolver um bom dia e fazer as coisas que eu me propus.”
Leia aqui a história completa da Amanda.
Lucas Bechelli
O caso do Lucas é especial porque ele foi além dos canabinoides mais conhecidos e incluiu um canabinoide menor no tratamento, o canabigerol (CBG). Para ele, a inclusão do CBG e do CBD foi um divisor de águas.
“Eu voltei a ter uma vida de verdade, de qualidade. Hoje, eu tenho qualidade de vida, coisa que eu não tinha antes. Eu teria que escolher qual mal eu queria conviver: se eu queria sofrer com déficit de atenção e impulsividade ou ansiedade de travar, de congelar, de não conseguir viver uma rotina de trabalho um pouco mais intensa. E hoje eu posso dizer que vivo com tranquilidade, fazendo esses tratamentos e sem ter que comprometer outras partes da minha saúde também.
E, de fato, eu senti muita diferença principalmente no TDAH e na minha dor. Parece que antigamente eram várias linhas de raciocínio ao mesmo tempo se embolando. Hoje, eu consigo olhar o que eu estou pensando, eu consigo dar um passo para trás e ver, tem uma linha de raciocínio.”
Leia aqui a história completa do Lucas.
Como iniciar um tratamento complementar com a Cannabis para o TDAH
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